sábado, 20 de março de 2010
sexta-feira, 19 de março de 2010
O que tem de ser, será
![]() |
De O poeta Da Costa e Silva |
Foto: http://dacostaesilva.vilabol.uol.com.br/index.htm

Sem a fortuna de Mindlin, mas movido pela mesma paixão e com ardente paciência, venho gastando minha vida na labuta diária de ler, editar, vender e doar livros a mancheias, como queria o Poeta. Curiosamente, só li meu primeiro romance aos 17 anos de idade, quando já poderia ter lido os clássicos da literatura universal. É que na minha aldeia os livros eram tão raros quanto as chuvas. A água que não bebi já não me faz falta; quanto aos livros... Mas vamos ao que ensejou esse arremedo de crônica. Embora não seja um bibliófilo, tenho um punhado de livros raros. Um deles, uma verdadeira preciosidade. Vejamos como este livro chegou-me às mãos.
Em 1982, em parceria com M. Paulo Nunes, editei a Antologia Poética de Da Costa e Silva, organizada pelo próprio autor, pouco antes do seu silêncio. Por incrível que pareça, foi o primeiro livro do nosso poeta maior editado no Piauí. Alberto da Costa e Silva, filho de Da Costa, ficou felicíssimo e veio prestigiar o lançamento da antologia em Teresina. Acresce que, pouco tempo depois, denunciei, na televisão, o furto de algumas peças raras na Casa Anísio Brito, onde funcionavam o arquivo e a biblioteca pública. O então secretário de cultura, em vez de mandar apurar os fatos, limitou-se a tentar desqualificar-me. Como a denúncia procedia, o cidadão resolveu vingar-se de mim da forma mais abjeta e rasteira: proibiu-me de participar da organização das festas alusivas ao centenário de nascimento do poeta, em 1985. Fiquei quieto no meu canto.
Para comemorar a efeméride, o governo do Piauí mandou editar 200 exemplares da obra completa de Da Costa e Silva, em papel vergé, com capa dura e fino acabamento. Os exemplares autografados pelos editores e numerados de 001 a 200, destinavam-se, naturalmente, às altas autoridades da República. Pois sem sair do meu canto, o exemplar 001 veio cair em minhas mãos sem que eu movesse uma palha. Como sói acontecer em tais circunstâncias, no açodamento, alguns exemplares da obra acabaram esquecidos numa caixa nos porões da secretaria de cultura. Com a mudança de governo, os livros, como entulho descartável, foram atirados às traças. Eram apenas cinco exemplares e o mais raro deles, o nº 1, foi-me doado por um servidor humilde, que não tinha a menor ideia do valor do presente. Ao abrir o livro, limitei-me a dizer: Obrigado, meu Poeta. O cidadão sorriu e disse: “O professor tem cada uma” e retirou-se sorrindo. Não faltará quem diga: “ pura coincidência”. Eu e o Poeta sabemos que não.
quarta-feira, 17 de março de 2010
Amor em Paris - Cláudia Magalhães
![]() |
De Paris |
É meia-noite. Há horas, ela permanece imóvel em sua cama, lugar onde dormiu por seis anos com um amor que, por ingratidão e egoísmo, há uma semana não está mais ali. Algo difícil demais para se compreender e que tornam loucos os que andam pela terra.
Ela leva a sua mão em forma de concha até o sexo, pois é assim que rezamos para o amor, e sonhando com os míseros segundos em que tocaria as estrelas, tenta acariciar sua lua úmida até ela tornar-se, novamente, seca, fazendo girar mais rápido o mundo, mas as lembranças do passado estrangulam seus dedos, enchendo-os de verrugas e vergonha.
A enorme vontade de tê-lo, de possuí-lo, a faz perder o juízo. Vou à Paris. Vou em busca de Vinícius!, pensa. Segundos depois, ela enfrenta descalça as ruas desertas e o frio da madrugada, usando apenas seu vestido longo, florido e que, por vezes, usava como camisola. Seus gritos entram pelas frestas das portas e das janelas quebrando o silêncio que comanda a decência. Quando um ou outro a pergunta, O que aconteceu, mulher?, ela responde, Vou à paris. Vou em busca de Vinícius!, e segue andando pelas ruas do outro lado do mundo como se fosse a dona delas. Pergunta à todos os que cruzam seu caminho por um homem alto, barbudo e grisalho e diante do silêncio ela responde, Ele está em Paris! Ele está me esperando em Paris! E segue falando da importância das mãos, pois nelas moram as vontades mais urgentes, falando da imensidão do mundo e do desejo que tinha com o homem amado de morar na Cidade dos Sonhos, para novamente, falar das mãos e do desejo, repetindo, incansavelmente, as mesmas palavras. Tenta, por vezes, se calar e escutar as histórias sem pé nem cabeça dos homens, mas ela tem pressa em se livrar dos sofrimentos da vida e segue sem escolher o caminho e sem saber ao certo quem ela é, molhando os pés na lama acreditando que é o mar, vivendo de esmolas, bebendo cachaça ou conhaque, pedindo a benção a Deus que segurando-lhe o juízo não precisa fingir que lhe deu, até adormecer nos bancos das praças ou nas portas das igrejas e sonhar voando.
Uma hora depois que ela partiu, Vinícius, arrependido de mais uma vez tê-la abandonado, entra no apartamento. Vou pedir perdão e milhões vezes milhões de vezes direi que a amo e nunca mais a farei chorar!, pensa procurando-a com o peito sufocado pela saudade, mas é tarde demais.
Ele a encontra no quarto com a alma liberta. Ora caminhando como uma rainha, ora curvando-se e implorando coisas ao vento. Minha carne foi criada do pó impuro. Meu cérebro, uma grande duna, com a memória e os desejos dos ventos, encheu com o mel do mundo e com os ferrões das abelhas o meu sangue, que de tanto morrer, gerou em meu peito um enorme coágulo chamado coração. Uso salto, quero meus pés com gosto de rua na direção dos abismos. Há muito tempo, o amor me ensinou a cair, agora quero aprender a voar, diz olhando para ele, mas nada vê. A sua carne está acorrentada pelas vontades de sua alma, que cansada de sofrer liberta-se de si mesma, vai à todas as partes do mundo e confunde-se com outras. Desatenta e livre, muda de vontade de uma hora para outra, se reinventa a todo instante. Suas pernas encontram becos escuros, lama, sargaço, o mar e a imensidão das águas, enquanto sua cabeça de lua abraça o Cruzeiro do Sul, a Ursa Maior, as Três Marias, e não somente elas, mas toda a constelação. Múltipla, infinda, ela é a dama, a mendiga, a poeta, a vítima, a algoz, a que ri e chora ao mesmo tempo. Ela é Clara, a sua Clara! Ele observa a mulher que ama, que partiu sem volta para a cidade dos sonhos, deixando em seu peito uma chuva que nunca vai parar e os seus olhos enchem-se de lágrimas.
segunda-feira, 15 de março de 2010
O Centro das nossas desatenções
![]() |
De Centro de Maceió |

E o mais grave: se a “aventura” for à noite, colocará sua vida em risco, pois, como um cenário de filme de terror, a Maceió central é a imagem do abandono, do descaso. Além dos problemas já citados, trechos completamente às escuras e nenhum tipo de segurança. Enfim, um lugar que desestimula o convívio. Deseduca.
Esta semana, saindo de uma atividade de trabalho, quase ás 18h, tive a infeliz ideia de voltar para casa de ônibus, como o faz boa parte da população que trabalha e estuda naquela área. Confesso que o trajeto de menos de 500 metros se multiplicou por mil e tive que falar sério com o meu Anjo da Guarda.
Confesso também que, mais do que assustada, fiquei indignada com o quadro lamentável de desrespeito aos moradores e comerciantes daquele bairro. Francamente, nem cenário de filme de quinta categoria é de tanta decadência. E os que certamente vão querer me lembrar que aquela área está assim por conta da obra do VLT (veículo leve sobre trilhos), não perca seu tempo, pois há dois anos vivi situação semelhante vindo da Rua das Árvores até o Teatro Deodoro, no mesmo horário.
Os bairros centrais de todas as cidades são recheados de historia, de memórias afetivas. O traçado das ruas, os monumentos, os tipos populares e Maceió não é diferente, porém a desatenção é tão gritante que a gente custa a acreditar que os órgãos competentes para cuidarem dessa e de qualquer situação relativa à infraestrutura da cidade sejam tão incompetentes.
E, pensando em educação, em espaços que educam, o que pode oferecer como espaço educativo um bairro que é um escombro? Como as escolas poderão se utilizar pedagogicamente de lugares assim, tão deseducados, tão sem infraestrutura, tão feios e tristes?
A quem interessar possa, em especial as autoridades, Maceió não é só praia, que não são lá essas coisas de bem cuidadas. Certamente os moradores que suportam esse estado de desatenção e desrespeito recebem em suas casas o CARNÊ DO IPTU e pagam suas taxas e outros impostos.
Nota da Autora: O CENTRO DAS NOSSAS DESATENÇÕES (cantos do Rio) é título de um livro do escritor Antonio Torres sobre o Centro do Rio de Janeiro, pela editora Relume Dumará, 1996. Autor premiado, com várias edições no Brasil e traduções em muitos países, Antônio Torres é um dos nomes mais importantes da sua geração, com um obra expressiva que abrange 11 romances, um livro de contos, um livro para crianças, um livro de crônicas, perfis e memórias, além de dois projetos especiais (O centro das nossas desatenções, sobre o centro do Rio de Janeiro - e que rendeu um documentário para a TV Cultura, São Paulo -, e O circo no Brasil, da série História Visual, da Funarte, Fundação Nacional de Arte)
“O que é uma cidade educadora?
É aquela que converte o seu espaço urbano em uma escola. Imagine uma escola sem paredes e sem teto. Nesse espaço, todos os lugares são salas de aula: rua, parque, praça, praia, rio, favela, shopping e também as escolas e as universidades. Há espaços para a educação formal, em que se aplicam conhecimentos sistematizados, e a informal, em que cabe todo tipo de conhecimento. Ela integra esses tipos de educação, ensinando todos os cidadãos, do bebê ao avô, por toda a vida.”
Resposta de Alicia Cabezudo – Educadora argentina para a SINAPSE da Folha
quarta-feira, 10 de março de 2010
TODOS OS SONS DA ALDEIA


Mas deixemos de literatice, que o objeto dessa arenga é outro: um comentário breve sobre a 6ª edição do Festival Nacional de Violão do Piauí (FENAVIPI), que se realizou em Teresina, entre os dias 25 e 28 de fevereiro do ano em curso. Para começo de conversa, hoje, o FENAVIPI é o maior festival de violão que se realiza no país. Quem o diz é Carlos Barbosa Lima, com a autoridade de quem conhece todos. Durante quatro dias, os amantes da boa música instrumental tiveram a oportunidade de ouvir, conviver e aprender com músicos do quilate de Tommy Emmanuel, Xufei Yang, Paul Galbraight, Fábio Zanon, Carlos Barbosa, Nicolas de Souza Barros, Roberto Corrêa, Henrique Annes, Nonato Luiz, Erisvaldo Borges, Franciel Monteiro, para citar apenas os mais famosos. Ao todo, foram 14 concertos, 8 oficinas e 4 shows, disputadíssimos, no Theatro 4 de Setembro. Acrescente a isso, o 6º Concurso Nacional de Interpretação Violonista, que acontece no decorrer do Festival, cujo vencedor, desta edição, foi o promissor Fábio Lima, de Curitiba.
As sementes do FENAVIPI foram lançadas em 1998 quando inauguramos o prédio da Oficina da Palavra e trouxemos a Teresina o violonista Turíbio Santos para “batizar” a casa. No rastro do mestre Turíbio, vieram Nonato Luiz, Toninho Horta, Hélio Delmiro, Guinga e outras feras. Pareceu-nos que estávamos estruindo talento com plateia pequena. Em 2004, decidimos criar o FENAVIPI, com dois objetivos: formar plateia para o consumo de música de qualidade e melhorar o nível dos músicos do Piauí. Em apenas três meses, organizamos e realizamos a primeira edição do festival, que já nasceu grande. Não falaremos das dificuldades para realizá-lo, por uma razão simples: quem tentou fazer algo parecido já as conhece; quem nunca tentou não vai acreditar. O certo é que, sob a batuta firme do Erisvaldo Borges, chegamos à 6º edição do FENAVIPI, com uma constelação de estrelas de raro brilho. Este ano, exageramos na dose, para alegria do público. Com o patrocínio da Prefeitura de Teresina, e apoio da FUNDAC e Casa do Cantador, fizemos o festival que a cidade merece. Quanto ao Erisvaldo Borges, se parasse agora (e não vai fazê-lo), já teria inscrito o seu nome na galeria dos grandes nomes da cultura brasileira. Não é pouco para o menino do violão de cabaça do Saco do Engano. Mas o garoto cresceu e quer muito mais.
Assim seja.
terça-feira, 9 de março de 2010
Na Semana da Mulher, Viva a Lei Maria da Penha!

– Precisamos acabar com a exploração dos homens. Parar de cozinhar, lavar roupa e de ser apenas objeto sexual. Basta de submissão! Digam NÃO aos seus opressores. No próximo ano nos reuniremos para relatarmos a nova experiência. Abaixo a opressão masculina!
– Abaixo a opressão!
– Viva a igualdade feminina!
– Viva!
– Viva a liberdade!
– Viva!
– Morte aos homens!
– Assim também não, colega!
Desta maneira terminou mais um encontro internacional das mulheres, em um país qualquer, no dia oito de março de ano qualquer. Trezentos e sessenta e seis dias depois (era um ano bissexto), novo encontro. A líder tomou a palavra:
– E agora, temos a honra de convidar a Mary John para relatar a sua experiência, conforme foi decidido no encontro do ano passado. Mary John, por favor...
A americana subiu à tribuna, abriu um sorriso largo, e falou:
– Bem, depois daquele nosso encontro, no ano passado, cheguei a casa e disse para o meu marido: “A partir de hoje não cozinho mais pra você. Se quiser comer, prepare você mesmo a sua comida.” No primeiro dia ele foi pro fogão a contragosto; no segundo dia diminuiu mais a cara feia; no terceiro dia começou a tomar gosto e hoje estamos com vários restaurantes espalhados pelos Estados Unidos e Canadá.
– Palmas para Mary John! Agora convidamos a colega Ly Ping Pong.
A chinesa subiu à tribuna, pigarreou, pegou o microfone e falou:
– Cheguei a casa e disse pro meu marido: “A partir de hoje não lavo mais a sua roupa. Se você quiser roupa lavada, que aprenda a usar a lavanderia.” No primeiro dia ele lavou a roupa resmungando; no segundo dia parecia ter se acostumado à nova condição; no terceiro dia até assobiou e hoje estamos com uma rede de lavanderias por toda a China.
– Muito bem, Ly. Palmas para ela que ela merece! Agora convidamos a colega Severina da Silva para relatar a sua experiência!
Severina da Silva preferiu falar de onde estava. Brasileiro é assim mesmo, fala de qualquer lugar.
– Quando cheguei a casa, no ano passado, disse pro Benedito, o traste do meu marido: “Biu, a partir de hoje não lavo mais suas roupas, não faço sua comida e se você quiser sexo vai ter que procurar uma vagabunda.” No primeiro dia não vi nada acontecer; no segundo dia também não vi nada; no terceiro, idem; no quarto dia o olho abriu um pouquinho e pude enxergar a cara da enfermeira.
segunda-feira, 8 de março de 2010
Dia Internacional da Mulher II
Alguns excertos sobre a mulher
![]() |
De Mulher |
O homem pensa.
A mulher sonha.
Pensar é ter cérebro.
Sonhar é ter na fronte uma auréola.
O homem é um oceano.
A mulher é um lago.
O oceano tem a pérola que embeleza.
O lago tem a poesia que deslumbra.
O homem é a águia que voa.
A mulher, o rouxinol que canta.
Voar é dominar o espaço.
Cantar é conquistar a alma.
O homem tem um farol: a consciência.
A mulher tem uma estrela: a esperança.
O farol guia.
A esperança salva.
Enfim, o homem está colocado onde termina a terra.
A mulher, onde começa o céu!!!
Victor Hugo
Há homens que têm patroa.
Há homens que têm mulher.
E há mulheres que escolhem o que querem ser."
Martha Medeiros
A mulher perfeita
Nasrudin conversava com um amigo:
– Então, Mullah, nunca pensaste em casamento?
– Muito. – respondeu Nasrudin – Em minha juventude, resolvi conhecer a mulher perfeita. Atravessei o deserto, estive em Damasco e conheci uma mulher espiritualizada e linda; mas ela não sabia nada das coisas do mundo. Continuei a viagem e fui a Isfahan; lá encontrei uma mulher que conhecia o reino da matéria e do espírito, mas não era bonita. Então resolvi ir até o Cairo, onde, finalmente, jantei na casa de uma moça bonita, religiosa e conhecedora da realidade material.
– E por que não casaste com ela?
– Ah, meu companheiro! Infelizmente ela também procurava um homem perfeito.
Paulo Coelho
A história da mulher é a história da pior tirania que o mundo conheceu: a tirania do mais fraco sobre o mais forte.
Oscar Wilde
A mulher mais idiota pode dominar um sábio. Mas é preciso uma mulher extremamente sábia para dominar um idiota.
Rudyard Kipling
Uma mulher leva vinte anos para fazer do seu filho um homem - outra mulher, vinte minutos para fazer dele um tolo.
Helen Rowland
A mulher foi feita da costela do homem, não dos pés para ser pisada, nem da cabeça para ser superior, mas sim do lado para ser igual, debaixo do braço para ser protegida e do lado do coração para ser amada.
Maomé
... E a mulher foi feita da costela. Já imaginou se fosse do filé mignon?
Para-choque de caminhão
Nunca confie na mulher que diz a verdadeira idade, pois se ela diz isso... Ela é capaz de dizer qualquer coisa.
Oscar Wilde
"Se por trás de todo grande homem existe uma grande mulher, então vale o inverso também: por trás de um pequeno homem talvez exista uma mulherzinha de nada."
Martha Medeiros
Uma mulher preocupa-se com o futuro até encontrar um marido, enquanto um homem apenas se preocupa com o futuro depois de encontrar uma mulher.
George Bernard Shaw
O rico e o pobre são duas pessoas
O soldado protege os dois
O operário trabalha pelos três
O cidadão paga pelos quatro
O vagabundo come pelos cinco
O advogado rouba os seis
O juiz condena os sete
O médico mata os oito
O coveiro enterra os nove
O diabo leva os dez
E a mulher engana os onze
Popular
Era uma vez... numa terra muito distante...uma princesa linda, independente e cheia de auto-estima.
Ela se deparou com uma rã enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo era relaxante e ecológico...
Então, a rã pulou para o seu colo e disse: linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito.
Uma bruxa má lançou-me um encanto e transformei-me nesta rã asquerosa.
Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir lar feliz no teu lindo castelo.
A tua mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavar as minhas roupas, criar os nossos filhos e seríamos felizes para sempre...
Naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã sautée, acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria, pensando consigo mesma:
- Eu, hein?... nem morta!
Luís Fernando Veríssimo
Entre um homem moço e uma mulher bonita, a amizade pura, a amizade intelectual é impossível. O homem e a mulher são, fundamentalmente, irredutivelmente, inimigos. Só se aproximam para se amar - ou para se devorar.
Júlio Dantas
Uma mulher bonita e fiel é tão rara como a tradução perfeita de um poema. Geralmente, a tradução não é bonita se é fiel e não é fiel se é bonita.
William Maugham
A mulher é como a tua sombra: se corres atrás dela, ela correrá à tua frente, se corres à frente dela, ela vem atrás de ti.
Alfred de Musset
A mulher é uma substância tal, que, por mais que a estudes, sempre encontrarás nela alguma coisa totalmente nova.
Léon Tolstoi
O arqueólogo é o melhor marido que uma mulher pode ter; quanto mais velha ela fica, mais interesse ele tem por ela.
Agatha Christie
Toda a mulher acaba por ficar igual à sua própria mãe. Essa é a sua tragédia. Nenhum homem fica igual à sua própria mãe. Essa é a sua tragédia.
Oscar Wilde
Quando o homem sabe que certa mulher já cedeu a alguém, ele não resiste em verificar se a história se repete.
Millôr Fernandes
Certas mulheres podem falar horas a fio sobre qualquer assunto. A minha mulher nem precisa de assunto.
Sam Larenson
Os anos que uma mulher subtrai à sua idade não são perdidos. Ela acrescenta-os à idade de outras mulheres.
Diana de Poitiers
Quando a mulher se casa novamente, é porque odiava o primeiro marido. Quando o homem volta a se casar, é porque adorava a primeira esposa. As mulheres tentam a sorte; os homens põem em risco a sua.
Oscar Wilde
O que mexe com a libido das mulheres não é a beleza física é a inteligência. Tanto que revista de homem nu só vende para gays.
Pedro Bial
Se não fosse as mulheres, o homem ainda estaria agachado em uma caverna comendo carne crua. Nós só construímos a civilização com fim de impressionar nossas namoradas.
Orson Wells
Era uma vez
uma mulher que
via um futuro grandioso
para cada homem
que a tocava.
Um dia
ela se tocou
Alice Ruiz
domingo, 7 de março de 2010
Sobre Pessoas - 10
Do livro de crônicas "Sobre Pessoas", do escritor Antonio Torres
![]() |
De Barão do Rio Branco |

E mais:
“Todo êxito de sua vida resultou do estudo e do trabalho, da meditação e da experiência nas atividades a que se devotou”.
Ele nasceu em 1845, no Rio de Janeiro, onde faleceu em 1912, ano em que a Avenida Central, no centro da cidade, passou a se chamar Rio Branco, em sua homenagem, como aconteceu com a hoje capital do Acre. Foi aluno do Colégio Pedro II – e mais tarde seu professor. Estudou na Faculdade de São Paulo e formou-se em Recife. Historiador e geógrafo, elegeu-se deputado por Mato Grosso, em duas legislaturas. Em 1869, participou da fundação do jornal A Nação. Ministro das Relações Exteriores em três governos republicanos sucessivos, deu o contorno definitivo ao mapa do Brasil, dilatando as nossas fronteiras de forma pacífica.
Graças às suas gestões diplomáticas, a política externa do país no último decênio do século 19 e no primeiro do século 20 alcançou um grande sucesso. E o território nacional ganhou cerca de um milhão de quilômetros quadrados, sem derramamento de sangue em disputas com a Argentina, Peru e Bolívia, ou com a França, em função da nossa divisa com a Guiana Francesa.
Este erudito que se tornou membro da ABL e queria ser tão somente um estudioso, teve um currículo impressionante. Viveu vinte e seis anos no exterior. Cônsul em Liverpool, Comissário do Governo Imperial em São Petersburgo, Ministro em Berlim, além de outros envolvimentos em trabalhos de representação (Suíça, EUA), leu, pesquisou, aprendeu idiomas estrangeiros e escreveu muito. Quando surgiu o Jornal do Brasil, em 1891, fundado pelo seu amigo Rodolfo Dantas, deu início às suas Efemérides brasileiras, publicadas em livro no ano seguinte. Suas conferências e publicações na Europa deram-lhe fama mundial.
Rui Barbosa chegou a apresentá-lo como candidato à presidência da República – por ser “um nome universal, uma reputação imaculada, uma glória brasileira de popularidade sem rival” etc. O Barão não se curvou a tão glorificante louvação. Recusou a candidatura. Mas, diplomaticamente, convidou o Conselheiro para beber uma cervejinha no Bico Doce, que ainda existe, no Beco das Cancelas, uma passagem da Rua do Rosário para a Buenos Aires, no Centro do Rio. No histórico daquele bar centenário, consta que os dois costumavam freqüentá-lo. Só que Rui Barbosa era um mau bebedor, diz a lenda, por ser fraco para a bebida. Quanto ao fígado do Barão, suportava os teores alcoólicos sem maiores problemas. Ainda assim ele pegava leve.
Pois é. O “maior assunto do Brasil” deu nome a um território (o atual estado de Roraima), a uma Copa de futebol que já foi disputada entre a nossa seleção e a do Uruguai, a um município de Mato Grosso, a um forte em São Luís (Ma), ao instituto que forma os nossos diplomatas e à condecoração máxima com a qual um brasileiro pode ser distinguido, a Ordem de Rio Branco, minimizada até ao rés do chão pela diplomacia contemporânea, ao conferi-la a um deputado de baixa estatura política, de quem alguém que conheça a sua folha corrida jamais lhe compraria um carro usado.
Se na tumba do grande homem ainda resta ossos, imaginemos o quanto não devem ter chacoalhado, em retumbante horror.
sexta-feira, 5 de março de 2010
HOMENS, UNÍ-VOS!
![]() |
De Dia internacional da mulher |
O meu amigo Chuchu agia em consonância com o nome, sem se importar com o que pensavam os seus vizinhos, inclusive eu que, vez ou outra, cogitava lhe chamar a atenção para o fato, porém o mesmo fazia questão de viver sob a coleira da mulher. Uma simples decisão, como a de parar um instante no boteco ao lado de casa para molhar a garganta com os amigos, havia de passar pela permissão da cara-metade, mesmo estando ele morrendo de vontade de entrar. Ela era o fator determinante de sua personalidade e assim ele viveu (ou pensou que viveu) até o dia que ela, cansada de tanta submissão do marido e querendo ser dominada por um homem de verdade, arrumou as malas e fugiu com o pé de pano, deixando Chuchu com o ônus da desonra, além de ser objeto principal dos comentários jocosos da vizinhança por longo tempo, pois, soube-se depois, que o tinhoso ricardão era uma amiga do casal.
– Ele não era mole só nas atitudes. Ser corno de mulher é a pior coisa que pode acontecer a um homem – diziam as más e também boas línguas quando ele passava, cabisbaixo, soturno, como a carregar todo o peso do mundo nas costas.
Essa ocorrência data de trinta anos atrás e Chuchu morreu no ano passado sem se aventurar em novo casamento. A decepção fora tanta que seria compreensível se tivesse virado a casaca também, mas como já estava cheio de cabelos brancos, ia precisar de muita grana para poder arranjar um bofe de bons bofes.
O que aconteceu com ele foi só um exemplo dentre milhares, e por isso todo dia coloco minha barba de molho. Nenhuma relação se sustenta na dominação, seja de que lado for, embora minha cara-metade reclame, vez ou outra, do chip que coloquei na sua perna para mantê-la sob controle vinte e quatro horas por dia, via GPS. Que se há de fazer? Malandro que é malandro não dorme de touca. Canja de galinha e precaução não fazem mal a ninguém. Ou, como cantava o refrão daquele samba dos anos setenta: “A nega é minha, ninguém tasca, eu vi primeiro”.
Mulher bonita, boa e liberal faz o homem gemer sem sentir dor e, por causa desse axioma irrefutável, é a preferida nas cantadas e investidas de umas e outros nos bailes e bares da vida, independente de serem solteiras, viúvas, casadas ou que costuram para fora. Ficam na espreita feito caçador à espera da caça, aguardando o momento oportuno para darem o bote. São atenciosos, doces, melosos, e dizem ter a solução para todos os problemas da vida.
Nós, homens, precisamos reivindicar a criação de vários dias do homem ma-cho-cho, com direito a feriado nacional, divulgação na imprensa internacional e caminhada mais barulhenta e concorrida do que a parada gay. Lutemos pelo orgasmo múltiplo, livre, e distribuição gratuita de Viagra nos postos de saúde para que as mulheres se sintam incentivadas a escrever loas ao nosso dia, listando e enaltecendo nossas qualidades. O Governo deverá criar cotas para o Homem com agá maiúsculo nas universidades federais. E, finalmente, quando um casal hétero for barrado numa boate GLS, a casa deve ser fechada e os responsáveis processados por discriminar a minoria.
Fiquemos antenados porque a concorrência é acirrada e desleal, principalmente das mulheres com excesso de testosterona. Além de elas conhecerem melhor a alma feminina, pois, querendo ou não nasceram com uma, frequentam o mesmo banheiro do boteco, onde se desnudam sem o menor pudor e falam de suas intimidades em cumplicidade de amantes, embora a candidata a sandaliazinha não tenha malícia em suas ações e atenções, até então, inocentes, tal qual Chapeuzinho Vermelho sendo conduzida (e induzida) pelo lobo mau.
Portanto, tratemo-las com deferência, não só no dia internacional da mulher, mas nos trezentos e sessenta e quatro dias, seis horas e cinquenta segundos seguintes, sem esmorecer, porém. Como dizia o camarada Che: “Hay que endurecer sin perder la ternura jamás”. Quando sua mulher o chamar para lavar os pratos, grite bem abusado para que seus amigos e a vizinhança saibam quem é que fala mais alto na sua casa:
– Já vou, meu bem!