Eu
não matei Joana d’Arc. Nem poderia. Na hora do óbito eu estava no Estádio Rei Pelé
vendo o Esquadrão de Aço levar uma lapada de um time de várzea. Não direi o
placar que é muito vergonhoso, mas a surra foi merecida.
Teria
matado Joana d’Arc se ela já não tivesse morrido depois do jogo. A vingança é um
prato que se come frio. Gelado. Congelado. A minha sorte foi ter ido de carona
e ainda ter ganhado o ingresso, cortesia da Pitú, via Categoria, o dono de bar
mais simpático de Maceió. Se assim não fosse, teria morrido de raiva. Morte
matada. O culpado: Esporte Clube Bahia.
Joana
d’Arc morreu sem que se saiba sua causa mortis. A polícia descartou homicídio,
apesar das sete facadas e dois tiros no peito. É bem provável que ela tentou o
suicídio, disse o delegado.
Na
entrada do estádio encontrei um amigo coronel da PM e entramos conversando.
Além de não ser revistado, o soldado ainda bateu continência para mim. E me
permitiram ver o jogo no meio da torcida do CSA, único lugar que fazia sombra.
Meu telefone não parava de tocar e eu sem poder atender. É que o display do
aparelho é um escudo do Bahia. Se tiro do bolso, ia fazer companhia a Joana d’Arc.
Certa
vez uma moça muito linda me perguntou:
-
Você sabe de que morreu Ana Neri, Tom?
-
E Ana Neri não é a patrona das enfermeiras?
-
É.
-
E tu não é enfermeira?
-
Sou.
-
E não sabe e pergunta logo a um ignorante que não sabe nem pra que serve a água
oxigenada?
-
É que você sabe de um bocado de coisas.
Dizem
que a curiosidade matou o burro. Fui pesquisar. Vasculhei a internet, subi dez
mil escadas de bibliotecas, varei noites vadias debruçado em enciclopédias e
não consegui saber de nada. Como não podia deixar sem resposta uma moça linda
que me achava inteligente, liguei para ela:
-
Olha, você não vai acreditar, mas Ana Neri morreu de morte natural.
-
Tem certeza?
-
Absoluta. Morrer é coisa natural. Viver eternamente é que é coisa do outro
mundo.
-
Puxa. Bem que eu sabia que você não ia me deixar sem resposta. Você é tão inteligente,
sabe de tanta coisa...
Sou
não, baby. Se fosse, não teria deixado o meu sossego duma tarde de domingo para
ir ver o meu time levar uma surra de um time peladeiro.
E
foi como dizia o meu pai depois que eu levava uma surra da minha mãe:
Um comentário:
Perdi-me nas datas mas não esqueço o amigo. A maré por aqui está brava mas gosto de lembrar que ondas de uma boa maré levaram para Tchaubum seus problemas e dodóis. Tomara essas "vassouras molhadas" cheguem por aqui. ___ Parabéns, amado TOM! Saúde, saúde, saúde, alegrias, amor, a palavra certa na língua e nos dedos por muitos e muitos anos ainda! Amo você, amigo. Que o Pai o cubra de bênçãos. Beijos, Kathleen
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