sábado, 1 de novembro de 2025

UMA BAÍA PARA TODOS OS SANTOS

Em 1501 a expedição do navegador Gonçalo Coelho, em mapeamento do achado de Cabral, sob o comando cartográfico de Américo Vespúcio, parou ao pé da Ladeira da Montanha para trocar o óleo e depois provar do tira-gosto de lambreta no Mercado Modelo, cuja fama do poder afrodisíaco desse marisco singrou os sete mares. Entre um copo de Januária e outro, um velho marinheiro, mascando fumo de Arapiraca, perguntou a uma das inúmeras mulheres suspeitas do Meia Três, então o brega mais famoso de Salvador, que ainda não se chamava Salvador nem era a capital da Bahia e nem existia no Google Maps nem no Wikipedia:

- Como é o nome dessa baía?

- Ô, meu rei, eu não sei não. Acho que não tem nome não. A gente chama só de Mar Grande.

Américo Vespúcio se interessou pela conversa:

- Que porra é essa?! Um lugar tão bonito e não tem nome? - foi uma "porra" histórica que até hoje ecoa nas bocas sujas baianas.

- É que a gente cansou de dar nome às coisas e depois os vereadores vêm e colocam nomes de políticos ou então dos seus parentes! - respondeu a dona do bordel.

- Então, já que não tem nome, dá-lo-ei em nome del-rey: que dia é hoje do mês? - perguntou ao velho marinheiro que acabara de lacrimejar e tossir por causa do molho de pimenta malagueta.

- Primeiro de novembro.

- Então chamar-se-á Baía de Todos os Santos.

- Baêêêêa, minha porra! – gritaram os nativos e cantaram o hino do Bahia que ia ser composto cinco séculos depois. Por isso que tem aquele verso que diz “ninguém nos vence em vibração”.