– O culhão é
pra quem é roncolho. O óculos é para quem é caolho. Os ósculos é para quem anda
beijando.
– Vixe! E o
amplexo?!
– Essa é de
doer.
– É a nossa
língua e suas armadilhas.
– Armadilha
é pouco. Quer ver: diga ao Moacyr que ele é heterossexual...
– Moacyr! –
gritou – Descobri que você é heterossexual!
–
Heterossexual é o seu pai! Me respeite que eu sou é macho!
– Então você
é homossexual?
– Com muito
orgulho.
– Tá vendo?
– falei – Outra palavrinha cabulosa é defenestrar?
– Essa eu me
esqueci.
– Jogar pela
janela.
– Ah! Sim.
Acho que só Braga, que é oficial da Marinha, sabe.
– Será?
– Pergunte.
– Capitão
Braga, quando você estava na Marinha, defenestrou muitos marinheiros?
– Que é
isso, rapaz?! Olha o respeito! Na Marinha não tem dessas coisas não! –
respondeu o capitão, visivelmente contrariado.
Se ele
reagiu assim, imagine o que não poderiam responder os outros clientes que
lotavam o bar. Certas palavras vieram ao mundo com o objetivo de arranjar
encrenca. Ou deixar margens para outras interpretações. Em Salvador quase
acontecia uma tragédia por causa duma má interpretação. Dois recém-conhecidos
conversavam e um deles se apresentou como podólogo. O outro retrucou violentamente:
– E você
sente orgulho disso?
– Disso o
quê?
– De ser
estuprador de crianças! – e os dois só não chegaram às vias de fato porque
alguém resolveu interceder.
Moacyr, meu ex-funcionário,
se orgulhava muito de ser pederasta. Alargava um sorriso de satisfação e dizia:
“Ando muito a pé”.
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