De Alagoinhas Atlético Clube - 1973 |
Lourival Andrade acumulava as funções de diretor, comentarista e narrador esportivo da Rádio Emissora de Alagoinhas nos anos 1970, cuja importância aumentou depois da inauguração do Estádio Antonio Carneiro e a consequente fundação do Alagoinhas Atlético Clube, ou simplesmente “Atlético”.
Lourival, na sua vida de artista do microfone, perseguia dois sonhos: um, era ser como Djalma Costa Lino, à época, o maior narrador esportivo do rádio do Norte-Nordeste. Para tanto, se esmerava no microfone, principalmente em jogos de grande audiência, como Atlético versus Bahia ou Vitória.
O outro sonho era narrar uma final do campeonato baiano de futebol diretamente do Estádio da Fonte Nova, quando o Atlético fosse um dos protagonistas. Em 1973, aconteceu o milagre e Lourival me procurou no Armazém União, do meu tio Edgard, onde eu exercia a função de gerente:
– Meu querido, preciso falar com você.
– Pode falar, Lourival.
– Queria que seu armazém patrocinasse a transmissão diretamente da Fonte Nova da final do campeonato baiano no próximo domingo. Vamos ser campeão de audiência no interior. Mais ainda se o Atlético sair vencedor.
– Sem problemas, Lourival, mas há um porém. Aliás, dois.
– Quais?
– Primeiro: o armazém não é meu. Segundo: na hora de você dar o prefixo da rádio, terá que dizer assim: “Rádio Emissora de Alagoinhas, quatro bocas de alto-falantes falando baixinho, baixinho para todo o mundo”...
– Ora, vá...
– Calma! Calma! Calma. Tô brincando.
O Armazém União não só patrocinou a transmissão como pagou a passagem desse escriba que vos fala para ver o Atlético de Alagoinhas ser garfado em dois gols irregulares do Bahia e voltar para casa com a inconformidade à flor da pele. Em terra de campeões, ser vice e último lugar não há diferença.
Lourival Andrade dividiu seus noventa minutos de fama com seu fiel repórter de campo Belchior, um jovem estudante que também exercia a função de cobrador de ônibus. O primeiro gol do Bahia, ele descreveu assim:
– Douglas recebeu a bola em impedimento e chutou para o gol, sem a menor chance de defesa para o goleiro Gato. E agora tá o maior cu de boi na área do Atlético...
– Olha o Português, Belchior! – advertiu Lourival.
– Esse tal de Português vai entrar no lugar de quem, Lourival?
No ano seguinte, Lourival foi à forra das brincadeiras que eu fazia a ele. Copa do Mundo de 1974. Ele anunciava brindes e mais brindes em sua resenha esportiva, ao meio-dia, para o primeiro que ligasse e dissesse o placar da final da Copa de 1970, com os devidos artilheiros. Metade e meia da população de Alagoinhas sabia, mas eu tive a sorte de estar perto do telefone naquele momento. Ávido para ganhar um prêmio, liguei para o programa. Ia ser de lambuja.
– Alô, Lourival, suspenda a promoção que o prêmio já é meu. A final de 70 foi Brasil 4, Itália 1. Com os gols de Pelé, Gerson, Jairzinho e Carlos Alberto, para o Brasil, e Roberto Boninsegna para a Itália.
– Ok., você ganhou. Venha buscar seu brinde até as 14 horas de hoje.
O armazém ficava perto da Rádio Emissora e em menos de cinco minutos estava lá, ansioso para receber o tal brinde. Depois de passar um tempo falando abobrinhas, no ar, me entregaram um envelope com timbre da emissora contendo minha prenda. Feliz, abri na saída do estúdio e contive um palavrão ante a surpresa: simplesmente eram tabelas dos jogos da Copa fornecidas pelo Armazém União.
12 comentários:
kkk, esta foi boa, o futebol realmente nos fornece perolas de historias.Mas o Belchior me fez dar boa risada ao narrar o gol roubado do Baêêêa.Um abraço.
Tom,muito bacana, apesar do premio, kkkk . Este foi o periodo que me deixou apaixonado por futebol. Eu c/ meus colegas em Satiro Dias ouvimos o Djalma Costa Lino, o cara era fera, em Sátiro era dificil sintonizar a rádio de Alagoinhas ! eu sou corintiano, bahia é meu 2o time, lembar daquele time e hj na serié B, tendo estado na não é fácil p/ esta torcida apaixonada .abrção Tom
boa copa 2010
Eu participei desta equipa e np momento vivo na Ilha da Madeira-Portugal e tenho saudades do meu Atlético que grande time tínhamos, boas recordações do povo maravilhoso de Alagoinhas..contacto ..jair.soares11@gmail.com::ah eu sou o último da foto embaixo Dejair..beijos
Tom, muito bom voltar ao tempo! eu era estudante e fã número 1 do Atlético, não perdia os jogos da tarde de domingo, esta foto aí me lembra a nossa turma na janela do Ginásio de Alagoinhas esperando os jogadores passar para treinar... Foi um tempo maravilhoso!!!
Não sei com que frequencia vc, lê comentarios, mais esse de Louro Garrincha é demais, eu trabalhei na Radio de Alagoinhas até 1972, quando acabei de servi o TG, e fui morar em Salvador, de uma coisa tenho certeza Lorival era uma figuira. Só que ninguem lembra o time do Atletico de 1973, mais para ganhar do Bahia tinha que ser bem melhor que: Butice, Ubaldo, Altivo, Roberto e Romero. Baiaco, Fito e Douglas, Natal Piole e Peri. sei que os melhores do Atletiso era Caroço e Dendê. e o tecnico era Pinguela.
Pois é, seu Luiz, e o Bahia só ganhou com a ajuda do juiz.
Abraços.
Tive a Honra de jogar no Atlético por 6 anos, goleiro, anos 80, sou técnico de futebol e espero um dia retornar ao Atlético e poder ajudar para ficar na história ou seja ser campeão Baiano, o torcedor merece, o torcedor é apaixonado e está no momento de dar uma volta olímpica, sempre que posso vou a Alagoinhas,moro no R.J.Abraços a todos que lerem.
Quando vim morar em Maceió encontrei Pinguela na rodoviária, vindo de Capela, onde acabara de se tornar campeão alagoano. Fizemos uma festa.
É um pena que o técnico acima não deixou o nome. Mesmo assim, torço para que um dia isso aconteça. O Atlético merece.
Sou filho de Loural de Andrade,se o tempo passo para vc para mim não
lembro como se fosse hoje os dias que estava com meu pai um grande homem,um grande pai,um grande amigo
como rádialista vc conhecerão e sabe quem foi ele, meu nome é joseval filho mais velho de Lourival de Andrade
Valeu, Joseval Andrade. Seu pai, além de um grande radialista, foi um grande homem e um bom amigo. Parece até que estou vendo ele, com a pastinha debaixo do braço e capengando um pouco em busca de patrocínio para as transmissões esportivas. Naquela época tudo era difícil e caro, além de precisar da aprovação da censura.
Tenho 38 anos. Para a foto postada, eu era um bebê, mais meu pai(Dendê, agachado na foto acima), me presenteou quando me levava para os treinamentos e tinha contato com o jogadores e ainda dava tempo para brincar com os goleiros reservas enquanto o coletivo rolava. Abraços aos idealizadores deste site.
Quanta gente boa aparecendo...
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