Em meio às previsíveis e arrasadoras
chuvas de início deste ano, uma das regiões bola da vez, entre as mais
afetadas, foi o distrito de Xerém, na Baixada Fluminense. Em meio à correria e
o desespero causados pelos alagamentos, um personagem se deslocava de um lado
para o outro, transportando alimentos, roupas e pessoas desalojadas: o cantor e
compositor Zeca Pagodinho, que tem sítio na área há muitos anos, ali mantém uma
escola de música para crianças carentes e cultiva muitos amigos.
O carioca da gema Jessé Gomes da Silva
Filho nasceu em 1959, no dia 4 de um fevereiro de sol generoso, em Irajá
(bairro que deu inúmeros craques do samba, de Nei Lopes a Dorina, e lhe
presenteou com o apelido durante os desfiles no bloco Boêmios do Irajá). Foi
criado em Del Castilho, circulou pelas zonas heroicas dos subúrbios do Rio,
abriu o coração à sombra da tamarindeira do Cacique, fincou âncoras em boa
parte do subúrbio e do Rio e da Baixada, e hoje flana impávido pela Barra da
Tijuca. Zeca emprestou à música brasileira seu timbre romântico-malandreado,
sua embocadura própria, divisão inigualável do samba e um charme
personalíssimo, inimitável, com carisma para dar e vender.
Fez da convivência o seu ofício no samba e
vem juntando amigos por onde passa, recebendo a todos com carinho de tio e
admiração de sobrinho, gravando e reverenciando esteios verdadeiros da MPB,
compositores que precisam do seu apoio para mostrar que são de fato
verdadeiros. Enumerar os seus grandes sucessos é totalmente desnecessário, todo
mundo conhece. São tantos, que não vale a pena eleger apenas um ou outro. Zeca
Pagodinho é hoje uma legenda (no bom sentido) na música carioca e brasileira.
Justifica cada gota do carinho enorme que o público manifesta em cada show ou
diante de seus novos lançamentos. É um sujeito bom, totalmente do bem.
2 comentários:
Foi bonito ver o Zeca agindo e é bom ler vc escrevendo.Maria Olimpia
Contrato renovado por quatro anos, rsrs.
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