quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Seria o papa um herege?



Confesso que nunca entendi esse negócio de ceia de Natal. E que ceia! Tudo que não tinha na manjedoura, principalmente queijo do reino, nozes e castanha do Pará. É inconcebível que em pleno século vinte e um, com um oceano de informações a tempo real, ainda se confunda esbórnia com festejos cristãos. Ou vice-versa.

O Natal começou errado pela própria data. Não por um acaso a ladinice bispal escolheu essa data como o dia da Natividade, vez que tudo aponta ter nascido Jesus em meados do ano. Maria deu a luz ao retornar do recenseamento romano, o que era feito no Verão. Como sabemos, dezembro é Inverno nas bandas de lá. E rigoroso. Com neve, raios, chuvas, trovões, enchentes e atoleiros. O jeguinho que levou a Santa Madre Santíssima com certeza ficaria atolado na lama. E os três reis magos não poderiam enxergar a Estrela do Oriente. E os seus camelos também correriam o risco de atolar.

Na Roma antiga se comemorava a Saturnália, festa pagã em homenagem ao deus Saturno e ao fim do ano agrário e o início do ano novo. Era como o nosso réveillon aqui, e os comes e bebes iam de 17 a 24 de dezembro. Costumavam trocar presentes, não esses comprados em shoppings centers e pagos com cartão de crédito. Também não havia amigo secreto, oculto ou seja lá o que seja. Nem confraternização nas bibocas, cacetes armados ou restaurantes.

O cristianismo primitivo ignorava a Natividade. Nem sabia se o galo cantou de madrugada ou se houve reis magos na manjedoura. Segundo o evangelista Matheus, o encontro dos reis magos se deu na casa de José e Maria, e não no estábulo. E Jesus devia ter uns dois anos. Isso está registrado no Evangelho de Matheus e quem duvidar é só procurar na Bíblia.

Em 336 DC a Igreja romana resolveu cunhar a data de nascimento de Jota Cristo para depois da Saturnália. Era como se fosse a festa da ressaca. Ou o arrastão de Carlinhos Brown na quarta-feira de cinzas. A reação foi muito grande e a Igreja romana foi acusada de heresia pelos cristãos orientais por misturar paganismo com o sagrado. Como não ficou bem na fita, os notáveis de Roma mudaram a data para seis de janeiro. Em 356, DC, o todo poderoso Bispo Libério, de Roma, fez valer sua vontade e o Natal passou a ser comemorado no dia 25 de dezembro.

Vale lembrar que a palavra papa, com o significado de autoridade máxima da Igreja, surgiu em 1093 por decreto do papa Gregório VII. Antes, essa palavra era usada para designar todos os bispos ocidentais.

Mas nada há de me surpreender com a heresia conveniente da Igreja. É como Galvão Bueno gritando “Vai que é tua, Taffarel!” Valia tudo por um pouco mais de ibope. A Páscoa cristã foi mudada para coincidir com a festa em homenagem a Baco, o deus pagão. Por isso a Semana Santa não tem data fixa.

O pior dos piores, o pesar dos pesares, foi o título pagão dado aos imperadores e que o papado surrupiou no Século VI: Pontifex Maximus. Ou, no nosso linguajar, sumo pontífice, o construtor de pontes entre os deuses e o homem. Era assim que os romanos pagãos viam o imperador. E é assim que vemos o papa como cristãos. Quanta heresia disfarçada de sagrado, né mesmo? Não foi à toa que Jesus Cristo, em seu último suspiro, clamor aos Céus:

- Ó, pai, perdoai-lhes. Eles não sabem o que fazem.

Ou algo assim.
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Um comentário:

barrabaz de sátiro dias disse...

É muita informação. Só vive e reina sob a sombra da ignorância quem está acomodado e/ou gosta de se abrigar sob as asas das religiões, supostas guardiãs da falsa verdade absoluta.