Por Cineas Santos
De Apocalipse - Notícias do Fim do Mundo - Cineas Santos |
Viver, sentenciava G. Rosa pela boca de Riobaldo, é negócio perigoso. A despeito disso, vive-se e, nalguns casos, até mais do que o desejável. Estatísticas dão conta de que 6 bilhões de seres humanos navegam nessa frágil casca de noz rumo ao desconhecido. É muita gente gastando perdulariamente o que não ganhou. Mas, segundo o sábio Patrick Geryl , essa farra desenfreada tem data marcada para terminar: 21 de dezembro de 2012. Nesse dia, céus e terra se fundirão, e o Armagedom sairá do mundo das profecias para materializar-se. Poucos, só os escolhidos, sobreviverão para contar a história. Quando tudo serenar, a Terra, ou melhor, o que restar dela respirará aliviada: estará praticamente extirpado “o câncer da natureza”: a espécie humana.
Antes dessa data fatídica, profetas, embusteiros e espertalhões faturam alto publicando livros com teses apocalípticas ou filmes aterrorizantes. Até onde se sabe, só os seres humanos são capazes da proeza de pagarem para sofrer. Quanto a mim, sem queixas ou mágoas, saio de cena como entrei: nu e desarmado.
A primeira vez que ouvi falar do fim do mundo, eu era praticamente virgem de pecados, a não ser do tal “pecado original”, que já trazemos embutido em nossas almas. Eu teria uns dez anos de idade, se tanto. Num início de noite, ouvi no rádio do padre Nestor Lima a trombeta do anjo vingador: “O mundo acabará em 1970”. A voz cavernosa do locutor invisível deixou-me petrificado. Aterrorizado, fiz as contas: a partir daquele instante, eu teria uns doze anos, no máximo, para realizar alguns desejos acalentados desde sempre: comprar uma bicicleta Monark, uma sanfona Scandalli, um relógio Lanco, um rádio Philco, uma espingarda Rossi, uma lanterna de três elementos, uma chuteira feita pelo Raimundo do Pedro e um frasco de English Lavander. Tudo isso, na verdade, tinha um único fito: conduzir-me ao coração de Cleonice, com quem eu teria de me casar. Para levantar a dinheirama necessária para comprar tudo isso, eu teria de ir a São Paulo onde, segundo atestava o baião de seu Luiz, “corria ouro pelo chão”. Fiz as contas e vi que não daria tempo. Sofri como um condenado...
Em 1970, eu já desistira da sanfona, do rádio, da espingarda, ou seja, da Cleonice... À época, meu coração bandoleiro errava por uma fulaninha, mais acesa que farol de milha... Conclusão: a despeito da ditadura que prendia, torturava e matava, nunca fomos tão felizes: “noventa milhões em ação” e a inesquecível conquista do Tri... Marcou-se uma nova data para o fim do mundo: o ano 2000. Voltei a fazer as contas e vi que já estava no lucro...
Manquitolando, cheguei até aqui. Como na canção de P. César Pinheiro & Baden Power, “Não fui feliz nem infeliz/ só fui na vida um aprendiz/daquilo que eu não quis”. Quanto ao fim do mundo, 21 de dezembro de 2012 ainda está longe... Até lá, a minha Estrela-guia certamente já me terá mostrado o portal do paraíso. Assim sendo, que venha o dilúvio!
Um comentário:
Tô passando para informar que é com alegria que lançamos o Poesia em Gotas, vídeos poemas que serão inicialmente postados no meu blog.
O primeiro video poema postado é “O dia em que Deus Criou Alagoas” do Jornalista e Escritor Noaldo Dantas.
No “Amigos que eu fiz nessa estrada” uma homenagem a grande artista brasileira Zezé Motta.
Confira em:
www.chicodeassispoesia.blogspot.com
www.chicodeassispoesia.blogspot.com
Um abraço
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