sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Leituras inesquecíveis V:

A literatura de lazer e o papel das bibliotecas em minha vida

Por Edna Lopes

De Escritor Aleilton Fonseca Visita Biblioteca Pública Antonio Torres






“Tudo é mentira. Ao mesmo tempo, tudo é verdade, tanto que após a viagem, que alguns chamam leitura, o leitor, se tiver sorte, pode ficar compreendendo um pouco melhor sua própria vida, as outras pessoas e as coisas do mundo." Ricardo Azevedo


Desde que me lembro, convivo com um problema comum, mas não muito confortável para um ser humano: a insônia. Invejo, de verdade, quem tem um sono fácil, quem mal escurece já procura um canto e dorme.

Ao final da adolescência, quando o problema se agravou, um sábio médico, ao observar o que lia, proibiu-me terminantemente de ler “coisas sérias antes de dormir" e foi aí que entraram em minha vida os ícones da chamada “Literatura cor-de-rosa”, as SABRINAS, JÚLIAS, BIANCAS e afins, como também os romances de amor de Sidney Sheldon, de Danielle Steel, de espionagem e, vez ou outra, a literatura de terror, especialmente os clássicos, Mary Shelley, Bram Stoker, Stephen King.

No universo dessa “literatura de lazer ou literatura de massa”, destaco o gênero policial, especialmente Agatha Christie, minha autora favorita. Ao final dos anos oitenta já não tinha mais paciência para a “literatura para moças” e seus personagens maravilhosos encheram minhas noites de alegria. Hercule Poirot, Miss Marple eram meus bons companheiros de aventura e eu devorei toda a estante da biblioteca do SESC de Maceió dedicada à autora.

Somos acusados, não sem razão, de sermos um país de poucos leitores. O per capita de leitura do Brasil é de, em média 4,7 livros por habitante (os dados anteriores eram de 1.8), o dos EUA fica entre 05 e 07, o da Europa entre 08 e 10 e de Cuba, 13.5. Pergunto-me se, em suas atividades cotidianas, os autores, os educadores como agentes de letramento, articulam algum tipo de estratégia para que mais crianças e jovens, mais adultos, mais comunidades tenham acesso a leitura, especialmente ao livro.

Há bons acervos literários nas escolas públicas desse país e a escola tem papel fundamental na difusão do livro. Está mais do que provado que milhões entram em contato com alguma prática de leitura através dela e não devemos negligenciar isso. Fico muito triste quando constato o desinteresse pela leitura de muitos colegas professores. Como incentivar o que não é prática em suas vidas?

Quando algum deles retruca que ganha mal, que livro é caro, eu pergunto se conhecem o acervo da escola, se frequentam bibliotecas, se acessam internet e conhecem as bibliotecas digitais. Nem preciso repetir aqui as respostas.

É bom comprar livros, mas há também boas bibliotecas públicas nesse país. Sou frequentadora, sempre que possível, dos espaços das bibliotecas especialmente, na aquisição da literatura de lazer, além da troca entre amigos e visita aos sebos. Numa revisão rápida, não consigo imaginar que, se não fosse através da escola e das bibliotecas eu teria acesso a tudo que li desde a infância até a vida adulta.

A leitura em minha vida tem um papel determinante. Seguramente não seria quem sou sem o auxílio luxuoso de cada livro que li, de cada autor ou autora com quem entrei em contato através das minhas inesquecíveis leituras.

DENTRO DO LIVRO

Tem partida,
tem viagem,
tem estrada,
tem caminho,
tem procura,
tem destino,
lá dentro do livro

Tem princesa,
tem herói,
tem fada,
tem feiticeira,
tem gigante,
tem bandido,
lá dentro do livro.

Quanto mito,
quanta lenda,
quanta saga,
quanto dito,
quanto caso,
quanto conto
lá dentro do livro.

Tem tragédia,
tem comédia,
tem teatro,
tem poesia,
tem romance,
tem suspense
lá dentro do livro.

Tem passado,
tem presente,
tem futuro,
tem moderno,
tem velho,
tem o novo
lá dentro do livro

Tem verdade,
tem mentira,
tem juízo,
tem loucura,
tem ciência,
tem bobagem
lá dentro do livro.

Tem estudo,
tem ensino,
tem lição,
tem exercício,
tem pergunta,
tem resposta
lá dentro do livro.

Quanta regra,
quanta norma,
quanta ordem,
e quanta lei,
quanta moral,
quanto exemplo
lá dentro do livro

Tem imagem,
tem pintura,
tem desenho,
tem gravura,
tem estampa,
tem figura
lá dentro do livro

Tem desejo,
tem vontade,
tem projeto,
tem trabalho,
tem fracasso,
tem sucesso
lá dentro do livro

Quanta gente,
quanto sonho,
quanta história,
quanto invento,
quanta arte,
quanta vida
há dentro de um livro.

Ricardo Azevedo, escritor e ilustrador paulista, é autor de mais cem livros para crianças e jovens.

*Parte dos dados é da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil encomendada pelo Instituto Pró-Livro ao Ibope Inteligência, em 2008.

Um comentário:

Paula: pesponteando disse...

visite tbm o blog

www.aleilton.blogspot.com

abraços