domingo, 27 de janeiro de 2013

Da invenção da roda à tecnologia digital




Desde o dia que o homem inventou a roda que não para de inventar moda. De todas as invenções, a que mais chamou a minha atenção foi a da máquina fotográfica. Não pela precisão em capturar a luz, mas pela utilidade de se poder andar com a foto da sogra na carteira. Basta insinuar que se tem relações com macumbeiro para se transformar no “melhor” genro do mundo.

No início das eras, fotografar era um verdadeiro “deus-nos-acuda”. O foco se chamava “assunto” e o filme, em forma de chapa, gerou o famoso “bater chapa”, em vez de “fotografar”. As pessoas “chapadas” tinham que ficar completamente imóveis, respiração presa, senão a chapa estaria perdida. E o filme era caríssimo. Mas as pesquisas continuaram e, com novas tecnologias, se conseguiu fotografar em alta velocidade.  E o filme fotográfico passou a ser vendido em “rolo”, maior e mais barato. E a fotografia, de “chapa” passou a se chamar "instantâneo" ou "flagrante", porque o obturador funcionava como ejaculação precoce: triscou, capturou.

Com o avanço da ciência eletrônica, vieram as tais máquinas digitais. Sem qualquer gasto com compra de filme ou revelação, passou a ser a febre de consumo. Fácil de operar, até bebê em gestação fotografa o útero da mãe. Como a tecnologia digital em vez de capturar a luz, processa-a eletronicamente, os flagrantes se tornaram impossíveis, pois tais processamentos demandam tempo que, a depender do momento, pode ser uma eternidade.  Foi o que aconteceu com um amigo, que quis fotografar o trem bala. Clicou quando o trem surgiu no horizonte; quando a máquina processou, o trem já havia sumido.

A invenção do celular também teve um retrocesso. Primeiro inventaram um tijolão, proibido a quem tinha problema de coluna devido ao peso. A tecnologia reduziu o aparelho à delicadeza das mãos femininas. Foi um sucesso. Os estudos continuaram. E o aparelho de celular está ficando ridículo. Tão ridículo que ouvi este diálogo entre mãe e filho, no Shopping Barra, em Salvador:

- Mainha, aquele "home" tá falando com uma bandeja?
- Não é bandeja não, meu filho. Aquilo lá é o tal "tablet"!


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