Imagem: O Amigo da Onça, de Péricles de Andrade Maranhão
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Diz a estória que dois caçadores, antigos amigos,
Onças pintadas na floresta estavam a caçar,
Quando um deles lembrou-se do iminente perigo
Caso a espingarda ou o tiro certeiro viesse a falhar.
– Uso a faca! – respondeu o outro, seco e destemido –
Sangro a onça no pescoço até atingir sua jugular.
– E se acaso a faca travar na bainha? – insistiu o amigo.
– Eu corro. Corro célere à procura de um seguro lugar.
– E se a onça renitente mais do que tu correr,
Como te livrarás em tempo do seu bote fatal?
– Subo numa árvore para nos galhos me esconder
Até ela desistir, ir embora, e passar o perigo real.
– E se o esperto felino na tua árvore subir
Que farás pra te livrar de infeliz venturança?
– Alto lá! Que queres provar, finório zumbi:
Tu és meu amigo ou amigo da onça?
II
De amigos da onça e salafrários o mundo pulula
Amigos ursos, abraços enganadores de tamanduá.
Na frente um sorriso permeado de suave candura,
Amigos são aqueles cujas portas nos abrem
Enquanto na vida outras portas nos são fechadas;
Ombro para o choro quando as lágrimas ardem
Nas tragédias pungentes da essência alquebrada.
É o afago espiritual, o sentido moral, a direção,
Quando nos perdemos em caminhos tortuosos.
O conforto da alma, gozo e pompa do coração,
Farta mesa de ambrosia e aperitivos saborosos.
Entre amigos os mais íntimos segredos inexistem;
Um cordão invisível prende seus régios umbigos.
Quando na noite a angústia e a solidão persistem,
Bate à porta, uma voz responde, oferece abrigo:
– Entre, fique à vontade, meu irmão, meu amigo!
Um comentário:
Lindo!
Quero que saiba que serei eternamente sua amiga, aja o que houver, pode contar sempre comigo!"amigos" são muitos, como você, amigo, são poucos!
A poesia expressa o que o poeta está sentindo, compreendo seus sentimentos, nesse momento!
Beijos fica com Deus!
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