sábado, 3 de março de 2012

Ana Lúcia Cruz - Mulhernagem

Segundo o meu sogro, homenagem feita a uma mulher é uma Mulhernagem.

Além de uma homenagem a todas as mulheres, faço aqui um agradecimento às mulheres que contribuíram com a construção da minha identidade feminina, através de seus exemplos: minha bisavó Maria, que viveu por mais de 100 anos, minhas avós, que já passam dos 90 anos com muita força e vitalidade, minha mãe, minhas tias, as esposas dos meus tios, minhas primas, e minhas filhas, que herdaram de todas nós não só os genes da vitalidade familiar, mas também, bons exemplos de mulheres guerreiras que desafiaram e desafiam os limites impostos por uma sociedade machista.

É por nós sabido que as mulheres, por tradição, recebem tratamento e educação diferenciada dos homens. Educado para ser astuto, audacioso, viril, agressivo, racional, criativo e livre, o homem cresce autônomo e impetuoso, enquanto a mulher é tratada e educada como “sexo frágil”.

É visível que o sistema educacional reforça tal estigma referendando as diferenças, que muitas vezes geram a exclusão e até mesmo o bullying. Meninas têm que gostar de rosa e brincar de boneca, de casinha, de professora... Meninos têm que gostar de azul e jogar futebol, brincar com carrinhos, correr...

Outro dia conheci um garoto muito bem resolvido que ao ser questionado sobre a profissão que gostaria de ter no futuro, respondeu imediatamente: 

- Quero ser bailarino!

Quando a mãe atônita enfatizou que ballet é coisa para meninas, ele respondeu categoricamente:

- E quem vai segurar as bailarinas no ar? Você nunca viu que são os homens que seguram as bailarinas no ar no momento da dança? Quero ser bailarino e vou segurar a cintura das bailarinas. Vou me casar com uma bailarina e vamos dançar juntos!

Diante da resposta do garoto me questiono: até quando vamos educar os nossos filhos e filhas para o machismo?

Conheço uma garota que sofre bullying porque gosta de jogar futebol com os meninos e as suas amigas a rejeitam por preferirem outras atividades.

Lembro de uma tia contando que quando criança adorava brincar com carrinhos de rolimã e sua mãe brigava insistentemente:

- Para com isso, menina! Parece um menino subindo e descendo a rua com um carro de rolimã!
E minha tia respondia:

- Mãe, quando crescer vou comprar um carro e serei uma ótima motorista!

Não sou adepta do feminismo, nem levanto nenhuma bandeira em prol da inversão dos papéis do homem e da mulher, porém, chamo a atenção para o fato de insistirmos em alimentarmos ideologias machistas, enquanto que na realidade os papéis de homens e mulheres, cada vez mais, são compartilhados entre eles.

Quantas famílias são sustentadas por mulheres? Quantas mulheres criam sozinhas os seus filhos?

Lembro-me da minha avó mudando-se de uma pequena cidade do interior para outra cidade maior na esperança de dar melhores condições de vida para os meus tios, deixando para trás o meu avô e os preconceitos, numa época em que a mulher separada não era bem vista pela sociedade.

A identidade pessoal é construída e formatada com base nos modelos parentais e sofre a influência do meio educacional e social.

Em tempos de “mulheres frutas”, “mulheres animais”, “popozudas” e “piriguetes”, eu pergunto: que mulher eu quero ser? Que mulher eu espero que minhas filhas sejam?

E vocês homens, que mulheres querem como namoradas, esposas, irmãs e filhas?


sexta-feira, 2 de março de 2012

Leila Barros - Como é bom ser mulher!

Ah!... como é bom ser mulher, existem tantas vantagens em relação aos homens!...
Muita calma nessa hora! Não fui eu quem afirmou isso! Essa foi a frase que um amigo muito querido proferiu um dia desses. Fiquei pensando nessa frase e resolvi refletir sobre essas vantagens femininas que ele acha que as mulheres possuem.
É... até que pode ser...reflitamos:
Mulheres podem se vestir com um terno, sem serem importunadas ou sem causarem constrangimento.
Uma mulher pode dirigir caminhão, ou casar virgem e toda delicada... e de branco e ter muitos rebentos.
Essa coisa de poder dar a luz...gerar vida, parece muito bom...
E no requisito das vaidades então, o campo é vasto e ninguém vai contestar que é coisa de metrossexual... Esmalte azul, batom vermelho, cabelo loiro...preto, quem sabe lilás?
Homem não pode...ah... O cartunista Laerte pode, ele pode, porque tem peito e muita atitude para isso!
Se uma mulher tem seios pequenos e não gosta, vai ao supermercado (perdão, eu sei que não se compra seios em supermercado) e compra logo uns quinhentos mililitros de silicone ou vai a uma clínica de cirurgia plástica e resolve a questão em algumas horas. E pronto, já está se sentindo uma diva da TV.
O pior é se ela conhece um cidadão da geração Y, muito rapidinho, muito prático e que gosta de mulheres cultas, magérrimas e quase sem peitos...Lá vai ela na clínica de cirurgia plástica e tira o silicone e fica com os seios menores.
Se está meio gordinha e com pneus, vai ao doutor cirurgião e corta logo fora a barriga, os glúteos e os culotes. Aí, ela se esbalda, faz lipoescultura, estica, retira, remove. Tem umas que até tiram a costela fora para ficar com a cintura bem fininha. Mas aquelas que não podem fazer cirurgia, asfixiam-se nos corseletes.
Se a boca é pequena, Botox nela. Se a pálpebra caiu, corta e estica e injeta outro líquido de ácidos compostos sei lá do quê.
Se não fizer tudo isso, não é olhada, não é admirada e nem cultuada. E os machões afirmam: Abaixo as feias, as despeitadas (literalmente falando), as desbundadas e as rugas malfazejas.
Se a mulher possui muitos neurônios em evidência arranca suspiros dos nerds, dos inteligentes, dos jornalistas... Se possui tudo isso e ainda é charmosa, faz a banca de deputados cair das cadeiras.
Ah...se a mulher sabe sambar e pode usar biquíni e um penacho na cabeça, ela já pode ser madrinha de bateria de escola de samba.
Tem capacidade para carregar peso, mas pode também pedir para um gentil cavalheiro com musculatura avantajada carregar esse peso para ela.
Pode cozinhar e lavar a louça, mas pode pedir com aquele jeito especial e o gentil cavalheiro faz isso para ela também.
Tem o direito de se apaixonar e rir sozinha muitas vezes por dia, sem que seja chamada de louca, pois todos vão imaginar que é a TPM...
Pode ser racional e passional...
Consegue chorar em público e pode fazer discurso no Congresso.
Uma mulher pode abrigar seres pequenos e frágeis no útero e criá-los até que voem livres e pode também abrigar na alma e perto do coração seus homens adultos, fortes e musculosos - ah!... esses tão independentes e livres seres masculinos, que ora admiramos e ora invejamos!
Pode usar vestido em um calor de quase quarenta graus e se sentir leve, plena, forte e vencer os desafios do cotidiano, mesmo em cima de um salto de seis centímetros ou usando uma botina de uniforme de fábrica.
Delicadeza e alma, força e poder...
É...acho que o meu amigo tinha razão e o Laerte também: ser mulher é tudo de bom.


quinta-feira, 1 de março de 2012

Edna Lopes - Mulher: um olhar sobre nosso corpo

A Igreja diz: O corpo é uma culpa.
A Ciência diz: O corpo é uma máquina.
A Publicidade diz: O corpo é um negócio.
O corpo diz: Eu sou uma festa.
                                  Eduardo Galeano

Durante as férias de janeiro agendei os exames periódicos que a medicina recomenda a todas as mulheres.  Colposcopia, mamografia, ultrassonografia das mamas e da pélvis. Não é a experiência mais relaxante que vivemos e seria um ato simples e corriqueiro se, primeiro tivéssemos atendimento público e de qualidade garantido e, segundo, se a relação com nosso corpo fosse outra.

Cansei de ouvir histórias de mulheres que procuram ginecologista, não para a prevenção, mas para buscar a cura de alguma doença, o que na maioria das vezes já é tarde para se fazer qualquer coisa.

Enquanto entrava e saía de várias antessalas e salas, conheci uma simpática senhora de aparentemente 70 anos, entre copos e copos de água, aguardando a vez do ultrassom da pélvis. Ela tremia e se justificava com uma moça bem mais nova, sobrinha, como fiquei sabendo depois, que não havia conseguido fazer a coposcopia e não faria o ultrassom da pélvis, porque não conseguia sequer pensar que alguém pudesse ver e tocar em suas partes íntimas.

Percebi que a mocinha se impacientava, sem convencer a tia e me meti na conversa argumentando que ela poderia fazer os exames tranquila, visto que as médicas que nos atendiam ali eram profissionais experientes, competentes e éticas e estavam acostumadas a lidar com este tipo de situação, que aqueles exames salvava nossas vidas.

Nada. Nenhuma palavra da mocinha ou minha convenceram-na do contrário. “Não gosto de ser assim”, disse. “Fui criada desse jeito e morro de vergonha de me mostrar em qualquer situação, até numa dessas que eu sei não ter nada demais, eu não consigo”.

E lá se foi a senhora sem fazer exame algum. Fiquei pensando no que poderia reverter uma situação daquela e refletindo quantas de nós já não morreram e ainda vão morrer por adiar um exame de prevenção. Educação rigorosa, convicções religiosas e desinformação matam lentamente mulheres que carregam a culpa do “corpo em pecado”.

Noutra ponta, o culto desenfreado ao “corpo perfeito”, exposição sem sentido associada à busca da eterna juventude também tem escravizado e vitimizado muitas de nós. Dia desses me vi estupefata diante da notícia da mãe que presenteou a filha de sete anos com um “vale lipoaspiração”.

 Fiquei pensando em tantas que não conhecem o próprio corpo, que evitam se tocar para não tirar disso algum prazer, que acham pecaminoso, constrangedor se despir diante de uma igual, mesmo que seja por razões de saúde e lamentei que nossa educação tivesse feito tão pouco por elas.
Nosso corpo merece cuidados e atenção, assim como nossa sensibilidade e consciência. Que o bom senso prevaleça. Espero e torço para que as novas gerações de mulheres tão expostas a tanta exploração do corpo, ao culto a eterna beleza juvenil, daqui a alguns anos não evite fazer os exames preventivos para não expor a flacidez dos seios, celulites e estrias, marcas da vida e do tempo para toda mulher.

SEMANA INTERNACIONAL DA MULHER


Aquele que diz que a mulher é sexo frágil, com certeza não vive neste planeta.


Hoje é moleza ser feminista, segurar o mastro da bandeira nas passeatas com algumas reivindicações justas e legítimas, como o direito amplo e irrestrito ao trabalho em igualdade de condições com o homem, se bem que conheço muitas que adorariam encantar um príncipe e viver apenas em função dos chás das cinco. Outras, mais radicais, sugerem que os homens também dividam os pratos que se acumulam na pia.

Devagar com o andor que o santo é de barro. Voltando aos tempos do poder patriarcal dos senhores de engenho ou dos barões do café, as ditas feministas de hoje vacilariam frente a esses senhores que dominavam a economia, a política, a cultura, a vida e a alma dos brasileiros e que se casavam apenas para ter uma mulher para dar porrada, fazer filhos e tomar conta das mucamas. Eles podiam tudo, inclusive estuprar e matar as metidas a feministas.

Em 1789, tomada pelos ventos libertários, a Assembléia Nacional francesa aprovou a Declaração dos Direitos do Homem. Em 1791, embalada pelo lema “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” cravado na bandeira do ideário revolucionário, a escritora francesa Marie Olympe Gouze (Olympe de Gouges) lançou também o seu manifesto “Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã”. Pegos de calças-curtas, os nobres revolucionários acharam tal manifesto uma afronta à moral e aos bons costumes. Que significava aquilo? Revolução das calcinhas dentro da grande revolução dos cuecões? Lugar de mulher era na cozinha e assim deveria continuar. Quem lavaria a louça? Quem trataria do javali antes de ir à panela?

Olympe de Gourges, a primeira feminista da história, foi a julgamento em um tribunal predominantemente machista. O circo estava armado e ela foi condenada à pena capital, sob a acusação de “ter querido ser um homem de Estado e ter esquecido as virtudes próprias do seu sexo.” Foi guilhotinada em 1793 sem que nenhuma outra mulher ousasse sair em sua defesa.

No dia 8 de março de 1857, 129 tecelãs em Nova Iorque se cansaram da exploração patronal e se uniram em um movimento reivindicatório, exigindo redução da jornada diária do trabalho, de 16, para 10 horas. Além de trabalharem mais, ganhavam apenas quarenta por cento do salário dos homens. Quando chegavam a casa, exaustas, encontravam uma pilha de pratos a serem lavados, comida a ser feita, filho para amamentar e beira do rio para lavar roupa, pois lavanderia era coisa a ser inventada. Não era justo tamanha exploração. Cruzaram os braços e saíram à rua a fazer barulho, sendo que encontraram uma forte e violenta repressão policial. Voltaram à fábrica achando ser um abrigo seguro. Os patrões e a polícia trancaram as portas e atearam fogo na fábrica, matando-as na imensa fogueira formada.

Em 1910, na II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, realizada na Dinamarca, a alemã Clara Zetkin propôs o dia oito de março como o dia Internacional da Mulher, em homenagem àquelas 129 mártires de Nova Iorque. A proposta foi aceita e nesse dia as mulheres do mundo todo se dão as mãos em busca de fortificar o movimento feminista, propondo o fim da hegemonia político-econômico-administrativa masculina, seguindo o lema dos compositores mineiros Beto Guedes e Ronaldo Bastos quando dizem “Vamos precisar de todo mundo / um mais um é sempre mais que dois”, se bem que esses versos foram escritos bem depois, o que não invalida o grito de guerra “Mulheres / unidas / jamais serão vencidas!” que encerrou a II Conferência na Dinamarca.

Proposições justas, por sinal, porém o movimento reivindicatório esbarra na própria instabilidade da vaidade feminina quando passa batom nos lábios frente a um espelho, no dia seguinte, e nos 364 que se sucedem até o próximo 8 de março; elas (as feministas e não as mulheres em si) são incapazes de se olhar fraternalmente como companheiras de luta e seguir um propósito comum; em vez disso, engalfinham-se feito onças-de-unhas-pintadas  disputando um território selvagem, inaptas em abraçar a causa libertária e tornar suas reivindicações numa bandeira ideológica permanente.

Fala mais alto a vaidade histórica e cada uma mira-se no espelho com a desconfiança aguda de quem encara uma rival.   

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

José Neumanne Pinto - Lua Semente

Na véspera da semana internacional da mulher, um poema de Nêumanne Pinto com quatro fases. 

Lua plantada na terra
Tem doce de cana,
Vive no verde da serra,
Semente tirana.

Lua banhada de sangue
Não foge da morte,
Traça, na lama do mangue,
A vida e a sorte.

Lua soprada no vento
É gado no pasto,
Vive no sol ao relento,
O céu é tão vasto.

Lua queimada na chama
Não guarda segredo,
Beijo de lua na cama
Congela o meu medo.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Cineas Santos - Remota lembrança de um corso

Decididamente, não me afino com as chamadas festas populares. São João, Natal, Révellion e Carnaval poderiam sair do calendário sem alterar minha rotina. Antes que me atirem pedras, uma explicação: não tenho nada contra festas grandes ou pequenas. Tenho tudo contra a alegria compulsória. A obrigação de parecer feliz para estar em sintonia com o rebanho é o que me desagrada. Em outro momento, já afirmei que pesco as minhas alegrias em águas rasas com anzol de linha curta. Não persigo a felicidade como escafandrista ou alpinista em busca de recorde; limito-me a fruí-la, em doses homeopáticas, quando ela decide visitar-me. Nada além.

Voltemos ao tema que deu origem a essa arenga. Recém-chegado a Teresina, eu não sabia da existência da palavra corso. Eis que, numa tarde de fevereiro, ouvi o som de uma marchinha tocada por uma charanga desafinada. À época, eu morava na Des. Freitas, mais conhecida como Rua da Estrela. Corri para a porta e deparei-me com o tal corso. Na verdade, meia dúzia de carros, algumas carroças, uma centena de pedestres sujos de talco, Maizena, farinha de trigo e coisas menos nobres. Nas calçadas, a plateia atirava papel picado, serpentinas e esguichava líquido das mais diversas procedências. A maioria dos foliões era constituída de homens fantasiados de mulher. Lá pelas tantas, despontou a grande estrela da festa: um cidadão negro, meio roliço, idade inescrutável, fantasiado de baiana. Como uma porta-bandeira, sem a companhia do mestre-sala, fazia evoluções, parava, sorria e mandava beijinhos para a plateia, que ia ao delírio. Era Bernardo Cruz, alfaiate por necessidade e folião por gosto e vocação.

Consta que, num certo carnaval, Bernardo Cruz não desfilou. Consternação geral: sem a figura da baiana rechonchuda, o corso era apenas um mela-mela. Dias depois, no famoso Restaurante Sapucainha, um médico brincalhão encontrou-se com o Bernardo Cruz. Não se conteve:

- Bernardo, você quase acabou com o carnaval de Teresina!
- Eu sei, mas eu também quase morri, doutor. Você não soube?
- Não. O que aconteceu?
- Fui atropelado por uma carroça. Passou por cima do meu pé!
- Peraí, Bernardo, isso é motivo suficiente pra matar alguém?
- Não, doutor, mas quando vi o estrago no pé resolvi me matar!
- Matar-se?!
- Doutor, você já viu vedete e cavalo de corrida fazerem sucesso mancando? É melhor uma morte honrosa...

Festas pobres para uma cidade pobrezinha. A cidade cresceu e tudo mudou: este ano, se bem entendi, o corso de Teresina entrou para o Guinness Book como o maior do mundo. Não sei exatamente o que isso representa para a cidade, mas pela repercussão, deve ser algo muito importante. Brava gente!


domingo, 26 de fevereiro de 2012

Luís Pimentel - Cenas do carnaval carioca de 2012

+ Durante o desfile do bloco Simpatia é Quase Amor, em Ipanema, a moça baixa as calças para se aliviar atrás de uma banca de revistas. Diante da cena, o folião que passa dá meia-trava e comenta: “Essa falta de banheiros é o que há de melhor na folia!”

+ Inesquecíveis os comentários de uma dupla escalada pela televisão para cobrir (de vergonha) o desfile das escolas de samba. Diante daquela que trazia enredo sobre o cangaço, os gênios resolveram explicar quem foi Antônio Conselheiro: tremi de pena dos telespectadores e desejei ver o sertão virar mar na Sapucaí.

+ Bêbado no Bloco de Segunda, cercando uma franga: “Depois vamos lá pra casa, preu te mostrar minha coleção de camisetas e camisinhas com motivos momescos”. O mesmo, meia hora depois num bar da Cobal, amargando a negativa e citando Silas Abrelas: “De não em não, as galinhas me enchem o saco.”

+ Desde sexta-feira, no Carmelitas, até a terça, no Meu Bem Eu Volto Já, cantando todo mundo e sem pegar ninguém, o arlequim desabafa num boteco da Ayres Saldanha: “Ano que vem vou pra Bahia. Lá, pelo menos, a aba dá!”

+ Pertinho dali, no Bip Bip lotado, Alfredinho, Chico Genu, Flávio Feitosa e Paulinho do Cavaco cantam: “Já tem maluco demais, aqui neste botequim...” Da calçada, os malucos de sempre aplaudem e um novato pergunta: “Será uma indireta?”

+ No belo Carnaval da Burrinha, organizado anualmente no Aterro do Flamengo pelo craque Mello Menezes, a linda morena fantasiada de salva-vidas é abordada por um gaiato: “Salva eu, gatinha”. E ela: “Claro. Cai aí na Baía de Guanabara e me espera”.

+ Na quinta de cinzas, um nostálgico me liga: “Que pena. Vou guardar a cuíca”. Arremato: “Agora pega a britadeira, pra não sair do ritmo.”