Em uma noite de Primavera de 1985 três perseguidos políticos do polo petroquímico de Camaçari vagavam pelos bares das cidades satélites de Brasília. No último que entramos, perguntamos se havia "folha podre". Um moço que bebia ao pé do balcão nos olhou curioso e disse:
- Esse negócio de folha podre é coisa de baiano.
- E somos - respondi.
Travamos conversa até a madrugada. Ele era caminhoneiro e estava indo para Vitória da Conquista. Nós estávamos acampados na Fetag, no Núcleo Bandeirantes, com mais oitenta companheiros em busca de reparação política. A ordem era pressionar os deputados. Afinal, o sindicato representava mais de sessenta mil trabalhadores e era a menina dos olhos dos políticos em tempo de eleição.
- Eu deixo vocês na Fetag.
Aceitamos. O dinheiro era escasso. A ditadura assaltou nossos direitos. Entrei na cabine com o companheiro Marins. O outro subiu na carroceria e se meteu debaixo de uma lona para se proteger do frio.
Chegamos ao nosso destino, descemos e agradecemos a carona. No outro dia, na fila do café, outro colega nos perguntou:
- Sales não saiu com vocês ontem?
Olhei espantado para Marins. Esquecemos de acordar Sales e pelo andar da carruagem ele já devia estar bem longe.
Um comentário:
Gostei da" amizade"esses tabarėuuuuus do junco.kkkk
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