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sexta-feira, 2 de março de 2012

Leila Barros - Como é bom ser mulher!

Ah!... como é bom ser mulher, existem tantas vantagens em relação aos homens!...
Muita calma nessa hora! Não fui eu quem afirmou isso! Essa foi a frase que um amigo muito querido proferiu um dia desses. Fiquei pensando nessa frase e resolvi refletir sobre essas vantagens femininas que ele acha que as mulheres possuem.
É... até que pode ser...reflitamos:
Mulheres podem se vestir com um terno, sem serem importunadas ou sem causarem constrangimento.
Uma mulher pode dirigir caminhão, ou casar virgem e toda delicada... e de branco e ter muitos rebentos.
Essa coisa de poder dar a luz...gerar vida, parece muito bom...
E no requisito das vaidades então, o campo é vasto e ninguém vai contestar que é coisa de metrossexual... Esmalte azul, batom vermelho, cabelo loiro...preto, quem sabe lilás?
Homem não pode...ah... O cartunista Laerte pode, ele pode, porque tem peito e muita atitude para isso!
Se uma mulher tem seios pequenos e não gosta, vai ao supermercado (perdão, eu sei que não se compra seios em supermercado) e compra logo uns quinhentos mililitros de silicone ou vai a uma clínica de cirurgia plástica e resolve a questão em algumas horas. E pronto, já está se sentindo uma diva da TV.
O pior é se ela conhece um cidadão da geração Y, muito rapidinho, muito prático e que gosta de mulheres cultas, magérrimas e quase sem peitos...Lá vai ela na clínica de cirurgia plástica e tira o silicone e fica com os seios menores.
Se está meio gordinha e com pneus, vai ao doutor cirurgião e corta logo fora a barriga, os glúteos e os culotes. Aí, ela se esbalda, faz lipoescultura, estica, retira, remove. Tem umas que até tiram a costela fora para ficar com a cintura bem fininha. Mas aquelas que não podem fazer cirurgia, asfixiam-se nos corseletes.
Se a boca é pequena, Botox nela. Se a pálpebra caiu, corta e estica e injeta outro líquido de ácidos compostos sei lá do quê.
Se não fizer tudo isso, não é olhada, não é admirada e nem cultuada. E os machões afirmam: Abaixo as feias, as despeitadas (literalmente falando), as desbundadas e as rugas malfazejas.
Se a mulher possui muitos neurônios em evidência arranca suspiros dos nerds, dos inteligentes, dos jornalistas... Se possui tudo isso e ainda é charmosa, faz a banca de deputados cair das cadeiras.
Ah...se a mulher sabe sambar e pode usar biquíni e um penacho na cabeça, ela já pode ser madrinha de bateria de escola de samba.
Tem capacidade para carregar peso, mas pode também pedir para um gentil cavalheiro com musculatura avantajada carregar esse peso para ela.
Pode cozinhar e lavar a louça, mas pode pedir com aquele jeito especial e o gentil cavalheiro faz isso para ela também.
Tem o direito de se apaixonar e rir sozinha muitas vezes por dia, sem que seja chamada de louca, pois todos vão imaginar que é a TPM...
Pode ser racional e passional...
Consegue chorar em público e pode fazer discurso no Congresso.
Uma mulher pode abrigar seres pequenos e frágeis no útero e criá-los até que voem livres e pode também abrigar na alma e perto do coração seus homens adultos, fortes e musculosos - ah!... esses tão independentes e livres seres masculinos, que ora admiramos e ora invejamos!
Pode usar vestido em um calor de quase quarenta graus e se sentir leve, plena, forte e vencer os desafios do cotidiano, mesmo em cima de um salto de seis centímetros ou usando uma botina de uniforme de fábrica.
Delicadeza e alma, força e poder...
É...acho que o meu amigo tinha razão e o Laerte também: ser mulher é tudo de bom.


domingo, 30 de janeiro de 2011

Leila Barros - Metro-o-quê?

Com essa história, que anda solta pela mídia, de Novo Homem que precisa soltar sua porção mulher para ser mais feliz eu me lembrei do Rodolfo Augusto (que inspiração a mãe dele teve para lhe dar esse nome, hein?!). E lembrei também, por tabela, da Jô, sua esposa.

A Jô se queixava de que o Rodolfo era muito machista, muito individualista e workaholic, só ficava lendo a Gazeta Mercantil. Eles só faziam amor nos finais de semana. Aliás, sexo apenas. E ela sentia nesses momentos como se ele estivesse guardando documentos em sua pasta executiva. Nada mais, um tédio! dizia ela.

Depois o teor da queixa mudou um pouco.

- O Rodolfo anda meio estranho, ultimamente – se queixava - Anda em salão de cabeleireiro, vive falando em limpeza de pele, em combinar os tons do sofá com as cortinas, falou até em fazer compras comigo no shopping... eu hein! Está lendo umas coisas esquisitas de um tal Mark Simpson, vive cantarolando a música do Pepeu Gomes: “Ser um homem feminino, não fere o meu lado masculino...”

- Outro dia eu o peguei dançando uma música do Abba na sala, enquanto nosso gato olhava para ele com uma cara muito esquisita! E, pior ainda, estava usando os meus cremes hidratantes e o meu quimono de seda! Fiquei uma fera! Imagine! Usar meus cremes importados naquela cara barbada, de homem! Deixar meu quimono com cheiro de homem!

Para meu "espasmo", ela continuou:

- Sabe, amiga, eu não gostava da fase anterior do Rodolfo, mas essa fase atual está me preocupando. Eu queria um homem mais sensível e atencioso realmente, mas essa versão Pepeu-cósmico-Gilberto-Gil, está me deixando maluca! Afinal eu casei com um homem, de peito cabeludo e tudo o mais!

E o Rodolfo Augusto prosseguia em seu aparente e iminente comportamento modificado. As colegas do banco multinacional em que ele trabalhava estavam prestando mais atenção nele e convidando-o para almoços e happy hours com mais frequência. Ele estava adorando.

E a coisa não parou por aí. Ele mudou seu guarda-roupa quase todo, trocando os ternos "politicamente corretos e em tons moderados" para ternos bem cortados, arrojados e até camisa cor-de-rosa passou a usar.

Sua mulher decidiu chamá-lo para uma conversa mais profunda.

- Então Rodolfo, o que é está acontecendo com você? Você anda tão diferente, modificado... Está estressado?

E ele calmamente respondeu:

- Jô, eu agora sou metrossexual! Mudei porque achei que precisava liberar meu lado feminino, para ser mais feliz. Você não se queixava que eu vivia mergulhado no meu mundo masculino?

E ela retrucou:

- "Metro" o quê, Rodolfo?

- Metrossexual, Jô! O homem da nova era, engajado com o estilo de vida moderno, um homem que se cuida e que não tem vergonha de explorar seu lado Ying! Um novo ser pleno e cósmico!

De olhos arregalados e boquiaberta, Jô deduziu que o marido estava ficando maluco ou virando gay.

Ele estava cada dia mais radiante, fazia novos amigos, saía para dançar, enquanto ela vivia cismada, inconformada e sempre muito estressada com o novo padrão de vida dele.

- Eu casei com um homem e agora vivo com um metrossexual, que até os pelos do peito resolveu depilar! - lamentava.

Um dia ela precisou chamar um pedreiro para trocar o chuveiro queimado, porque o Rodolfo Augusto não queria mais se submeter a esse tipo de trabalho rude. Fazia calor e o pedreiro estava com a camisa aberta, mostrando o peito cabeludo. Ela ficou maluca, ofereceu limonada, bolo e até um almoço no dia seguinte.

Entre um conserto e outro, ela virou para o tal pedreiro e perguntou se ele sabia o que era "metrossexual". Ele, com os olhos esbugalhados, respondeu:

- Olha Dona Jô, na minha casa meu pai disse que se tivesse filho com esse "pobrema" ele botava fora de casa!

Hoje ela vive com o tal pedreiro em uma casinha lá perto da estrada da Pedreira. O Rodolfo Augusto atualmente ministra palestras sobre esse tão famigerado tema do Homem Novo,  tendo como fundo a música do Pepeu: “Ser um homem feminino, não fere o meu lado masculino... “



terça-feira, 13 de abril de 2010

A Feira de Santo Amaro - SP - Leila Barros

De Santo Amaro



Imagine um dia de calor na cidade de São Paulo.

Agora, imagine um dia de muito calor no centro do bairro de Santo Amaro...

O asfalto parece mais brilhante de tão quente e o burburinho do lugar assemelha-se ao de uma imensa fornalha que se alimenta de ruídos, buzinas, músicas de todos os tipos e os gritos dos lojistas e ambulantes anunciando seus produtos.
Quase não dá para andar no seu centro comercial, que fica no Largo Treze de Maio.

Existem lonas espalhadas pelo chão e em cima delas podemos escolher uma imensa variedade de artigos interessantes, como CDs, meias, cuecas, calcinhas, batons, gorros de times de futebol, entre outros.

Quase todas as lojas colocam um som bem alto, os camelôs gritam o tempo todo, e ainda podemos ouvir a cada dez metros os relógios despertadores, que para chamar a atenção dos “fregueses”, ficam tocando o alarme. Como há muitos nordestinos no bairro, existe todo um universo de produtos típicos da região.

É divertido observar...

As Casas do Norte vendem queijo qualho, ingredientes para feijoada, um biscoito quadradinho e seco que só vejo nessas lojas, umas gelatinas já prontas com umas listas rosadas e brancas, fumo de rolo e outros artigos típicos. Certa vez, vi um cidadão com um carrinho de mão, desses que pedreiro usa para transportar areia e cimento, carregado de camarão seco. Encontrei também uma moça vendendo feijão verde, que ela me disse ser "feijão de corda".

A igreja da matriz está - coitada - tão velhinha e desativada... Eu tenho a impressão de que meus pais se casaram naquela igreja, que naquele tempo devia ser bonita.
Perto do centro comercial há uma Casa de Cultura e de vez em quando aparecem uns gatos pingados cantando com suas violas ou violões, alguns recitando, outros fazendo performance e ainda outros lendo a Bíblia em voz alta, como se a arte pudesse curá-los de toda carência e dureza que eles enfrentam, por morarem em um dos bairros mais carentes de São Paulo.

São eles os verdadeiros heróis, porque estão sempre sorrindo e cantando seus forrós, mesmo enfrentando a chuva, sol, calor, poluição de todo o tipo e o cansaço. E haja farofa, churrasco grego, morenas bonitas, pagodeiros e crianças com as bocas meladas de doces, sorvetes de creme. Tudo é festa para esse povo!

Salve o bairro de Santo Amaro!

E salve esse povo heróico do brado retumbante, e bota retumbante nisso, gente!

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

O motoqueiro que virou Papai Noel

Por Leila Barros

Em plena noite de 24 de dezembro, Josias corria com sua moto mais que o frango veloz da Sadia, embora não estivesse trabalhando. Ele corria para tentar afugentar o torvelinho de pensamentos que o assolava naquela véspera de natal. E nesse fervor, pensava muito:

“Já se vê que esse moleque vai dar trabalho. Um garoto que resolve nascer na véspera de natal, deve ser problemático e quem sabe até chorão. Eu tive que largar todo aquele rango na mesa para ver ele nascer.”

“Vacilei na hora agá e não usei o preservativo, mas a Josilene também vacilou, homem não é ligado nessas coisas! Agora eu vou ter que deixar de comprar meus CDs de pagode, vou ter que comprar tênis sem marca para arrumar leite para o bacuri, fala sério!”

E então, Josias se vê entrando em uma maternidade na periferia de São Paulo, meio desorientado e sem saber para onde se dirigir. E pensava:

“Não gosto de hospitais, como é que eu estou entrando nesse bagulho para ver um guri chorão, que eu nem sei se vai curtir a minha cara? E se ele resolver torcer para outro time?”.

Chegou finalmente no quarto que procurava e encontrou a sua Josilene.

“Que quarto maneiro, hein Josi? É esse aí o nosso moleque? Até que o guri não é tão feinho. Posso pegar? E aí moleque, tá gostando aqui do lado de fora? Ele é miudinho... Deve estar com frio... Vou sair para comprar um agasalho para ele e já volto.”

E na rua, Josias viu um camelô vendendo gorros de papai Noel. Comprou um e o colocou todo satisfeito! Começou a correr com aquele gorro vermelho na cabeça, com uma sensação mágica, seus pensamentos já estavam mais calmos, e o gosto novo de segurar o seu filho nos braços o envolvia por completo.

Resolveu diminuir a velocidade, queria curtir aquele momento como se saboreia um panetone em uma tarde natalina. E, com um sorriso de anjo nos lábios, sorria e pensava:

“Agora sou motoqueiro e papai Noel de responsa! Tô chegando moleque, seu papai Noel está na área, tá ligado?”



quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Para onde nossos pais estão indo?

Por Leila Barros


De Para onde nossos pais estão indo






Fiquei olhando para o meu pai em uma dessas madrugadas em que ele perdeu o sono e queria tomar um leite quente. Olhei para seu rosto um pouco envelhecido (sim, um pouco apenas, a genética lhe foi benéfica) e seu cabelo já embranquecido coberto por um gorro simpático, como o de alguns Rappers.

Falava de coisas simples, comia suas bolachas de água e sal e às vezes suas frases e respostas me surpreendiam pela falta da memória astuta e ágil de outrora. Do signo de Leão, e fazendo jus ao zodíaco, sempre foi um leonino guerreiro e forte, um homem de dignidade e coragem. Procurou passar exemplos de probidade e otimismo em tudo que dizia e diz. E uma das coisas que dizia sempre, é nós não devíamos entrar em campo já perdendo em espírito.

Enquanto ele tomava seu leite e dizia algumas coisas eu me perguntava mentalmente:

- Para onde está indo o meu pai? Que cosmos serão esses que ele visita de vez em quando? Que será feito de sua força voraz? Será daqui para frente uma força que vai e volta? Será que existe algum lugar secreto que ele visita de vez em quando, nos momentos em que se enche desse planeta? Será que ele vislumbra de vez em quando um campo de futebol diferente? Será que visita um futuro mais palpável para ele? Será que sente falta de carregar motor de barco nas costas? Será que sente falta de pescar no Mato Grosso, de caminhar a pé até Bom Jesus de Pirapora, de tomar bagaceira?

Deve ser difícil para ele enfrentar sua própria realidade limitante, mas nessas horas procuro me lembrar da Tônia Carrero, que diz:

“Envelhecer é muito difícil, mas como o outro caminho é morrer...vamos em frente!”

Perguntei-me se haveria recursos médicos e humanos que pudessem amenizar esse processo natural de envelhecimento. Acho que eles existem sim e decidimos aqui em casa que vamos atrás desses recursos.

Não há como impedir a biologia e a força da gravidade de continuarem seus cursos, mas há sempre um jeito novo de se olhar para as coisas. Como meu próprio pai nos ensinou, não vamos simplesmente desistir e ficar olhando tudo com pessimismo e autocomiseração. Se entrarmos em campo, que seja para ganhar e que o Parreira não nos escute!

Estamos nos modificando e aprendendo a conviver com essa nova fase dele. É apenas uma etapa diferente, é a “envelhescência”, como a adolescência e outras. Vamos rir com ele, vamos motivá-lo, vamos incentivá-lo a fazer seus exames médicos, a tomar vitaminas, a praticar sua caminhada diária, vamos fazer com que ele se sinta útil e amado.

Agora eu sei para onde meu pai está indo. Ele segue o caminho lento e natural de todos nós. Mas, para trilhar esse caminho sem machucar os pés e nem o coração, é preciso não ter pressa. E há que se aprender com ele, todas as lições que ele tiver ainda a ensinar. É preciso que desde já comecemos a encher a mochila de otimismo saudável, de práticas de vivência salutares, vitaminas espirituais e físicas.

E para nos fortalecermos para o futuro, vale tudo: dançar, caminhar, ler a vida de Dalai Lama, ler as recomendações de Nuno Cobra, estar com as pessoas, gostar das pessoas, aprender e ensinar, doar um pouco de nós, participar de concursos, nos sentirmos vivos e pulsantes como estrelas esperançosas.

E só assim é que poderemos conviver e partilhar nossos melhores recursos e momentos com nossos pais, que de vez em quando dão uma fugidinha sabe-se lá para onde.

Mas eles sempre voltam porque sabem que nós estamos aqui.

sábado, 31 de outubro de 2009

Convenção das Fadas



Por Leila Barros




Enquanto alguns paulistanos desvairados decoravam seus locais de trabalho e – pasmem – seus lares também, com toda aquela parafernália bruxolística, longe de tudo isso, em um sítio perto da represa de Guarapiranga algumas fadas se reuniam para iniciar a 1ª Convenção das Fadas Brasileiras, um movimento puramente anti-Halloween.


– Ângelus, cânticos celestiais, perfume de lavanda, cores de arco-íris, fadas, querubins e seres afins, unamo-nos contra essa festa sacana e tipicamente americana! Viva as fadas da floresta amazônica, os vaga-lumes, as selvas tropicais, as vitórias-régias encantadas, o folclore nacional!


E nesse ínterim, as fadinhas se preparavam para o evento:


– Esse negócio de Halloween já encheu os... ops! Desculpe-me essa linguagem imprópria, mas é que não aguento mais ver bruxas estilizadas, vampiros, fantasmas, esqueletos e morcegos pendurados aqui no escritório!

– Calma Vica! Estamos em pleno mês de Outubro! Isso é normal em todos os escritórios da cidade!

– Você acha normal furar uma abóbora que fica com uma cara de Dona Doida para enfeitar uma festa? E depois, Arlene, nós precisamos agir depressa, ou no ano que vem teremos novamente esse conglomerado de esquisitices que nada tem a ver com nossos costumes e tradições. Acho que vou roubar uma abóbora dessas e cozinhar com jabá!

– Não faça isso, Vica! Vamos logo para o local do encontro que no caminho eu faço uma recarga no celular e ligo para todas as outras fadas!

– Caramba Arlene! Vamos ter de ir de trem até bem próximo da represa, pois está um trânsito terrível!

– Em todos os outros países as fadas podem voar! Aqui no Brasil a gente tem de andar de trem! Que fiasco!

– Não dá para pegarmos uma vassoura emprestada, Arlene?


“Às vezes eu acho que essa fada pagodeira está se passando para o lado dos aficionados pelo Halloween!” Arlene pensou e quase deixou escapar!


– Vamos Vica! Hoje é trinta de outubro e temos que iniciar o projeto exatamente às 18:00 horas!


Sem vassouras, sem truques e sem morcegos, as fadas brasileiras iniciaram sua convenção.


Saudações iniciais foram feitas por todas as fadas: celtas, belgas, inglesas, suecas, etc.


Obviamente elas discursaram em inglês. Mas havia legenda.


Saudações das fadas brasileiras:


“Saúdo-vos Fauna e Flora do Brasil, golfinhos, vitórias-régias, ninfeáceas, araras e jabuticabeiras em flor. Acolham nossas saudações e aclamem como o Dia das Fadas todo dia 30 de outubro... Transformem-nos nesse dia em borboletas brancas para que possamos neutralizar os efeitos do Halloween em cada um dos desatinados brasileiros que não sabem nem pronunciar Réloin...”


E assim foi feito... A partir de então, todo dia 30 de outubro um panapaná de borboletas brancas segue voando por todo o Brasil, encantando pessoas e neutralizando nelas aquele olhar vidrado, meio abóbora, meio perdido.


Bailam corujas e pirilampos, entre os sacis e as fadas...





quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Longe de ti



Por Leila Barros




Longe de ti só pago mico
Derramo o leite no fogão
Saio de pijama no portão
Fico descabelada e triste


Longe de ti pareço louca
Uso um tênis de cada cor
Saio despenteada ou com touca
Não sou flor, sou passarinho

Longe de ti eu desafino
Bagunço a cozinha e a cabeça
Não sou inteira e nem meia
Apenas um quarto crescente


Se demorares, azar o teu

Longe de ti estarei bem

Dizem que a fila anda

Farei andar a minha também...




domingo, 4 de outubro de 2009

Eu quero te namorar!



Por Leila Barros



Eu quero te namorar!

Como adolescente, quero ficar, fazer rolo e sentir teu abraço e teu amasso.

Quero esperar teu telefonema à noite e rir, escutar tua risada e ter sonhos azuis.

Desejo desejar, sentir paixão e sentir calma, ficar confusa e me sentir uma pluma.

Quero namorar sem pressa, vendo filmes e comendo pipoca.

Anseio ser chamada de namorada, de amada e ver o contorno de seu sorriso quando fala marotamente assim.

Quero velejar nos sentimentos, andar no parque de diversões, comer algodão doce e te esperar descer da roda-gigante...

Quero namoro e amizade, quero tudo e maçã-do-amor na praça do interior.

Quero te namorar sem que eu mesma saiba e sem ausências e nem cercados.

Desejo a tua presença e também a tua ausência segura, como uma pétala invisível guardada no livro de poemas...

Quero comer milho cozido e cachorro quente no meio da rua e rir quando nos olharem como dois insanos.

Desejo tomar chuva e caminhar na areia morna, ver vários tipos de pôr-de-sol e ver a lua roída aparecendo de mansinho.

Quero ficar meio sóbria e meio serotonina, mas sempre com pelo menos um pé no chão, aquele pé de valsa.

Quero tuas poesias e os meus textos, quero as descobertas infinitas e rotineiras, quero a chama e o luar inteiro.

Ah! Como eu quero te namorar!




terça-feira, 22 de setembro de 2009

A BORBOLETA


Por Leila Barros





- Alô!

- Oi, tudo bem?

- Tudo e você?

- Tudo certo! Então... eu hoje comecei a pensar em você e fiquei com saudades, sabe aquela saudade quadrada, que não desce pela garganta e que faz a gente ficar olhando com os olhos vidrados no nada? Então é assim que eu estou... Fico vislumbrando seu sorriso maroto e você desfilando na praia com seu novo piercing no umbigo. Que idéia você foi ter, hein?


(Riso fraquinho do outro lado do telefone)


- Então, eu fiquei imaginando que inseto eu gostaria de ser para estar ao seu lado nesse momento. Pensei em um pernilongo, pois pelo menos estaria ao seu lado no quarto e poderia verificar se o seu sono está tranqüilo e se o seu corpo está coberto ou exposto. Um pernilongo não daria certo. Imagine você com o seu geniozinho calmo com um pernilongo a lhe atormentar feito um violino desafinado. Provavelmente me chaparia na parede, dizendo algumas palavras gentis...


(risos mais fortes do outro lado do telefone)


- Pensei em uma abelha voando por perto enquanto você toma seu café da manhã. Assim eu saberia quem está ao seu lado, se você está se alimentando bem ou se ainda está fazendo aquela dieta maluca, aquela de não comer nada! Mas não daria certo também, primeiro porque você ouve pagode de manhã e isso nem por você eu suporto. Depois, se você acordasse com "aquele" humor e sem vontade nem de falar, fatalmente eu receberia uma rajada de pano de prato e cairia no chão.


(risada gostosa do outro lado do telefone)


- Resolvi que seria um vagalume, pois poderia acender minha lanterna e iluminaria seu caminho quando você estivesse saindo para as baladas com suas novas amigas... Gostaria de ver você com aquela calça jeans pescador que deixa à mostra seu tornozelo tatuado e aquela blusinha curta que mostra esse "piercing" horroroso no umbigo. Durma-se com essa ousadia! Pode falar que é ciúmes... Mas, não daria certo também, você não é lá muito chegada à roça e sertão e acho que nunca viu um vagalume antes. Talvez ficasse com um pouco de medo e... zap... me acertaria com o salto de sua sandália.


(uma boa risada do outro lado do telefone)


- Aí me lembrei da tatuagem de borboleta em seu tornozelo e decidi. Vou ser uma borboleta. Eu sei que isso parece meio delicado demais para o seu temperamento, mas você sabe que eu sou assim... Pelo menos seria um inseto mais útil, mais livre, com mais estilo, eu diria "fashion" mesmo. Poderia acompanhá-la a todos os lugares e você me olharia com um certo encanto. Pensando bem, a borboleta lembra você, assim toda colorida, leve, livre e sempre borboleteando. Fica perto por muito pouco tempo, mas por onde passa espalha sua vivacidade. Fica então decidido, serei uma borboleta azul e pousarei em seu tornozelo de modo que você não possa saber se sou eu ou simplesmente a sua tatuagem.

- Mãe, preciso desligar agora. Não exagera, eu só vim passar um final de semana no Guarujá, amanhã tô de volta!

- Tá bom filha! Vai ser borboleta na vida! Te amo

- Eu também mãe!