quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Ecos do Salipa - Cineas Santos


De 2º Salipa


“Não se nasce para ontem” – Salgado Maranhão

Não por acaso, abro este arremedo de crônica usando como epígrafe o belo verso de Salgado Maranhão. Parnaíba precisa, com a maior urgência, livrar-se dos fantasmas de Simplício Dias e de outros figurões que, no passado, fizeram-na “rica e gloriosa”.Não se está pedindo aos parnaibanos que esqueçam os vultos históricos que enobrecem as origens da cidade. O que se lhes pede é que se louvem na lição de Mário de Andrade: “O passado é lição para se meditar, não para reproduzir”.

Louvo, pois, com imensa alegria, iniciativas como a realização do Salão do Livro de Parnaíba que, em sua segunda edição, já se configura como um divisor de águas na vida cultural da cidade. De tudo o que vi o mais animador foi a sede do novo que anima os parnaibanos. A plateia, constituída em sua maioria de jovens professores e estudantes, participou ativamente de tudo, com o entusiasmo dos que apostam no futuro. Para ilustrar o que digo, citarei apenas um exemplo: no início da palestra da superintendente do IPHAN no Piauí, Diva Figueiredo, faltou luz. Era de se esperar uma debandada geral. A plateia, numa demonstração de civilidade, não arredou pé do auditório. Outro incidente, bastante revelador, foi o lançamento do livro de um dos figurões da terra. Depois da bela conferência da filósofa e romancista Márcia Tiburi, antes que o público pudesse manifestar-se, alguns organizadores do evento exigiram que a moça, muito solicitada pela plateia, saísse do auditório para que se realizasse o lançamento. A jovem escritora saiu e, com ela, a plateia inteira. O mais não posso dizer porque também saí...

A 2ª edição do Salipa, bancada pela Prefeitura de Parnaíba, teria custado ao município apenas 60 mil reais, dinheiro insuficiente para contratar uma dessas bandas de forró do Ceará. E por falar em forró, parte musical do evento contou com a presença de Soraia Castelo Branco e Patrícia Melodi, para citar apenas duas das muitas atrações. Mais que uma simples feira de livros, o Salipa foi uma bela mostra da multifacetada cultura parnaibana. Literatura, música, dança, teatro, artesanato e culinária, tudo misturado num caldeirão cultural com sabor de “queremos mais”.

Marcaram presença na festa do livro, entre outros, os escritores Salgado Maranhão, Márcia Tiburi, Ondjaki, Assis Brasil, Manoel Domingos, Fonseca Neto, Diva Figueiredo e a fina flor da intelectualidade parnaibana. Com sua beleza arquitetônica, com o apelo do mar, do Delta, do clima e, principalmente, com simpatia de sua gente luminosa, Parnaíba poderá, em curtíssimo espaço de tempo, realizar o mais belo salão de livros do Piauí. Assim seja.