quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Maceió, o Junco e o IDEB


O velho Junco, hoje, Sátiro Dias, município de pouco menos de vinte mil habitantes com um pé encravado no sertão norte baiano, festeja o que muitas capitais metidas a besta não conseguiram: superar a meta nacional do IDEB para o Ensino Fundamental, a menina dos olhos de qualquer governante municipal.

A cidade acordou do marasmo nos anos 1980, quando um padre alemão chegou à cidade e deu as boas notícias. Disse o padre, na sua primeira homilia em missa dominical, conhecer a cidade muito antes de pôr os pés no Brasil, quando uma revista alemã mandou seus repórteres para vasculhar a intimidade da terra do escritor Antonio Torres. Apesar de falar com um forte sotaque alemão, o povo compreendeu que o velho Junco não era só um ponto cravado no mapa do Brasil: estufou o peito orgulhosamente, a linda juventude interessou-se mais pela leitura e os políticos passaram a convidar o escritor para os eventos do município. Logo se instalou o Ensino Médio, depois o Superior, e o velho Junco ganhou ares de pequena cidade importante no meio da caatinga.

Décadas depois, os professores compreenderam que podiam fazer a diferença, foram à luta e conseguiram reverter um quadro inimaginável cinco anos atrás. Luta titânica, heroica até, por se tratar da lida com alunos sem suporte técnico-alimentar além dos muros da escola.

Há quem afirme que o sucesso no IDEB nos confins da Bahia deve-se exclusivamente aos professores; outros acham que é ação única dos governantes. Mas, na verdade, a obra é orquestração dos dois. Sem apoio logístico os professores não andam; sem o apoio dos professores, o administrador desanda. 

Vejam a situação da província onde moro: Maceió é uma capital que paga um dos melhores salários do país aos professores, o corpo docente é composto praticamente por profissionais de nível superior, no entanto, não conseguiu atingir a meta do MEC. Com o prefeito mais preocupado em cantar forró numa visgueira qualquer do que visitar uma escola, ao longo dos seus oito anos de mandato trocou de secretário de Educação do mesmo jeito que trocou de camisa, sem se preocupar com o destino dos deserdados da sorte. A cada novo secretário, uma nova filosofia do Caos; a cada novo secretário, uma metodologia diferente para se perfilar os bajuladores. 

O IDEB do Junco de 2011 superou o de 2005 em mais de cem por cento. Em 2005 a Educação era regida por uma secretária de outra cidade e que tinha vergonha de mostrar o crachá do município a que servia nos eventos nacionais. Então, como se esperar grandes vitórias se a principal responsável pela pasta se sentia ultrajada em seus brios narcisistas?
Deste modo, a Educação de um município é como uma orquestra em execução, a conciliação ritmada de diferentes instrumentos ao movimento harmônico da batuta do maestro. Se um desafina, a peça inteira fica comprometida.

Parabéns ao prefeito, ao secretário de Educação, aos professores e alunos, estes, os principais atores na peça exibida. Que em 2013 o êxito seja maior, para satisfação daqueles pequenos viventes que andam léguas no sol ou na lama em busca de cidadania.