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sábado, 15 de novembro de 2025

DESENCANTOS

 Amiga,

A vida é um vai-e-vem constante
Como o pêndulo de um relógio
No seu vagar pra lá e pra cá.
Se os ponteiros modificam
A cadência do Tempo,
O seu eixo continua firme
A girar sobre si mesmo.
Nada lhe modifica o ritmo
Nem a sua maneira de ser,
Até mesmo a poesia
Desistiu de lhe seduzir.
 
Amiga,
Tudo nasceu para ter o seu fim
Desde quando massacraram todas as flores
Todas as verdades, todas as esperanças.
Todo sorriso é um falso sorriso
Quando se apaga no último cigarro
(que ainda está por ser aceso)
A última brasa da paixão.
 
Amiga,
Esperei por longas noites
Notícias que nunca vieram
Cartas que nunca chegaram...
O carteiro passa por mim indiferente
Como se nunca tivesse me visto.
 
Porém a vida é como o pêndulo do relógio
Que, movendo as engrenagens do Tempo,
Nos arrasta para o ápice da paixão.
Quem sabe se não posso te encontrar um dia
A vagar na última volta dos segundos?
 

 Alagoinhas, noite de 2 de agosto de 1986.