Hoje, 22 de agosto, para quem não sabe é o Dia do Folclore
I
Lá nas terras dos Dantas
Não tem rio nem tem anta.
Tem o Cruzeiro dos Montes
Em plena linha do horizonte.
Reinam cavalos encantados
Caiporas e sacis aboletados.
O zumbi e o seu pio estridente
Chupando o ouvido do imprevidente.
Não é folclore se falar do fogo-fátuo
Muitos foram os que o viram de fato.
Mulher de padre vira mula-sem-cabeça
A vagar pelo mundo tão-logo anoiteça.
O filho que da mãe não tem gratidão
É o lobisomem da Sexta-Feira da Paixão.
O saci vive na mata a azucrinar
O caçador que ousa lhe perturbar.
O “vulto” pode ser a própria sombra
Do sertanejo que com tudo se assombra.
II
Lá na terra dos Dantas
Não tem rio nem tem anta.
Tem o mito e suas lendas a confundir
O pio da coruja com o canto do zumbi.
A caipora precisando de fumo
Para o caçador não perder o rumo.
A mula-sem-cabeça correndo sem parar
Atrás de um padre para se confessar.
O lobisomem em noite de lua cheia
Espojando-se no campo de areia.
O saci querendo seu cachimbo acender
E o caçador um fósforo deverá oferecer.
O fogo-fátuo e sua breve aparição
Em flashes de luz de assustar o coração.
O “vulto” que não parece ser perigoso
Mesclando folclore e estória de trancoso.
Assim é o imaginário popular do sertão
Mitos e lendas fervilhando em profusão.
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