No Hospital do Andaraí, onde, segundo o Aldir Blanc, “tu entra cajá e sai caqui”:
Depois de dois dias na fila, a paciente consegue falar com a recepcionista e recebe uma senha, para ser atendida daí a seis meses.
– Seis meses?! Até lá eu já morri!!! – esbraveja.
E a recepcionista, bem prática:
– Neste caso, peça a alguém para telefonar desmarcando.
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– Me dá um autógrafo! – diz o guri pro galã global, em frente ao Rio Sul.
– Pois não. Me dê um papel – diz o artista.
– Não tenho. Dá aqui mesmo, nesse papel de pão.
– Nesse papel, Moleque? Todo sujo?!
– Faz mal não. Quando chegar em casa eu passo a limpo.
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Duas peruas emergentes, no aniversário de uma cadela:
– Acabei de chegar de Minas, visitei todas as cidades históricas.
– Viu as obras do Aleijadinho?
– Menina, o que é aquilo?! Que gênio! Aleijadinho é pouco, aquele homem é aleijadérrimo!
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Alfredinho, dono do Bip-Bip, templo da música brasileira e do alto astral em Copacabana, é conhecido pelo mau humor e pela tolerância quase zero. Dia desses estava lá tomando o seu vinho, meio de saco cheio das aporrinhações, quando chegou um freguês que tem fama de chato.
– Tá doente, Alfredo? – foi logo perguntando.
– Claro que não! Por quê?
– Porque vi você saindo da farmácia.
E o Alfredinho, de trivela:
– Ah, é? Se eu estivesse saindo do cemitério estaria morto?
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Foi ali num ponto de ônibus do Humaitá, onde espero o buzum diariamente. Sujeito misto de mendigo e guardador de carro, conhecidíssimo dos moradores do bairro, se aproximou de um engravatado e pediu um dinheirinho:
– O senhor não tem vergonha? Um homem tão jovem, tão forte, tão disposto... por que não vai arranjar um emprego? – berrou o sujeito.
E o mendigo, tranqüilão:
– Peraí, meu amigo. Estou pedindo esmolas, e não conselho.
***
Amiga minha, dentista com consultório no Flamengo, é uma tremenda gozadora. Dia desses recebeu um sujeito que queria porque queria arrancar um dente. Perguntou o preço.
– Trezentas pratas – ela respondeu.
O paciente chiou:
– O que é isso, doutora? A senhora não leva nem dez minutos para arrancar um dente.
E a gozadora, alisando o boticão:
– Se o senhor fizer questão, posso arrancá-lo bem devagarinho.
***
Fotografei o tipo saindo do Metrô no Largo do Machado. Jornal debaixo do braço, dobrado no Romance Policial do Cláudio Vieira, bigodinho aparado à la personagem do Dalton Trevisan, olhando pros lados como se estivesse procurando vítimas. Encostou na mocinha que esperava no ponto final do 569 e disparou:
– Conheço você não sei de onde.
A resposta da moça foi nota dez:
– Melhor mesmo nem saber.
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