domingo, 4 de janeiro de 2015

A musa proibida



Vieste pisando macia em pegadas sutis
O meu colo envolveste para meus beijos roubar
Cantaste suaves acalantos para a noite seduzir
E vestir o céu o seu mais áureo luar.

Musa dos meus dezoito anos, assim te fiz em seguida.
Da aurora utópica entre o sagrado e o mundano
Ao léu das dores que consomem a nossa vida
Fizeste do meu coração o teu poeta profano
Para depois tornar-te minha musa proibida.

E hoje, mais do que nunca proibida estás
Como a maçã que expulsou Eva do Paraíso
Nem mais teus anseios me permitem afagar
E devolver à tua boca o teu cálido sorriso.

É como pintar o teu rosto em contornos coloridos
Sem tua hierática face ao mundo revelar
Nem esculpir a profundeza do teu âmago ferido
Pela lanceta contundente do querer amar.

Ou escrever-te  a mais lírica poesia
Sem poder o coração chamar-te de amor meu.
Meu bem-querer que mal nenhum me querias
E quanto bem-querer te quero eu!

Impedido estou de revelar-me por inteiro
Logo eu, o teu mais real e sincero poeta!
E desnudar-te no afã dos delírios passageiros
Dos longos sussurros das nossas almas em festa!

Assim, ó musa proibida, inspiração reluzente
Do meu divagar lascivo e devaneios em chamas,
Abrevio este poema de versos ardentes
Porque não posso abreviar esta dor insana
Da dilacerante presença da tua saudade latente. 

3 comentários:

Anônimo disse...

O que faz sofrer esse poeta tanto assim? Ou não será deveras sofrimento, apenas poesia...?
Não pode haver mal querer diante de tão imenso bem-querer - que nem a mais amarga dor, ou o âmago mais ferido, poderá jamais esquecer. Seja feliz, poeta!

Anônimo disse...

Foguete
Maria Bethânia

Tantas vezes eu soltei foguete
Imaginando que você já vinha
Ficava cá no meu canto calada
Ouvindo a barulheira
Que a saudade tinha
É como diz João Cabral de Mello Neto
Um galo sozinho não tece uma manhã
Senti na pele a mão do teu afeto
Quando escutei o canto de acauã
A brisa veio feito cana mole
Doce, me roubou um beijo
Flor de querer bem
Tanta lembrança este carinho trouxe
Um beijo vale pelo que contém

Tantas vezes eu soltei foguete
Imaginando que você já vinha
Ficava cá no meu canto calada
Ouvindo a barulheira
Que a saudade tinha
Tirei a renda da nafitalina
Forrei cama, cobri mesa
E fiz uma cortina
Varri a casa com vassoura fina
Armei a rede na varanda
Enfeitada com bonina
Você chegou no amiudar do dia
Eu nunca mais senti tanta alegria
Se eu soubesse soltava foguete
Acendia uma fogueira
E enchia o céu de balão
Nosso amor é tão bonito, tão sincero
Feito festa de São João

http://www.vagalume.com.br/maria-bethania/foguete.html

Anônimo disse...

https://www.facebook.com/etamidiamachista/photos/a.639023719479791.1073741827.638843719497791/748932448488917/?type=1