sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Lá no meu sertão...



O lugar de onde vim
Não passa boi,
Não passa boiada
Em suas estradas
Que não levam
A lugar nenhum.

Tem o horizonte carmim
Do dia curtido no Sol
E as noites refletidas
em gotas douradas de luar.

Esse lugar não é o Nunca,
Pois existe e dou fé.
Nele, habitam homens rudes,
De pele endurecida pelo sol.
Eles não receiam o perigo:
Amansam burro brabo,
Pegam o touro a unha,
Mamam no peito da onça.

São rudes e não brutos.
Carregam no coração solitário
A flecha certeira de Cupido.
Porém a timidez os domina
E eles não conseguem dizer
Uma simples frase
Que os homens de Hollywood 
Dizem nos filmes 
Exibidos na parede da Igreja:
“I love you, baby”,

Um singelo “Eu te amo”
Faz tremer as pernas
E travar a língua
Dos mais valentes.

Recorrem ao simbolismo
Da flor de açucena
Recolhida no matagal.
E as moças de riso brejeiro,
Com orgulho incontido,
Guardam no peito juvenil
A mais pura prova de amor,
Porque diziam os antigos
Que a flor de açucena
É a flor do bem-querer.

E você, minha doce amada,
Que pegou esporas e sela
E domou este vaqueiro,
É a minha flor de açucena
A minha flor do bem-querer
E hei de amar-te até morrer.

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