De Ipê |
A beleza das obras literárias de Antônio Torres assemelha-se à florada dos ipês. Sua nobreza, harmonia e grandeza seduzem nossos olhares de leitores contemplativos.
A origem da exuberância em talento deste escritor possui raízes de sustentação e absorção profundas e vigorosas nos valores de uma bela e numerosa família do sertão nordeste da Bahia. Lá, onde o amor familiar foi alento durante os longos períodos de hegemonia do sol a enrugar a terra. E foi neste mesmo cenário, onde a escassez da umidade do solo determina destinos, que a carreira literária de Antônio Torres veio a ser a primeira das muitas florescências em meio aos irmãos literatos igualmente bem sucedidos. Pouco após a época das primeiras letras, iluminada pelo amor materno de D. Durvalice, a emoção ao declamar Castro Alves veio à flor do rosto. A professora passara a ser D. Serafina e os ouvintes já não eram mais os do âmbito familiar, mas os de um convívio a céu aberto de toda uma cidade. Junco foi não somente o local de nascimento de um sertanejo como o de um sertanista.
Em Essa terra, Antônio Torres, no papel de sertanista, descreve a fotossíntese das árvores esparsas sob temperaturas abrasadoras; no papel de beletrista revela a foto - síntese de conterrâneos unidos em situações desoladoras.
Semelhante ao ipê que se adapta a terrenos secos e pedregosos, Antônio Torres soube amoldar em Um cão uivando para a lua, O cachorro e o lobo e em Pelo fundo da agulha, a aridez e os obstáculos que todos nós conhecemos, ao longo do tempo, nos compromissos familiares e profissionais. Contrabalanceou olhares opacos e brilhantes ao analisar as etapas da vida. Pelo fundo daquela agulha passou uma poesia completa contida somente em três frases:
“Amor rima com flor. E também murcha. Ficam os espinhos nas extremidades dos caules“.
Entretanto, sua experiência deixou a cargo da sucessão das estações o que pertence ao tempo. Este de tudo se encarregou. Esta prova está também em Sobre Pessoas. Um relato da versatilidade de um profissional que se dedicou às diversas culturas no campo do Jornalismo e da Publicidade e que compartilha as alegrias de um mestre no cultivo das amizades. Conserva na madeira impermeável do tronco, como em um frondoso ipê, um coração que se opõe às diversas formas de racismo, como o fez com propriedade na crônica O lado infame do genial Borges. Para reforçar esta luta, na tentativa de diminuir preconceitos e aumentar a paz, recordo-me de um conselho em espanhol “Doctor se hace, senõr se nace“, o qual adapto em “Doutor por formação, cavalheiro por nascimento.”
Ao reunir crônicas referentes ao mesmo tema, em Sobre Pessoas, o carinho do autor presta homenagem a diversos amigos de forma similar à da natureza, com pequenos buquês, a avolumar as copas dos ipês. E mesmo os amigos que já não mais sorvem a seiva desta vida, agora, prestam homenagem ao dileto Antônio e à sua cidade natal, juncando o solo ao redor deste ipê com a eterna beleza de suas flores.
E é chegado o momento quando a floração violácea do inverno dá as boas vindas aos dias de primavera refletidos na inflorescência amarela da árvore símbolo do Brasil. Este se adorna, também, para mais uma celebração da vida __ os setenta anos do amado escritor Antônio Torres no dia 13 de setembro. As sementes de seu talento, conhecimento e ensinamento foram dispersas pelos ventos nas mais variadas paisagens citadinas e campesinas mundo afora. Para expressar os votos de todos os amigos para uma vida longa,a natureza se faz presente.
Nota do blog: Ontem, dia 13 de setembro, o escritor Antonio Torres completou 70 anos.
5 comentários:
Querida Rita, mais delicado e carinhoso que isso só o seu sorriso de moça genuínamente clarioca!Nosso belo Antonio é tudo isso mesmo.Beijo!!
Rita achei muito legal sua crônica. Parabéns ao escritor Antônio Torres, pelo aniversário!
Belo texto, Rita, uma bonita homenagem!
Parabéns!
Abraço,
Luiz
Rita!
Nosso amigo é o cara! Show de homenagem!!!!!!!!
Rita, parabéns pela sua crônica e obrigada por nos colocar em contato com este blog tudo de bom.Beijos. Betty Arco-Verde
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