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segunda-feira, 4 de setembro de 2023

Enquanto a chaleira não chia

Eu queria desvendar o segredo

De gravar os versos que não te fiz,

De sentir o gosto do teu batom

Nas palavras que não se diz.


Consumir o oxigênio ardente

Da tua boca que não beijei

Provocar o rubor pálido

Na ponta aguda do teu nariz.


Procurei os alquimistas. Otimista

Com suas fórmulas universais...

Vieram os druidas e seus caldeirões

De  porções mágicas e segredos vegetais.

Vieram até as bruxas do amor

(no meu poema há bruxas, não deusas)

E suas verdades quânticas...


Nada me revelaram e ainda surrupiaram cem!


E os versos que não te fiz,

As palavras que não te falei,

O beijo que não te dei,

O rubor pálido de teu nariz

Foram arrastados pela enxurrada

Das lágrimas que não chorei.

Mainha sem mim

Hoje é dia de mainha.

Mas mainha, sem mim, 

seria apenas ela sem mim

e até agradeceria a Deus

ou ao santo de sua devoção,

nunca ter me tido

numa noite primaveril

e acabado com seus sonhos de Verão.


Mas a dúvida que a atormentaria

seria nunca saber o que ela fez

na Primavera passada e engomada

de séculos pretéritos.


E, como o dito acima,

Mainha sem mim,

Seria apenas ela sem mim,

porque os outros dez irmãos,

teimosos como são, 

teriam nascido de qualquer jeito

e lamentariam eu não ter nascido

numa noite de Verão.


Mainha sem mim,

seria apenas uma mãe

sem ter histórias a contar.


A fada

Era uma vez uma bruxinha

Sem o caldeirão das maldades,

Sem vassoura a diesel,

Sem asas para voar.


Mas voava.


O céu era o limite, 

Mas seus sonhos eram etéreos.