terça-feira, 7 de julho de 2009

O Casamento da Rosinha




Por Mislene Lopes






No dia 24 de junho realizou-se o maior casamento do ano, o mais esperado de todos e eu estava lá, de penetra, porque não recebi o convite. Saí de São Paulo às carreiras, voando, porque se fosse de jegue não chegaria a tempo.


Que encantamento! Que alegria! O sorriso da Rosinha deixou os meus olhos extasiados: que maravilha! Que Madona?! Que Mary Moore?! Nem Julia Roberts conseguiria tantos flashes como Rosinha no dia de seu casamento.

Revivi minha infância, me senti uma menina, voltei por alguns instantes a ser criança.


Rosinha, em sua carroça ricamente decorada em estilo rococó, seu noivo e o padre desfilam pelas ruas do arraial do Junco acompanhados por cavalos e cavaleiros, pelo povo – moradores e visitantes -, pelos políticos que abraçavam a multidão feito ave de rapina.

Essa pequena cidade no mapa do Sertão baiano me dá orgulho, porém quem faz com que nos orgulhamos dela são aqueles que a amam, que a honram, que não a negam, que a divulgam em suas andanças, em sua literatura. Cada verso, cada palavra escrita ou até mesmo dita, nos leva ao arraial do Junco, pois, para cada um dessas pessoas, essa terra foi o inicio, o meio e nunca será o fim.


O cortejo segue pelas principais ruas da cidade, parando nas escadarias do Quiosque do Jânio, no meio da Praça, onde acontecerá a cerimônia de casamento. Rosinha sobe ao altar para se casar sabendo que depois terá se divorciar, para que no próximo ano venha se casar novamente com o mesmo noivo ou outro qualquer. Seu casamento começou com uma brincadeira de Arizio Torres no dia de São João e se transformou em tradição regional, mantida com coragem pelo seu criador que ao longo dos anos pouca ajuda recebeu dos órgãos públicos.


Desfila Rosinha com seu longo vestido branco, a caminho do altar, acompanhada até de jega com batom, talvez querendo arranjar noivo também.


Fascinante o calor humano: abraços e mais abraços, apertos de mão, alegria e mais alegria, o bom soado bom dia! O prefeito todo sorriso no meio da multidão, cumprimentando o povo, angariando simpatia.


Desfila Rosinha, não em um cavalo branco, mas em sua carroça movida a pangaré, quase empacando no meio do caminho. Mas... esperem! Que vem lá no meio da multidão! Será miragem?! Não! É ele, meu amigo Tom, até então virtual: amado por uns, odiados por outros. É ele, em pele e osso, e o festejo está me proporcionando a felicidade de conhecê-lo pessoalmente. No casamento da Rosinha mais um junquês que faz nossa Sátiro Dias ter seu valor, uma jóia lapidada divulgando o nosso velho Junco com honra e amor.


Desfila Rosinha com todo seu cortejo e com ela os sonhos dos junqueses. São tantas as alegrias, mesmo com duração de um dia, fica acesa a chama da esperança eterna. E com a Rosinha e toda sua comitiva seguia minha saudade da menininha franzina cheia de sonhos e esperanças correndo pelas ruas vazias da cidade.


No Casamento da Rosinha revivi meu passado cheio de cores e alegria, reacendendo a fogueira do meu coração. No ano que vem estarei lá novamente, nem que tenha que viajar em lombo de jumento.









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