quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Edna Lopes - O crime compensa

Toda estória tem sempre algum vilão
Que no final se dá é bem
Novela de televisão, livro e cinema
O crime é a maior diversão
O crime compensa e recompensa
                           O crime compensa - Léo Jaime

Peço desculpas, meu Filho. Jamais ouvirá de sua mãe e de seu pai que O CRIME COMPENSA, mas 265 deputados federais disseram que sim ao negarem o pedido de cassação da deputada Jaqueline Roriz do DEM do DF, mesmo flagrada recebendo dinheiro do mensalão.

Peço desculpas, meu Filho, por esses 265 representantes do povo (?) afirmarem com sua ação conivente e criminosa que ter um mandato político é ter salvo conduto para a desonestidade, para a bandidagem de colarinho (nesse caso, quem sabe, gola rolê) branco. 

Peço desculpas pela defesa esfarrapada, o argumento pífio para justificar o ato desonesto proferido pelo advogado: "Ato praticado fora do exercício parlamentar não tem poder de configurar um ato atentatório ao decoro e à ética parlamentar”

Disse Rui Barbosa em discurso no senado em 1914: "De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto".

Jamais terei vergonha de ser honesta, de lutar pelo que é correto e justo, meu Filho. Não tenha também! Que as palavras do poeta Agostinho Neto encontrem eco no seu coração assim como encontra no meu:

"Não basta que seja pura e justa
a nossa causa.
É necessário que a pureza e a justiça
existam dentro de nós."

Ps. Quem dera pudesse escrever só cartas de amor...


quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Maurício Melo - A César o que é de César

O folclore político mineiro está repleto de historinhas do genial José Maria Alkmin. Político de longo curso, mais estrada tinha nas tiradas sempre bem humoradas. É dele um lema que constantemente adoto: “Reunião não resolve nada. A gente primeira decide depois se reúne”. No entanto sua frase talvez mais famosa, por conta dos ares filosofais, diz que “não importa os fatos, mas a versão dos fatos”.

Conta-se que um dia Gustavo Capanema teria cobrado de Alkmin a autoria da frase. E ele implacável: “Você pode ter dito lá nas grotas, no interior, mas aqui na capital fui eu quem disse primeiro, o que só confirma a verdade de nossa frase.” Tá explicado.

Esse negócio de autoria é sempre um complicador. Que o diga Gustavo Krause. Denunciado pelo seriíssimo hebdomadário Papa-Figo, do Recife, como proprietário de um certo Bank Krause sediado na Alemanha, o ex-ministro não perdeu a pose. Telefonou para Bione, proprietário, redator e office-boy do tal jornal, para oferecer empréstimos e outras vantagens financeiras. O repórter negou-se a receber qualquer propina do suposto banqueiro. E voltou a denunciá-lo no jornal, como qualquer jornalista probo, impoluto, cônscio de seu ofício.

Gustavo, boêmio assumido, sem nada de banqueiro, tem alma de poeta. Por isso acreditei ser de sua autoria uma frase belíssima. Depois de passar pelo Ministério do Meio Ambiente no primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso, foi convidado para continuar na equipe de ministros que estava se armando para o segundo mandato do sociólogo. Recusou o convite e provocado por um jornalista foi taxativo em dizer que não gostaria de morar em Brasília, pois “na terra em que o mar não bate, não bate meu coração”. Uma maravilha de frase.

Passei a repetir a frase citando o suposto autor. Tempos depois, ouvindo o primeiro LP de Gilberto Gil, Louvação, lançado em 1967, remasterizado em CD, estava lá uma impecável canção, Beira-Mar, com música de Gil sobre poema de Caetano Veloso, e logo no primeiro verso “na terra em que o mar…”
Engoli em seco. Sem qualquer autorização de Gustavo, creditava a ele um verso de Caetano. Essa minha mania de falar pelos cotovelos criava-me mais uma complicação, enfim.

Esta não foi minha única, nem certamente será a última confusão em creditar autorias. Às vezes confundo autores, digo de um histórias acontecidas com outro, uma confusão danada, um inesgotável repertório de equívocos, mas tudo em nome de uma boa conversa, tudo por conta de confiar numa memória que não é lá tão generosa. Por conta disso, desconfiado de mim mesmo, também escondo algumas descobertas e evito o constrangimento de passar por mentiroso.

Deu-se um fato desses quando, profundamente impactado pela leitura do Romance d’A Pedra do Reino, de Ariano Suassuna, isso lá pelo início da década de 1980. Durante semanas, eu, já um monotemático empedernido, só falava do livro. O sujeito contava de futebol e eu inventava como seria um partida com Quaderna, um outro dizia de política e eu salientava que o pior tinha se dado no sertão de Pernambuco. A obsessão era tanta que até Orlando Tejo perdeu a paciência e me encarou: “Maurício vou pedir ao Ariano para escrever outro romance, pois só assim você muda de assunto.”

Mudei, mas fiquei ruminando calado um erro desgraçado que tinha no livro. Domando meus impulsos, guardei segredo por anos. 

O diabo quando não vem manda o secretário, ensina o povo. Pois bem, o poeta Marcus Accioly fazia uma visita à casa de minha rapariga. Explico. Eu alugava uma sala onde guardava meus livros e dizia ser ali a casa de minha amante, pois somente me dava prazer e grandes baixas na conta bancária, como, aliás, acontece até hoje.

Voltando à visita, Marcus aponta o romance de Ariano e pergunta se eu tinha percebido o erro das mãos postas. Percebera sim.

Tiro o trecho da página 79 da quinta edição: “Em seguida, José Viera pega um filho de dez anos, coloca-o na Pedra dos Sacrifícios e decepa-lhe o braço do primeiro golpe. A vítima, ajoelhando-se, bradava-lhe, de mãos postas: ‘Meu Pai, você não dizia que me queria tanto bem?’”. Essa história do filho, com o braço decepado, rogar de mãos postas incomodava-me e eu não tinha coragem de falar do assunto até que apareceu o poeta, mas logo voltei ao meu silêncio.

O alívio só veio quando li Folk-Lore Pernambucano, de Pereira da Costa. Está lá a crônica de um autor anônimo sobre a Pedra do Reino com o famigerado trecho do braço decepado e das mãos postas.
Agora danou-se, seria Ariano um plagiário? Voltei ao romance. Antes de contar toda a saga, pela voz do narrador Quaderna, o mestre conta que para falar do episódio sangrento recorrera a outros autores, inclusive Pereira da Costa. Ou seja, tudo não passou de uma desatenção deste mau leitor que vos escreve.

Cada dia que passa convenço-me mais ainda que devo voltar urgentemente a reler a Bíblia. Moacyr Scliar dizia que ali que pescou muitas das histórias que contou, mas esta não seria minha motivação. Também não me estimula seus conceitos religiosos. Buscaria no livro o fantástico ensinamento de vida que encerra cada uma de suas páginas.

E também é lá que a gente aprende, enfim, a dar a César o que é de César.


segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O vento do mar [Ledo Ivo]


De Ledo Ivo - O vento do mar


O VENTO DO MAR - Por Fábio Coutinho 
"Como costuma dizer o jornalista Elio Gaspari, há um grande livro na praça. Pesquisado, selecionado e organizado pelas mãos competentes e caprichosas de Monique Cordeiro Figueiredo Mendes, O VENTO DO MAR reúne as memórias literárias e pessoais de Lêdo Ivo, o poeta, contista, romancista e ensaísta alagoano radicado no Rio de Janeiro desde 1943. A edição, belíssima, é resultado de uma feliz parceria da Contra Capa com a Academia Brasileira de Letras, para a qual Lêdo foi eleito, por unanimidade, em 1986.
Além da primorosa seleção de textos em prosa e verso, a obra expõe um rico acervo iconográfico, refletindo as incontáveis andanças do escritor pelo Brasil e pelo mundo, viajante culto, curioso e incansável que sempre foi. As capas de seus inúmeros livros, traduzidos em vários países e nos mais diversos idiomas, também figuram na edição, permitindo ao leitor percorrer um fascinante itinerário editorial, revelador do interesse alienígena por um dos nomes centrais de nossas letras contemporâneas.
Os perfis de confrades e amigos falecidos são simplesmente irretocáveis, confirmando a sentença irrecorrível de Antonio Candido, que certa feita advertiu que "Lêdo Ivo escreve num dos estilos mais belos e originais que possuímos". A seleta de ensaios (CARTILHA DE PASÁRGADA) sobre a poesia de Manuel Bandeira justificaria um livro à parte, assim como registro especial merece a história de amor vivida pelo poeta com Lêda, companheira de mais de meio século e mãe de seus três filhos, e a respeito de quem o marido eternamente apaixonado declara: "Eu a amei desde o primeiro instante em que a vi."
Há, ainda, uma antologia poética de tirar o chapéu, intitulada OS SINOS DE MACEIÓ, justa e incontida celebração da terra natal do grande vate. Nela, estão presentes o mar e os navios, o vento e as ruas tortas, o farol desaparecido e os caranguejos dos mangues, os morcegos e o mormaço, o porto e as lagunas. E, nas palavras do próprio Lêdo Ivo, "(...) um tesouro que não está escondido nas dunas: a nossa alagoanidade, a nossa maneira de ser e estar, amar e odiar, viver e morrer. E guardamos um segredo, um mistério, um encantamento, uma alegria e uma dor que são nossos, exclusivamente nossos, de quem nasceu em nossas terras moles ou junto às nossas águas. E o nosso emblema é o vento do mar."
Da generosa varanda de seu apartamento carioca da Rua Fernando Ferrari, contemplando a indescritível enseada de Botafogo, o colossal bardo alagoano ainda aspira, décadas após a partida sem volta, o vento do mar de Maceió."

Fabio de Sousa Coutinho, advogado e bibliófilo, é membro titular do PEN Clube do Brasil e do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal.

VENTO DO MAR, O
Formato: Livro
Autor: IVO, LEDO
Organizador: MENDES, MONIQUE CORDEIRO FIGUEIREDO
Editora: CONTRA CAPA
Assunto: BIOGRAFIAS/AUTOBIOGRAFIAS/DIÁRIOS/MEMÓRIAS/CARTAS
ISBN: 8577400964
ISBN-13: 9788577400966
Idioma: Livro em português
Encadernação: Brochura
Dimensão: 22,5 x 16 cm
Peso: 0,930 kg
Edição: 1ª
Ano de Lançamento: 2011
Número de páginas: 312
Preço: 52 reais.


sábado, 27 de agosto de 2011

Cenas Urbanas

Cansado com o bater de pernas no shopping center, o velho roceiro sentou-se na escada rolante para descansar.

Esperou toda a manhã e mais uma parte da tarde até entender que Sete Portas era o bairro e não a quantidade de portas no ônibus.

Descobriu que atravessar a rua seguindo o guarda era mais seguro. Um dia o guarda atrasou e ele seguiu uma loira de farmácia que balançava os quadris. Do outro lado da rua ela o arrastou pelo braço e falou firme:

– Escuta aqui, ô meu: comigo é cinquenta pratas, morou?!
– Ah! É? Então vou esperar o guarda que vou de graça.

Engana-se quem pensa que o bairro do Pau Miúdo, em Salvador, tem origem nipônica.

Passou quinze dias na cidade grande e ao voltar pra roça estranhou a movimentação dos animais no terreiro:

– Manhê, que bicho é esse?!
– Ô, minha filha, vai dizer que não sabe mais o que é uma galinha?
– Nossa, mãe! Como as galinhas daqui são diferentes!


sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Enquanto isso, pelas ruas da Velha Bahia...


De Pichação

Um continho pequenininho

Deu o dinheiro ao filho e ordenou:

– Amnésio, vá na venda de compadre Nelo e traga um quilo de açúcar. Açúcar, seu cabeça de vento! Não vá me trazer outra coisa como você faz! Vá falando até lá: açúcar, açúcar, açúcar...

Amnésio pegou o dinheiro e saiu em disparada, seguindo à risca o conselho da mãe:

– Açúcar, açúcar, açúcar...

Se Amnésio  morasse em Itabira, haveria uma pedra no meio do caminho. Mas no arraial do Junco havia mesmo era um cachorro metido a brabo no meio da rua:

– Cachorro, Cão, sai da frente e me deixa comprar o meu... sabão, sabão, sabão...


terça-feira, 23 de agosto de 2011

Cineas Santos - História de mil e um amores

Ao poeta Paulo Machado

Permitam-me iniciar esta arenga parafraseando Quintana: quem ama reinventa, a cada instante, a coisa amada. Gosto de reinventar Teresina, imaginando-a uma colcha de retalhos costurada, carinhosamente, por milhares de mãos, mãos de todas as cores e procedências. A mão fidalga de José Antônio Saraiva assinando o decreto de transferência da capital da província dos ermos sertões de dentro para a esplanada da Chapada do Corisco; a mão firme de mestre Isidoro França traçando o quadrilátero inicial, sob um rústico teto de palhas; as mãos suaves do vigário Mamede Antônio de Lima abençoando a pedra fundamental da igreja do Amparo; as mãos ásperas de centenas de escravos sulcando a terra para plantar nela sonhos que não eram seus... Reinvento uma cidade luminosa brotando do chão da chapada, sob o inclemente sol de agosto, para tornar-se maternal e acolhedora.

Mas essa história já foi contada e recontada por historiadores, poetas e cronistas de reconhecido brilho. Nada tenho a acrescentar. Falemos, pois, do menino velho que, numa esplendente manhã de maio do ano 65, foi despejado na Praça Saraiva onde ninguém o esperava. Falemos do sujo das estradas grudado nas retinas e do medo vazando por todos os poros. Falemos da cidade hostil onde mil esfinges gritavam em uníssono: “Decifra-me ou te devoro”. E o menino, atônito, indefeso e só, ajoelha-se, no adro da igreja de N. S. das Dores, à espera do golpe fatal que, felizmente, não veio. Em vez do cutelo, a cidade lhe ofereceu colo...

Mas deixemos o menino velho em suas deambulações e falemos, ao sabor das lembranças, de algumas figuras notáveis que deram um perfil e uma identidade a Teresina. Falemos de: A. Tito Filho, o cronista da “Cidade Amada”, com aquele amor possessivo, quase passional, capaz de inventar, para uso próprio, o verbo teresinar; de D. Avelar Brandão Vilela, o pastor de voz reconhecível que apascentava o rebanho da urbe com a “Oração por um dia feliz”; de Mons. Chaves, responsável pela imponência da Igreja do Amparo, o historiador que deu voz ao povo do Piauí; do Prof. Camilo Filho, a melhor tradução da cidade, com seu sorriso farto e a indeclinável vocação para o diálogo; de mestre Odilon Nunes, silencioso, encurvado sobre alfarrábios, na Casa Anísio Brito, colhendo pérolas que seriam lançadas aos próceres; de Wall Ferraz, o prefeito durão, com vocação para donatário; de Marcílio Flávio de Rangel Farias, o “forasteiro” que, ao descobrir que aqui jorrava água potável das torneiras, fez-se o mais apaixonado dos teresinenses; de mestre Manoel Luciano, autor da mais bela toada que já se fez para a cidade. Impossível, em espaço tão curto, falar de todos os que amaram e amam esta cidade, reinventando-a incessantemente.

Esqueçamos, de vez, o menino velho com sua arenga interminável. Passemos a palavra ao poeta Moura Rego, de saudosa memória: “Não quero flor nem brilhante/ Quero carinhos de amante/ Para o mais fino louvor. / A quem já nasceu prendada/ A ti minha namorada, / Teresina, meu amor”. 

Nota do blog: esta crônica era para ter sido publicada na semana passada, aniversário de Teresina, porém o blogueiro encontra-se em viagem e somente agora teve acesso à internet. Desculpas ao Cineas Santos e aos leitores. 





segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Relembrando a velha guarda

Rolando Boldrin iniciou seu programa Sr. Brasil, na manhã de ontem, homenageando Geraldo, do Titulares do Ritmo, conjunto vocal que fez muito sucesso na década de setenta, do século passado. 

O conjunto Titulares do Ritmo, fundado em 1941 em Belo Horizonte, era formado por Chico, Geraldo,Domingos, João Cândido, Joaquim Alves, Sóter Cordeiro (dois cearenses, um baiano e três mineiros), e eram todos cegos de nascença. O primeiro grande sucesso nacional do grupo e que até hoje ainda é cantado, é a música "A taça do mundo é nossa", de 1958. 

Geraldo de Oliveira é o flautista afinadíssimo da música mais famosa de Rolando Boldrin, Vide Vida Marvada, e que a 30 anos faz parte da abertura do programa do mesmo. Geraldo morreu em 8 de abril deste ano, aos 79 anos de idade. 

domingo, 14 de agosto de 2011

Eliane Brum - O dia do medo macho

Quando li nos jornais que a Câmara de Vereadores de São Paulo tinha aprovado um projeto de lei criando o “Dia do Orgulho Hétero”, minha primeira reação foi de indignação. Como cidadã que tem crises de bronquite por causa da poluição da cidade, em que ônibus, carros e caminhões circulam deixando nuvens de fumaça com monóxido de carbono, entre outras porcarias, sem que ninguém pareça fiscalizar. Como cidadã que tropeça nos buracos de calçadas quando anda a pé e já sofreu trancos na coluna quando anda de carro por causa da péssima pavimentação das ruas. Como cidadã que passa horas todo dia num trânsito empacado e é empurrada e machucada em trens e ônibus lotados porque o transporte público é insuficiente e ineficiente e a população que dele depende é tratada como gado. Como cidadã que testemunha a péssima qualidade da educação pública e do atendimento nos postos de saúde. Como cidadã que sofre nos períodos de seca com a qualidade do ar, mas teme a chuva porque ano após ano os mais pobres morrem soterrados ou têm suas casas destruídas por causa do descaso do poder público e de obras adiadas. Como cidadã que vive tudo isso na cidade mais rica de um país que é a sétima economia do mundo, ao ler a notícia minha primeira reação foi de indignação.

Afinal, será que os vereadores que deveriam honrar o voto da população não têm problemas reais para discutir no seu tempo muito bem pago com dinheiro público? Mais ainda ao saber que o autor do projeto, o vereador Carlos Apolinario (DEM) apresentou a proposta em 2005 e só conseguiu aprová-la, em primeira votação, no ano de 2007. Botou de novo a proposta em discussão em junho deste ano e, desde então, segundo a imprensa paulistana, estava emperrando a análise de outros projetos para, como chegou a ser dito, “vencer pelo cansaço”.

Para ler a matéria completa, click no link abaixo:

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI255579-15230,00-O+DIA+DO+MEDO+MACHO.html

ELIANE BRUM é jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem. É autora de um romance - Uma Duas (Le Ya) - e de três livros de reportagem: Coluna Prestes – O Avesso da Lenda (Artes e Ofícios), A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua (Globo). E codiretora de dois documentários: Uma História Severina e Gretchen Filme Estrada.

E-mail: elianebrum@uol.com.br
Twitter: @brumelianebrum



sábado, 13 de agosto de 2011

Grande encontro cultural dos junqueses na capital baiana



Enquanto aguardava o preenchimento da nota fiscal na loja de material de informática, puxou conversa com o vendedor, que depois veio a saber tratar-se do proprietário. Entre a conveniência financeira de um “upgrade” do seu computador e o retorno do time do Bahia à primeira divisão do campeonato brasileiro, a conversa descambou para o São João, que se aproximava.

– Pretendo passar o São João em Santo Estevão, terra dos meus avós – falou o dono da loja.
– Eu vou para a minha terra, Sátiro Dias – disse o cliente.
– Sátiro Dias?! Você é de lá?
– Sou.
– Tenho um tio que é casado com uma moça de lá. Ela é da família Torres.
– Então eu devo conhecer.

Naquele instante descobrira a força da terra. Da sua terra. Em pleno centro nevrálgico de Salvador alguém que ele nunca vira tinha relações de afinidade com os seus parentes. Sim, porque lá no Junco todo mundo descende do mesmo saco genético, todo mundo é parente. Talvez esteja aí a razão do grande sucesso do primeiro encontro dos amigos e conterrâneos de Sátiro Dias, realizado por ele no ano passado. A terra é fértil e se ramificou em toda a parte, principalmente na capital do estado. Para cada habitante que ficou, há vinte que honram o nome do lugar em terras alhures.

Este ano o encontro será no próximo sábado, 20, no  Empório Arvoredo – Armazém do Interior, no Imbuí, a partir de uma e meia da tarde, onde haverá homenagens, shows musicais e o tão esperado lançamento do livro “Letras do Junco – antologia do conto sertanejo”, uma seleção de contos de treze autores da terra, idealizado por este escriba que vos escreve juntamente com o batalhador cultural Luiz Eudes, cuja responsabilidade da seleção, quanto da publicação ficou a cargo do mesmo. Com prefácio generoso do grande escritor da terra, Antonio Torres, orelha escrita pelo prefeito, um entusiasta das lides culturais, o livro conta com a participação de autores do velho Junco publicados Brasil adentro e até mesmo na Europa, como é o caso de Décio Torres, que atualmente faz pós-doutorado na Inglaterra e tem dois livros publicados na Alemanha e França. Tem também a estreia surpreendente de Nanty Andrade e Eryca Giuliany, que, na avaliação de Antonio Torres, são duas promessas na literatura sertaneja. 

Marcelo Torres, o jornalista e escritor radicado em Brasília e que atualmente não sai das páginas culturais do Planalto Central (ainda retumba seu livro “O bê-á-bá de Brasília”) faz participação especial e até mesmo Tico de Tiago, que assina José Pedreira da Cruz, deixou a garoa paulista pra narrar um conto do sertão.

O menino Evânio, lá das Gerais, Ademilton, em Conquista,  minha sobrinha Ana Lúcia, de Salvador, Alan Andrade, também responsável pela belíssima capa, a poetisa Cristiana Alves, levando a música erudita para o Junco e, como não poderia deixar de ser, Luiz Eudes, o qual lhe dedico umas mal traçadas linhas, por ser ele o responsável pela concretização dessa coletânea do conto sertanez, como diria Elomar.

Luiz Eudes é um paulista radicado no Junco desde quando usava fraldas. Descende das várias famílias que formaram o caldeirão genético junquês. Graças ao seu empenho incansável, o Junco tem hoje uma biblioteca pública e um departamento de cultura, que já teve seus grandes dias de glória. E, graças a ele, deve sair ainda este ano a primeira feira literária, coisa inédita no sertão do Nordeste.

Charles Cruz, o idealizador do encontro na Velhacap, é um junquês radicado em Salvador e que tem boa circulação entre os políticos, empresários e comunicadores, o tripé que garante o sucesso de qualquer evento. Assim, graças ao empenho desse ex-comedor de rapadura e de mangaba do tabuleiro, a capital baiana uma vez por ano é tomada festivamente pela alegria do reencontro de pessoas que foram separadas pelas necessidades da vida.

Vida longa ao evento e aos seus participantes.

Cineas Santos - A crueza dos contrastes

Na semana passada, presenciei dois fatos que, sem nada em comum, alertaram-me sobre os contrastes que marcam o cotidiano de Teresina. O primeiro: ao percorrer uma das avenidas mais agitadas da capital, ao meio-dia, me dei conta da loucura em que se transformou o trânsito da cidade. Ao longo de todo o trajeto, automóveis, ônibus, ciclistas e pedestres disputavam cada polegada de chão com aquela pressa suicida dos irresponsáveis. Buzinas, freadas, imprecações: um show imprudência e incivilidade. De repente, saído não se sabe de onde, um cidadão comum, encarapitado numa bicicleta desconjuntada, pedalava lentamente, alheio à fúria do trânsito. O sossego do ciclista já seria algo inusitado naquele universo caótico. Não bastasse isso, aquele homem, de idade inescrutável, transportava um jacá na garupa da bicicleta e, no jacá, cachos de tucum. Para os mais jovens, tucum é um coquinho delicioso, isso se o freguês conseguir quebrar-lhe a casca, dura como pedra. O ciclista era um prosaico vendedor de tucum. Até o início da década de 90, a cena nada teria de extraordinária: nas ruas de Teresina, vendedores de bacuri, bacupari, pequi, pitomba, umbu, cajá e outras frutas silvestres disputavam os fregueses no grito. Um comércio informal com cheiro, cor e gosto reconhecíveis à distância. Parei o carro e acompanhei a trajetória do vendedor até onde a vista me permitiu. Ninguém parecia interessado na sua “estranha” mercadoria.

O segundo fato, menos prosaico e mais preocupante: no domingo passado, saí com uma equipe de TV para fazer um documentário. Paramos numa rua, de aparência sossegada, no bairro São Pedro. Mal começamos a filmar, aproximou-se um cidadão que lavava um automóvel em frente a uma residência. Ao reconhecer-me, pediu desculpas por estar sem camisa, e me fez um pedido: Professor, faça uma matéria sobre o nosso bairro. Um pedido razoável que, sem maiores sacrifícios, poderia ser atendido na hora. Fiz apenas uma pergunta: Meu irmão, o que o seu bairro tem de interessante em matéria de arte, cultura? O cidadão, com um olhar de desespero, respondeu: Nada, professor. O que temos de sobra aqui é violência. Violência a qualquer hora do dia ou da noite. Minha mulher foi assaltada na porta de casa; uma sobrinha do diretor da Faculdade Santo Agostinho foi assaltada na entrada da garagem do prédio... E desandou a falar sobre a violência que aterroriza os moradores da rua. Até aí, nada de extraordinário: Teresina, hoje, é uma das capitais mais violentas do país, embora a propaganda oficial diga exatamente o contrário. Extraordinário foi saber que aquele cidadão aflito é um policial civil. Em tese, o policial deveria ser a presença, ainda que simbólica, da segurança pública naquela rua triste. Na prática, um homem apavorado, pedindo socorro a uma equipe de TV. Um tanto constrangido, expliquei-lhe que o programa que apresento – Feito em Casa – não tem o viés mundo-cão. Desacorçoado, o moço retirou-se, deixando no ar o lamento: Desculpe incomodá-lo, professor, eu tinha esperança de que o senhor pudesse fazer alguma coisa por nós. O desabafo daquele policial desarmado estragou-me o domingo.

Foi aí que me ocorreu a seguinte reflexão: os teresinenses vêm fazendo um esforço extraordinário para livrar Teresina do seu jeito provinciano de ser. Querem-na “moderna”: livre de quintais, de vendedores de frutas, de pipas no céu azul. Nada de cadeira na calçada, de bodega na esquina, de picolé caseiro, de banhos no Parnaíba... O que essa brava gente insiste em não ver é que o “progresso”, feito de concreto, de asfalto, de ruas entupidas de automóveis, de supermercados e shoppings, cobra um preço muito alto. A conta – o medo e o desassossego – será rateada entre todos nós.


quarta-feira, 10 de agosto de 2011

O que sei de Lula

[Texto reencaminhado por Antonio Torres. Encaminhamento original: José Nêumanne Pinto]


O jornalista, comentarista de rádio e TV, escritor e poeta José Nêumanne Pinto conheceu Luiz Inácio Lula da Silva em maio de 1975, pouco depois de este haver assumido a presidência do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo. Desde então, tem mantido contato profissional e pessoal – de início, mais estreito, depois limitado ao noticiário – com o personagem que ele considera o maior líder político do Brasil em todos os tempos.

Nos últimos meses do segundo mandato do ex-dirigente sindical e do Partido dos Trabalhadores na Presidência da República, Nêumanne resolveu escrever seu testemunho, com o qual pretende esclarecer o que fez dele o primeiro representante autêntico do homem do povo no poder mais alto. O que sei de Lula relata episódios inéditos, como a reunião de Lula com um emissário do Planalto no governo Figueiredo, o major Gilberto Zenkner, que tinha montado a rede de espionagem do Exército contra a guerrilha do PCdoB no Araguaia, no apartamento do jornalista Alexandre von Baumgarten, vítima de um atentado em alto mar, cuja autoria foi atribuída à chamada “comunidade de informações”. E acompanha a trajetória do menino retirante do sertão de Pernambuco à Praça dos Três Poderes à luz de fatos reais, e não da poeira mitológica com que se tentou cobrir, ao longo dos últimos 36 anos, a verdade histórica, posta a serviço da doutrinação ideológica.

O Lula que emerge das páginas deste livro não é o socialista que trocou a revolução pela carreira política de sucesso na democracia, mas sim um gênio da comunicação que conseguiu falar diretamente à alma e ao coração do homem comum, com sua experiência de convívio com a fome, a humilhação e o desemprego. Admirador declarado de Mahatma Gandhi e de Adolf Hitler, como confessou a um entrevistador à época em que liderava os metalúrgicos do ABC em greves que ajudaram a derrubar a ditadura militar no Brasil, tornou-se amigo de revolucionários como o cubano Fidel Castro e chegou a ser publicamente elogiado pelo presidente dos EUA, Barack Obama, que o chamou de “o cara”.

O texto deste livro acompanha as mudanças da “metamorfose ambulante”, expressão inspirada na canção do roqueiro Raul Seixas que o próprio líder adotou para se definir, que começou se negando a participar da campanha pela anistia dos exilados, proposta pelo general Golbery do Couto e Silva, e terminou levando ao poder um dos mais notórios deles, o ex-líder estudantil José Dirceu. “Nêumanne escreve porque esteve lá, diante do evento que estava sendo gerado. É irretorquível, portanto, o caráter conservador de Lula e de sua turma. Não dá, depois das páginas deste livro, para tagarelar em ‘esquerdês’ no caso do gárrulo presidente”, escreveu o filósofo e professor de ética Roberto Romano.

O profissional de televisão José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, definiu o livro como “fascinante na forma de narrar, no conteúdo sólido e na construção precisa e detalhada do personagem. Transcende ao Lula. É uma aula de política brasileira”. Segundo o cientista social Leôncio Martins Rodrigues, “neste livro, Nêumanne nos dá uma contribuição extraordinária para entendermos as idas e vindas de quem se definiu como metamorfose ambulante.

LANÇAMENTO NO RIO:

Terça-feira, 16 de agosto, a partir das 19h
Livraria da Travessa
Rua Visconde de Pirajá, 572/ Ipanema
Tel.: (21) 3205.9002

LANÇAMENTO EM S. PAULO:

Terça-feira, 23 de agosto, a partir das 19h
Livraria da Vila
Rua Fradique Coutinho, 915/ Vila Madalena
Tel.: (11) 3814.5811

O QUE SEI DE LULA
Autor: José Nêumanne Pinto
Editora: Topbooks
Formato: 16x23cm
Páginas: 522
ISBN: 978-85-7475-188-7
Preço: R$69,00

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Maurício Melo Júnior - Renunciar palavras, frases inteiras

Nas mãos repousavam os originais de um clássico. Um papel amarelado pelo tempo, descolorido pela ação de tantos dias, iluminado pelo olhar atento de incontáveis leitores. Um clássico. Na página agora frágil e preciosa, num tempo de muito ontem, o autor, determinado e conciso, riscou o título já impresso com a força da máquina tipográfica: O Mundo Coberto de Penas. Sobre a frase riscada, a nomeação definitiva: Vidas Seccas. Assim mesmo, com dois cês, como exigia a gramática da época. 1938.

Alguma mensagem ainda oculta naquele caminho tantas vezes percorrido? Segui em frente debatendo-me com outras tantos riscos, outras tantas correções, outras várias necessidades de se apurar a linguagem, secá-la, enxugá-la, extrair de cada palavra o máximo de suco e delícia. Um ofício danado de incertezas e revisões este de botar no papel as vidas imaginadas.

No mesmo dia me deitei sobre outro emaranhado de palavras escritas numa letra miúda, maldita, ilegível. Um caderno escolar pautado e ocupado da primeira à última página em todos os espaços possíveis. O autor devia ser muito pobre, posto ter economizado cada milímetro do papel, como se temesse faltar brancura onde pontear suas idéias. Branco mesmo, de fato, somente parte da primeira página onde se podia ler com alguma clareza uma única frase: Memórias de um Menino de Engenho, com um risco forte cortando as três primeiras palavras.

Como daquele mato não me pareceu possível retirar algum coelho, parti para outro encanto. Um volume massudo, gordo, farto, coronelístico. A primeira palavra do texto datilografado com esmero foi preservada: Nonada. Também o título, desenhado com caneta colorida, em letra de forma, com certa simetria sobre o papel – Grande Sertão: Veredas.

O que se seguia depois do Nonada era um desembestar de riscos feitos com a precisão de uma régua. Cada uma daquelas frases renunciadas era encoberta pela fúria de muitos riscos, inviabilizando em definitivo sua leitura. Sobrevivia apenas aquilo que era do desejo do autor. Nada além disso deveria prosperar, entrar para eternidade. Nonada, senhor, apenas não se deve correr o risco de macular uma obra com os erros possíveis de serem corrigidos, encobertos.

Num outro caderno, este preenchido na solidão de uma fazenda sertaneja por uma mocinha que tentava se livrar da ameaça de uma tuberculose, a letra de professora bem aplicada foi me dando lições de humanismo e brasilidade. A tal moça, na verdade, de bem comportada tinha apenas a letra e carinha inocente. Era uma danada. Primeiro burlava a vigilância paterna que a queria muito cedo na cama. Quando todos dormiam, ela, sorrateira, acendia uma lamparina e deitada no chão da sala viajava com sua criação.



O curioso é que numa conversa meio antiga a moça agora amadurecida e consagrada confessou-me não saber o paradeiro dos originais daquele livro que não gozava de sua simpatia. “É um livrinho chinfrim”, dizia prenhe de injusta modéstia. Pergunto então ao novo dono como aquilo chegou a sua imensa biblioteca. Contou-me uma estranha saga. Comprou de uma viúva a quem prometeu só revelar sua existência depois que a autora tivesse ido para o sempre. Assim fez e assim pude contemplar a renúncia de uma nordestinada bonita. No título escrito à mão podemos ler A Quinze, e sobre o A inicial um O soberano e definitivo.

Ler todas aquelas pérolas preenchidas de vacilos e determinações nos aponta para a carga humana que pesa sobre os ombros de seus autores.

Há pouco, queimando pestana com um Juazeiro centenário, li emocionado um texto ditado a um datilógrafo pelo padre milagreiro. Depois o patriarca do Cariri fez algumas correções no texto e o assinou. Era uma carta dirigida a um amigo com sugestões à Constituinte de 1932, entre elas um artigo proibindo a venda de terras brasileiras a qualquer estrangeiro, sobretudo quando estas terras estivessem em áreas de interesse primário da nação, como as matas, as vazantes dos rios, o litoral.
Quanta atualidade.

Momento houve em que velho amigo retirou da prateleira um baú de madeira pejado de papéis soltos e aparentemente desconexos. Telegramas escritos no verso, guardanapos de hotéis e restaurantes, folhas avulsas, algumas páginas datilografadas, um carnaval, um cafarnaum desgraçado. Só identifiquei que dali surgiu um livro clássico, o início de uma série fundamental e incompleta, quando li o papel envelhecido que cobria tudo aquilo: Casa-Grande & Senzala.

Seu autor publicou outros dois volumes, como se sabe, e morreu jurando que tinha escrito o quarto tomo: Mausoléus e Covas-Rasas, que teria sido roubado de sua casa. Bem desgraçado o certo ladrão de sabedorias. Havia ainda um livro com a iconografia necessária para melhor se entender a formação social do Brasil, mas este o mestre não conseguiu levar adiante.

Mergulhado nestas lembranças, sentindo o cheiro dos velhos papéis, revejo a solidão necessária ao escritor. Lidar com a palavra e suas armadilhas é ofício para quem ousa desafiar a eternidade. Indubitavelmente a morte nos espreita numa esquina. Ficarão os sonhos que deitamos no papel, caso nenhum deus do esquecimento queira nos brindar com suas graças. Mesmo assim ainda corremos o risco de alguma viúva nos resgatar do limbo.

E como o futuro parece ser uma ordem, uma artimanha da arte e do conhecimento, vale a pena tomar precauções e reescrever, reescrever, reescrever. Literatura é labuta para quem sabe renunciar a facilidades.


domingo, 7 de agosto de 2011

Ordens são ordens






– Quantos maços de cigarro você fuma por dia, meu amigo? – perguntou o médico.
– Fumo quatro maços de Minister, doutor! – respondeu o paciente.
– Pois a partir de hoje você vai ter que reduzir pra apenas um maço de “Minister” por dia. E isso é uma ordem médica, entendeu?
– Sim senhor!

Saiu do consultório disposto a seguir à risca a ordem médica: entrou na primeira tabacaria que encontrou e comprou um maço de “Minister” e três de “Hollywood”.


sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Comer ou se envenenar? Bem vindo ao agrotóxico ao molho

Não só peixe morre pela boca. Nem Nelson Jobim. O viajante solitário perguntou à caveira recostada na pedra, sob um sol causticante:

- Caveira, quem te mandou?
- Foi a boca, meu senhor!

Pois é. Documentário de Sílvio Tendler coloca à mesa o veneno nosso de cada dia. A cada garfada dada na mesa, um dia a menos na nossa vida. Mas não deixe de comer só por causa disso. Como dizia o poeta, "Que me perdoem os famintos, mas comer é fundamental".

Sílvio Tendler teve a coragem de denunciar; tenha você a coragem de ver e divulgar.