A vida aqui só é ruim porque se ganha em real, o que nos deixa bem próximos da realidade. Mas pelo menos podemos sonhar em euros, já que não temos mais cruzeiros e sobra cruzados nos apontando suas canhoneiras.
Séculos antes da pandemia, ela ganhava o suficiente para ter uma vida confortável. Se economizasse, dava até para fazer um pé de meia. Mas seu porquinho se chamava esbórnia: torrava tudo nos botecos, em longas noites de farra. Idolatrava o "sextou!"
Cansada de trabalhar quarenta horas por semana, foi para a Europa. Lá, para sobreviver, teve que fazer faxina, lavar latrina, ser garçonete e, nas horas vagas, se prostituir em extra para pagar o aluguel. Não havia mais "sextou!". Tudo era "segundou!", sem direito a uma gota de ressaca.
Um dia veio passear no Brasil. Parou em Maceió. E, na tranquilidade do mar à nossa porta, desfazendo a espuma da cerveja no seu copo, ela me disse:
- A Europa é que é lugar de se ganhar dinheiro.
Olhei para seu belo corpo luzidio e lamentei não poder lhe provar que aqui também se podia faturar um extra.
É que ela só transava em Euro.
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