quinta-feira, 28 de março de 2013

Fera Ferida


“O desamor é o espelho do orgulho ferido”
Konde Rasputin d’Latra Véia

Como não me lembro d’ocê, menina!? Você fazia aquela dieta radical para entrar na garrafa e emagreceu tanto que usava Band-aid como absorvente íntimo. Eu brincava com a fragilidade delgada do seu corpo quando lhe via desnuda e dizia “Se engordar vinte quilos fica magra!”, e você ria feliz, e me abraçava, e me beijava, e me amava, e dizia que eu era o Antonio Conselheiro da sua Canudos e que me amaria para sempre, mesmo que o Exército da República me destroçasse em mil pedaços nos seus canhões, e eu lhe respondia fazendo toc-toc na mesa das utopias: “Vira essa boca pra lá!”, e você me calava com um beijo e dizia: “Bobo!”, porém quis a mão do Destino me mostrar que o sempre só durou até o toque das cornetas em prenúncio de massacre, e você foi embora com o capitão inglês, sangrando meu coração com a baioneta do abandono, submergindo meu peito num açude de lágrimas, indiferente ao último apelo de um náufrago das ilusões desnudas:

- Por favor, deixe ao menos os discos de Elomar!


    

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