Desde
o dia que o homem inventou a roda que não para de inventar moda. De todas as
invenções, a que mais chamou a minha atenção foi a da máquina fotográfica. Não
pela precisão em capturar a luz, mas pela utilidade de se poder andar com a
foto da sogra na carteira. Basta insinuar que se tem relações com macumbeiro
para se transformar no “melhor” genro do mundo.
No
início das eras, fotografar era um verdadeiro “deus-nos-acuda”. O foco se
chamava “assunto” e o filme, em forma de chapa, gerou o famoso “bater chapa”,
em vez de “fotografar”. As pessoas “chapadas” tinham que ficar completamente
imóveis, respiração presa, senão a chapa estaria perdida. E o filme era
caríssimo. Mas as pesquisas continuaram e, com novas tecnologias, se conseguiu
fotografar em alta velocidade. E o filme
fotográfico passou a ser vendido em “rolo”, maior e mais barato. E a fotografia,
de “chapa” passou a se chamar "instantâneo" ou "flagrante",
porque o obturador funcionava como ejaculação precoce: triscou, capturou.
Com
o avanço da ciência eletrônica, vieram as tais máquinas digitais. Sem qualquer
gasto com compra de filme ou revelação, passou a ser a febre de consumo. Fácil
de operar, até bebê em gestação fotografa o útero da mãe. Como a tecnologia
digital em vez de capturar a luz, processa-a eletronicamente, os flagrantes se
tornaram impossíveis, pois tais processamentos demandam tempo que, a depender
do momento, pode ser uma eternidade. Foi
o que aconteceu com um amigo, que quis fotografar o trem bala. Clicou quando o
trem surgiu no horizonte; quando a máquina processou, o trem já havia sumido.
A
invenção do celular também teve um retrocesso. Primeiro inventaram um tijolão,
proibido a quem tinha problema de coluna devido ao peso. A tecnologia reduziu o
aparelho à delicadeza das mãos femininas. Foi um sucesso. Os estudos
continuaram. E o aparelho de celular está ficando ridículo. Tão ridículo que
ouvi este diálogo entre mãe e filho, no Shopping Barra, em Salvador:
-
Mainha, aquele "home" tá falando com uma bandeja?
-
Não é bandeja não, meu filho. Aquilo lá é o tal "tablet"!
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