Eu nem vou me atrever a dizer que esse texto é uma resenha, porque não é. Ou que é uma biografia porque também não é. É só meu jeito arrevesado de partilhar achares e pensares, partilhar sabores e saberes. Só meu jeito de dizer o quanto gostei de ler e o quanto gosto de reler SOBRE PESSOAS, última publicação escrita de Antônio Torres.
Escrever sobre pessoas, sejam elas do meu afeto, das relações de trabalho ou sobre quem simplesmente admiro e respeito em determinado campo de atuação, embora goste de fazê-lo não é tarefa das mais simples. Causa-me certo acanhamento, certo temor, pois me exige um conhecer, uma capacidade de observação e perspicácia que estou longe de ter. Daí o meu encanto com o livro, por ser esse mergulho na alma humana, por ser esse tratado de gentileza e amorosidade ao ser humano. Encanto-me tanto que, volta e meia, venho re-visitar um ou outro personagem tão bem retratado pela alma generosa e carinhosa do autor.
Na primeira leitura que fiz em 2007, me emocionei muito com vários textos. Todos impecáveis, poéticos, sensíveis, mas como não chorar com a lembrança do querido João Saldanha após sua maravilhosa FOI BOM TE OUVIR, JOÃO? Confesso minha predileção pelo texto sobre Alexandre O' Neill e por A MÃE, AS PROFESSORAS E OS DIAS DE UM ESCRITOR, por motivos óbvios: Um é poesia da melhor qualidade e o outro é um memorial impecável sobre o ato de ler.
Totinho - É assim o tratamento carinhoso de sua mãe e irmãos e de tantos que lhe são caros - não disse antes, mas digo agora: SOBRE PESSOAS é o tipo do livro para se carregar pela vida afora. Digo também que lembro com carinho do primeiro livro seu que li, em 1978. ESSA TERRA, além da beleza poética, é também um tratado de delicadeza e humanidade. Seus personagens são tão humanos que reconheci neles pessoas caras, do meu mundo de menina da roça. Quando li, pensei no Mestre Graça e compreendi ainda mais a angústia e o fascínio desse universo tão presente em minha constituição de ser.
Minha admiração por sua escrita inteligente e intensa permaneceu ao longo de tantas coisas boas que li e quando, muitos anos depois a vida nos juntou, autor/leitora, cunhado/cunhada já éramos amigos. Aprendi e aprendo muito com o jeito humano com que trata seus personagens. Não os julga, não os demoniza, apenas expõe suas emoções com o filtro de sua sensibilidade e isso me encanta.
Tenho, confessadamente, o vicio das releituras. Mas não releio qualquer livro. Os que escolho para reler são os especiais, os raros, os que me tocaram o coração e alma por motivos dos mais diversos. Portanto meu caro, sempre que volto a SOBRE PESSOAS ou a qualquer dos seus livros, ou mesmo quando te leio na rede, reafirmo o quanto aprendo, o quanto gosto da escrita de Antônio Torres.
Abraço afetuoso extensivo a Sônia.
Saiba mais
Antônio Torres (Sátiro Dias, 13 de setembro de 1940) é um escritor brasileiro. Nasceu em 1940, num povoado chamado Junco (hoje a cidade de Sátiro Dias), no sertão da Bahia. Descobriu a vocação literária na escola rural de sua terra, incentivado pela professora. Logo começou a escrever as cartas dos moradores da cidade, a recitar poemas de Castro Alves na pracinha da cidade, a ajudar o padre a rezar missa em Latim. Estudou em Alagoinhas e Salvador, onde se tornou repórter do Jornal da Bahia. Foi jornalista e publicitário em São Paulo e em Portugal. Depois de muitas andanças pelo país e pelo mundo, radicou-se no Rio de janeiro onde reside em Itaipava (Petrópolis). Hoje é um dos escritores mais conhecidos de sua geração, com livros traduzidos na Itália, Argentina, México, Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra, Portugal, Bélgica, Holanda, Israel, Bulgária, entre outros.
Prêmios
Romance do Ano - 1996
Concedido pelo Pen Clube do Brasil.
Prêmio Hors Concours - 1998
União Brasileira dos Escritores
Chevalier des Arts et des Lettres - 1998
Condecorado pelo governo francês.
Prêmio Machado de Assis - 2000
Concedido pela Academia Brasileira de Letras.
Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura - 2001
Na 9ª Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo - RS.
Um Cão Uivando para a Lua (romance). Rio de Janeiro, Edições Gernasa, 1972; 3a ed., São Paulo, Ática, 1979.
Os Homens dos Pés Redondos (romance). Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1973; 3a ed., Rio de Janeiro, Record, 1999.
Essa Terra (romance) São Paulo, Ática, 1976; 15a ed., Rio de Janeiro, Record, 2001.
Carta ao Bispo (romance). São Paulo, Ática, 1979; 2a ed., São Paulo, Ática, 1983.
Adeus, Velho (romance). São Paulo, Ática, 1981; 4a ed., São Paulo, Ática, 1994.
Balada da Infância Perdida (romance). Prêmio em 1987, Pen Clube do Brasil, categoria "Romance". Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1986; 2a ed., Rio de Janeiro, Record, 1999.
m Táxi para Viena D’Áustria por ter este livro e Essa Terra traduzidos na França, recebe, do governo francês, o título de "Cavaleiro das Artes e das Letras" em 1999. São Paulo, Companhia das Letras, 1991; 4a ed., Rio de Janeiro, Altaya/Record - Coleção Mestres da Literatura Portuguesa e Brasileira, 1999; 5a ed., Record, 2001.
Centro das Nossas Desatenções (crônica). Rio de Janeiro, RioArte/Relume-Dumará, 1996.
O Cachorro e o Lobo em 1999 ganha o Prêmio "Hors-concours de Romance" (para obra publicada) da União Brasileira de Escritores. Rio de Janeiro, Record, 1997; 2a ed., Rio de Janeiro, Record, 1998.
O Circo no Brasil (crônica). Rio de Janeiro/São Paulo, Funarte/Atração, 1998.
Meninos, Eu Conto (literatura para jovens). Rio de Janeiro, Record, 1999; 3a ed., Record, 2001.
Meu Querido Canibal (crônica). Rio de Janeiro, Record, 2000; 2a ed., Record, 2001.
O Nobre Sequestrador (romance). Rio de Janeiro, Record, 2003.
Pelo Fundo da Agulha (Romance). 2006, Rio de Janeiro, Record.
Minu, O Gato Azul (infantil) Rio de Janeiro, 2007.
Sobre Pessoas (Crônicas), Editora Leitura, Belo Horizonte, 2007.
Sobre o autor, fonte: Wikipédia
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