Uma professora confessou-se indignada por causa dos
dicionaristas tecerem loas ao professor (o homem) e não dar o mesmo
tratamento honroso à professora (a mulher). Indignação justa, por sinal,
pois, enquanto dão muito destaque ao masculino, a coitada da
professorinha é tratada no cacete lexical. O Aurélio e o Houaiss afirmam
com todos os efes e erres que o verbete "professora" é "prostituta com
quem adolescentes se iniciam na vida sexual". Isso no Nordeste,
destacam. O Caldas Aulete dá um refresco na pauleira: "A que ensina
instrução primária e as prendas próprias do seu sexo: Professora de
corte, de costura."
A gente nunca presta atenção em certos
detalhes nos dicionários, pois só recorremos a eles no masculino. E nos
damos por satisfeito. É o caso dessa palavra tão erroneamente execrada
pelos coxinhas: "Presidenta". Aí misturam com "estudanta" e outros
termos que esqueço no momento. Só porque vamos aos dicionários e
procuramos no masculino. Se nos dermos ao trabalho de procurar no
feminino, veremos que elefante não é dono de circo. E que a anta não é a
presidenta.
Voltando ao começo da história, pesquisei em mil
puteiros virtuais de onde se originou essa acepção pejorativa para as
coitadas das professoras, e não soube de notícia de nada. É como a
desonestidade de Lula: por mais que o juiz Moro procure, não encontra
nada.
Confesso a vocês que a minha iniciação sexual se deu com
uma professora. Uma estagiária, a bem dizer. Ela era tão provocante que
tive que antecipar o meu aprendizado sobre masturbação. Mas tenho a mais
absoluta certeza de que não foi isso que ocasionou a conotação
depreciativa pelos dicionaristas. Mesmo porque sempre trouxe esse
segredo guardado a sete chaves, nem mesmo ao padre confessor da minha
primeira comunhão eu ousei contar tão íntimo segredo.
Pesquisando
por aí, encontrei que na Grécia antiga a iniciação sexual dos meninos
era feita por um homem mais velho, chamado pedagogo. Ele ensinava as
manhas do sexo aos adolescentes para não fazerem vergonha na noite de
núpcias, tal qual ensinou o meu avô a um seu irmão, apesar de nunca ter
ouvido falar dos costumes dessa tal Grécia antiga:
- Não tem como errar. É um lugar cabeludo. Pode ir que é tiro e queda.
O meu tio-avô não contou conversa na hora do ora-veja. Apagou o
candeeiro e caiu em cima da minha tia-avó, que aguardava ansiosa no
colchão de capim seco. Depois de coberta pelo macho, ela chiou meio
decepcionada:
- Aiiiii!... Aí é o meu sovaco!
(Não, não! Esse caso não serve para justificar o que fizeram com a “professora”. Mas mata a pau o “professor”.)
Em algumas tribos norte-americanas o rito de iniciação sexual se dá
através da penetração anal feita por um tio. Acham que, com o rabo cheio
de sêmen, os garotos serão homens férteis. Ainda bem que nasci bem
longe dessas tribos, mas conheço gente que adoraria ter nascido lá.
Lá no Junco, berço da humanidade sertaneja, a iniciação se dá pela
prática de se encostar a jumenta no barranco e mandar brasa. Vez ou
outra o dono da jega dá flagrante e obriga o pai do garoto a pagar um
saco de milho. Ou até mais.
Mas há lugares no Nordeste em que o
menino só vira homem depois que molha o pavio em uma fêmea. Quando o
garoto entra na puberdade, o pai o leva para o puteiro, para aprender o
bem-bom da vida. Como se trata de um aprendizado prático, com aula cem
por cento presencial, talvez venha daí a alcunha de “professora” para as
mulheres de vida fácil, que de fácil não tem nada. Tal qual a vida das
professoras.
Não sei se servirá de consolo à indignação da pessoa
em tela, mas no sertão nordestino o jumento também é chamado de
professor. Só não sei se é pela imensidão fálica ou pela teimosia quando
empaca.
Nenhum comentário:
Postar um comentário