terça-feira, 12 de abril de 2011

Cineas Santos - Ecos do Fenavipi


De Leonardo

Quando ousamos pensar na possibilidade de realizar um festival de violão em Teresina, fomos acossados por duas perguntas que se manifestavam com incômoda frequência: Por que um festival de violão no Piauí se já existem grandes festivais em outros estados brasileiros? Por que realizar um festival de violão numa cidade sem qualquer tradição em matéria de música do gênero? A resposta estava engatilhada: porque os grandes festivais que se realizam em Brasília, Londrina, Belo Horizonte e outras regiões do país são excelentes, mas não são nossos. Quanto à tradição, basta inventá-la. Assim, numa atitude quase temerária, realizamos a primeira edição do Festival Nacional de Violão do Piauí em dezembro de 2004. É ocioso enumerar aqui as dificuldades que enfrentamos para dar o primeiro passo: quem já tentou sabe o que significa pioneirismo; quem nunca tentou jamais entenderia. O certo é que, com o inestimável aval do mestre Turíbio Santos, fizemos um festival de altíssimo nível. Já na terceira edição, o FENAVIPI foi considerado pela revista “Violão-Pro” o principal festival de violão do Norte e Nordeste. Ao longo desses anos, não nos afastamos da filosofia que nos inspirou desde o primeiro momento: realizar um festival que, além de promover belos concertos musicais, pudesse propiciar aos músicos piauienses, notadamente aos jovens, o necessário diálogo com violonistas do porte de Eduardo Fernandez, Fábio Zanon, Marco Pereira, Turíbio Santos, Ana Vidovic, Guinga, entre outros. A estratégia tem dado certo. Para confirmar essa verdade, basta ver o número de crianças e adolescentes estudando violão e teoria musical nas escolas de Teresina.

Para realizar a 7ª edição do festival, inscrevemos o FENAVIPI num dos editais da Petrobras que, pela segunda vez, nos honra com o seu inestimável apoio, clara demonstração de que estamos no rumo certo. Pelo número de estudantes inscritos, pela presença maciça do público nos concertos, pela repercussão alcançada na mídia piauiense, mesmo antes do término do festival, podemos afirmar que os resultados superaram as expectativas. Para nós, é gratificante ver os “filhos” (Josué Costa, Felipe Vilarinho, Emanuel Nunes, Damião Bezerra) e os “netos” (Caio Leon e Leonardo de Caprio) do FENAVIPI brilharem entre estrelas de primeira grandeza. Leonardo bem que poderia ser nossa mascote: há três anos, “tocava” violão num prosaico cabo de vassoura. Hoje, aos 11 anos, é capaz de ler uma partitura e executar uma peça de certa complexidade. As irmãs do garoto, que tem nome de astro de cinema, também tocam violão, inclusive a pequena Mona Lisa, com apenas sete anos de idade. O FENAVIPI demonstra que não há instrumento mais eficiente para elevar a autoestima de um povo do que a cultura.Basta acreditar e investir.




Um comentário:

Elton S. Neves disse...

Você tem toda a razão quando diz que motivos de sobra vocês tinham para criar o Festival de violão Fenavipi,afinal seria um festival musical da terra dos piauienses e não de outra região do país, e você foi mais feliz ainda quando disse que tradição se cria,afinal toda tradição existente antes de ser tradição teve que como evento ser inaugurada. Parabéns, respeito e amo os pioneiros da cultura e arte de nossa gente como é o caso de vocês. Como sempre meu velho cronista, sua crônica é digna de aplausos.