Um braço sem outro braço, é meio-abraço.
U’a mão sem a outra mão, é meia-mão.
Meia-mão para comer, meia-mão para acenar;
Meia-mão para vestir e calçar.
Quem tem uma só mão não calça apertado...
Quem tem u’a mão só, só veste folgado.
Se Pilatos maneta fosse, não diria:
“Lavo as minhas mãos” e a história
Sem o histórico expressar ficaria.
“Lavo a minha meia-mão” é uma mentira
Que a história não registraria.
Assumindo seus atos, com tato
No trato real do irreal sonho cristão
A John Lennon plagiava:
“O sonho acabou!”, sentenciava.
E Jesus Cristo a cabeça baixava.
Se murmúrios murmurantes de protestos
Houvesse dos protestantes, militantes,
Blasfêmicos, blasfemando contra a
Blasfêmia injuriosa dos injustos,
Seria justo justiçar os injustiçados
Pela Justiça, no tocante à legalidade
Da ilegal prisão:
“U’a mão lava a outra!”
Aludia Barrabás, o assassino,
Vigarista, ladrão, deletério,
No deleite feral de Talião:
“Olho por olho, dente por dente”, justiçava.
“Cristo condena o roubo, o ladrão condena Cristo”,
O sacripanta finalizava.
E se Cristo tivesse só u’a mão?
Destarte não poderia ser crucificado.
Surgido o impasse, no calabouço,
Se enforcado Ele fosse, sagrada seria
A corda ou o caibro do enforcado?
Como carregar uma corda na procissão
Sem ter um enforcado à mão?
E a dúvida do que fazer:
Pelo Sinal da Santa o Quê?
U’a mão que corta um mamão
Não tocaria jamais um violão.
Mas a meia-mão que não toca violão,
Toca no tocante de coisas não chocantes:
Onanismo? Toca.
Zabumba? Toca.
Piolhos? Coça.
Carinhos? Roça.
O ambidestro se serve das duas mãos:
Os dois braços fazem a mesma evolução.
E o infausto maneta como saber
Se é canhoto se só tem a mão direita?
O maneta esquerdo se ajeita
Com o canhoto que só tem a direita.
E ficam dois corpos em união
Com quatro pernas e duas mãos.
E se um deles mulher for
Consumado fica o amor.
E se no civil contrai matrimônio,
Nas alianças gera um pandemônio:
Ela, contrita, com tudo se ajeita,
Usa a aliança na mão direita.
E vivem uma vida mirífica,
Pois do marido, noiva ela fica.
E se um dia resolve parir,
A dúvida do feto vai surgir:
Se “sai” aos pais, nasce maneta;
Se ‘sai” aos avós nasce perneta.
E após nove meses expurga do ventre
Um aleijado em forma de gente.
E, na infelicidade,
São felizes para sempre.
2 comentários:
Olá Tom! Uma história em forma de poesia...e com maestria usou frases feitas em meio aos seus argumentos muito bem delineados. Meus parabéns pela criatividade e inteligência em compor. Um abraço! Junya
Obrigado, Junya.
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