quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Campanha "Devolva o sorriso de um sanfoneiro"

Conversando, ontem, com o jovem poeta Cineas Santos, ele sugeriu que o ladrão da sanfona, se pego, fosse capado com uma faca cega. É muita moleza, meu poeta! Refresco de cajuína até. Roubar uma sanfona de um pobre velhinho é crime hediondo. O autor da repugnável proeza merece sim, ser capado, à moda antiga de capação de boi: prende os quibas num barrote e mete o cepo até ele parar de gritar. Garanto que ele vai chorar toda vez que ouvir o som de uma sanfona, mesmo as sintetizadas.

Do interior do Piauí recebi o seguinte e-mail:

"Prezados(as) amigos(as),

Ficamos felizes pela solidariedade manifestada por todos vocês ao mestre Carlitos. A fim de vocês poderem fazer suas contribuições, bem como colaborar na divulgação da campanha entre amigos, envio o número da conta poupança, conforme solicitado pelo Professor Cineas Santos.

Conta Poupança nº 24954-8, Variação 1, Agência nº 0519-3, Banco do Brasil.

Um abração e muitas realizações no ano novo!

Prof. Gonçalo Carvalho Filho

Não abrimos conta na Caixa porque aqui só temos lotérica, e por entendermos que o Banco do Brasil está em quase todo lugar!

Veja só: O Delso acaba de nos informar o valor arrecadado até a presente data na conta aberta em favor da campanha "Uma Sanfona Nova pra seu Carlitos"!, R$ 749,85. Mas, temos novidades boas: os jovens envolvidos na campanha, segundo eles me comunicaram, já angariaram R$ 300,00 e vários produtos junto ao comércio local!..

Um abraço,

Gonçalo."


Vamos ajudar, meu povo! Qualquer quantia é uma grande ajuda.






terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Cineas Santos - Um velho sanfoneiro chora


De Seu Carlitos da Sanfona

“Quem roubou minha sanfona, eu bem sei, foi alguém sem coração”. Luiz Gonzaga

No início da década de 90, a Argentina vivia uma aguda crise econômica. Nossos orgulhosos hermanos baixaram a crista. Uma noite, vi na TV uma cena que me deixou profundamente triste. Diante de uma casa de penhor, em Buenos Aires, um grupo de velhos músicos tentava levantar alguns trocados deixando “no prego” seus instrumentos musicais. Entre guitarras rotas e violinos ensebados, figuravam alguns bandoneons que, como se sabe, são a alma do tango. Naquela noite, dormi mal. No dia seguinte, escrevi: quando um músico é obrigado a penhorar seu instrumento de trabalho, na verdade, ele está penhorando a própria alma. Continuo pensando da mesma forma.

Eis que, na semana passada, experimentei a mesma incômoda sensação. Recebi um e-mail do prof. Gonçalo Carvalho, mentor do Projeto Encantadores do Sertão, dando conta do furto da sanfona do mestre Carlitos, o decano dos sanfoneiros de São João do Piauí. Minha primeira reação foi de absoluto destempero: Meu irmão, temos de encontrar esse desinfeliz e castrá-lo com faca cega para que não tire raça ruim. A bravata era só uma tentativa de driblar a tristeza que me corroía a alma. Mestre Carlitos, aos 88 anos de idade, caminha com dificuldade, mas sentado, com a sanfona nos joelhos, ainda é capaz de animar um forró. Este ano, coube a ele e ao pequeno Isac, de apenas 8 anos de idade, abrirem o Festival de Sanfona de São Raimundo Nonato, um duo que emocionou a plateia. Muito animado, o velho sanfoneiro falou de sua alegria de estar ali “alegrando tanta gente”. A sanfona furtada, uma velha Todeschini, presente de um genro, o acompanhava há 25 anos. Juntos, animaram casamentos, batizados, quermesses, reisados e forrós. Desde o dia do furto, 10 de dezembro, mestre Carlitos só tem olhos para chorar.

Indiferente ao sofrimento do velho, o larápio pervaga por aí à caça de novas presas. O que distingue um ladrão de uma pessoa decente é, entre outras coisas, a absoluta ausência do sentimento de piedade. Por oportuno, vale lembrar que, no auge da carreira, Luiz Gonzaga teve sua sanfona furtada por um vagabundo qualquer. Como tinha fama e milhares de fãs e amigos, o velho Lu ganhou uma soberba sanfona branca onde fez gravar a frase: “Sanfona do povo”. O episódio rendeu-lhe uma bela toada cujo refrão diz: “Quem roubou minha sanfona peço não faça de novo!/ pois esta sanfona bela que eu estou tocando nela é a sanfona do povo”. O Rei do Baião poderia comprar quantas sanfonas quisesse; mestre Carlitos, não. Além disso, seus amigos - pobres como ele - não poderão ajudá-lo.

Em momentos assim, lamento profundamente não ter ficado rico, o que não me impede de encabeçar uma lista de pobretões para juntarmos nossos caraminguás e comprar uma sanfona nova para o mestre Carlitos, um cidadão que, ao longo da vida, dedicou-se a produzir beleza. Os que desejarem integrar esta corrente solidária que se habilitem. Como cantam os cegos de feira: “O pouco com Deus é muito”.

Assim seja.


segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Carlos Vilhena - Natal

De Natal - Graça Vilhena

Jeane Hanauer entrevista o poeta Omar Ellakkis

Show de bola! Com nova roupagem, ou seja, usando as estantes da Kunda Livraria de Foz de Iguaçu como estúdio de gravação, e com a apresentadora Jeane Hanauer livre, leve e solta como deve ser o bom entrevistador, o Programa Repertório  vai ao ar desta vez exibindo a entrevista do médico e poeta, ou poeta e médico, Omar Ellakkis, membro da Academia de Letras de Foz do Iguaçu. Além de falar de como conciliar medicina e literatura, Ellakkis também fala aos internautas sobre a etnia e a trinacionalidade de Foz de Iguaçu.


Apresentação: Jeane Hanauer
Produção: TVCOM FOZ (Foz do Iguaçu - PR)
Transmissão: NET canal 98 e TVA canal 99.
Exibição: domingos, 17h. Reprises: terças, 21h30 e quintas, 13h