O porteiro do cafofo onde habito me interfonou e disse que Jesus viria me visitar na parte da tarde, que eu o aguardasse de espírito acolhedor. Não só acolhi meu espírito, mas também comprei velas, incenso, pão para distribuir com os pobres, e até fiz doação para o criança esperança. Comprei um galo para cantar de madrugada, mas me disseram que um galo sozinho não tece a manhã cristã. Fiz uma relação dos meus pecados que pediria para serem perdoados ou transformados em penas alternativas e, de lambuja, um adesivo colorido para colocar no meu Camaro conversível com os dizeres: "Presente de Deus". Também preparei uma buchada de bode legítimo, do sertão de Uauá, que é um lugar mais seco que a Palestina. Ele devia gostar dessas comidas exóticas.
O tempo passou, passou, passou e... nada! E eu com fome, querendo comer, e os beatos que fizeram fila na minha porta diziam que seria heresia comer antes d'Ele. Tenha paciência, espere mais um pouco, diziam.
Lá pras tantas a campainha tocou. Aleluia! Era Ele. Só podia ser Ele. Corri para o abraço. Ele recuou uns passos, temeroso. Com razão, depois daquela facada, todo cuidado é pouco. Ele enfeitou seu rosto com o mais lindo sorriso e me entregou um santinho de político. Era Jesus, o borracheiro do bairro, pedindo voto para Renan Calheiros e Collor de Mello.
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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020
domingo, 29 de julho de 2018
O dia que Maomé foi à montanha
No tempo dos faraós, Maomé subiu na montanha e admirou-se com a multidão lá
embaixo parecendo um rebanho de ovelhas pastando. Encheu os pulmões de
ar e iniciou o seu sermão tão esperado pelo povo escolhido de Allah (naquele tempo não havia evangélicos):
- Se algum de
vocês aí embaixo disser que se eu não subir nessa montanha ela vai a mim, é
um grandíssimo mentiroso e vai ferver no mármore do Inferno até virar
torresmo numa bodega mineira! Essa montanha não vai a porra de lugar
nenhum!
Dito isso, desceu lentamente e cuidadoso para não escorregar, e
caminhou na direção dos seus seguidores para sentir o efeito de suas
palavras. Então, quando ele viu de perto aquela multidão que lá de cima da
montanha parecia um rebanho de ovelhas pastando, percebeu que era, na
verdade, um rebanho de ovelhas pastando.
Moral da história: Até Maomé precisa fazer exame de vista de vez em quando.
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