– Benhê,
vamos pra marcha das vadias...
– O
quê?!
– Marcha
das vadias.
– Que
diabo é isso?
– É
a marcha das mulheres que apanham dos maridos.
– E
desde quando eu bato em você?
–
Você não entende... É a solidariedade
feminina.
– E
o que as suas amigas vão pensar ao lhe verem lá?
–
Não vão pensar nada. A maioria também
estará lá.
–
Ah, é?! Mas elas estarão defendendo
causa própria.
–
Como assim?
– Elas
apanham dos maridos.
–
Nem todas.
–
Mas a maioria apanha.
–
Por isso que vou ser solidária!
–
Para com isso!
– Então,
quero que você me bata para eu não chegar lá de cara lisa!
–
Como?!
– Um tapinha só, com as costas da mão...
–
Ficou doida?
–
Doida por um tapa, nem que seja de brincadeira. Por que com tanto homem bruto
no mundo eu achei de me casar com um frouxo?
–
Como?!
–
Frouxo, sim! Como é que você sabe que eu não gosto de apanhar?
– Tá
maluca?!
–
Maluca estava no dia que achei de me casar com você!
– ?!
–
Todas as minhas amigas apanham do marido, só você que quer ser diferente.
Diferente, não; frouxo!
–
Para com isso, mulher!
–
Você sabia que já lhe chifrei com o vizinho aí de cima? Aquele sim, é que é
macho!
– O
quê?!
– E
o porteiro? Você nunca desconfiou de nada não? Por que você acha que ele só entrega
as correspondências depois que você sai de casa?
–
Aquele safado do Bigodinho?
–
Ele e o que tira a folga dele.
–
Mulher, eu sou contra a violência, mas você tá pedindo pra apanhar...
– E
você é esse homem todo pra bater em ninguém! Homem é o Jair, do 401...
– O
quê?! Aquele safado que mal me dá bom dia?!
– Ele
e o amigo dele, o Alfredinho.
–
Cala essa boca, maldita!
–
Não calo! Venha me bater se você é homem!
– Mulher...
–
Venha! Me bata, seu corno frouxo!
Plac!
Pluft! Pôu e pôu!
–
Viva! Agora eu posso ir pra marcha das vadias de olho roxo! Obrigada, meu amor! Era tudo mentira, viu?
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