sexta-feira, 11 de setembro de 2009

11 de Setembro - O Dia Que Não Acabou


O 11 de setembro é uma data emblemática. Não pelo ataque às Torres Gêmeas patrocinado por Bin Ladin, mas pelo dia que decidiu o fim da greve do maior pólo petroquímico das Américas, o Pólo Petroquímico de Camaçari, no dia 11 de setembro de 1985.

Também foi no dia 11 de setembro de 2008 que centenas de trabalhadores, sumariamente demitidos e implacavelmente perseguidos pela ditadura remanescente nos porões da Nova República, tiveram seu status de perseguidos políticos reconhecidos pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, em julgamento ocorrido no auditório da Biblioteca Pública dos Barris. A reparação a qual fizeram jus, por maior que tenha sido, não apaga de suas almas os anos de privações e necessidades que passaram. A ditadura, através do braço que ficou no ramo químico/petroquímico (o general Geisel foi o seu principal mandatário até a reforma feita pelo Governo Collor), transformou-os num exército de párias, na legião dos condenados.

Hoje, aproveito a data, para publicar duas crônicas e um poema deste que vos escreve com o mote da greve. “UM MINUTO DE SILÊNCIO” foi escrito e publicado no Natal de 84 no jornal do sindicato, como forma de sensibilizar a classe patronal a fornecer nosso paradigma salarial que serviria como base de nossas reivindicações perante a Comissão de Anistia. “A GREVE QUE [NÃO] ABALOU O MUNDO” foi apresentada como tese no Congresso dos Petroleiros e Petroquímicos, realizada no ano passado. E “ORAÇÃO DO MORCEGO”, foi o poema que abalou as estruturas emocionais no dia 11 de setembro de 1985, na assembléia do Cine Nazaré. Lida pelo então secretário do Sindiquímica, Jacques Wagner, hoje governador da Bahia, não houve quem não fosse às lágrimas tamanho o impacto emocional. Esse poema foi publicado no jornal do sindicato e eu me tornei um proscrito.

“Morcego”, no jargão sindical, é aquele trabalhador que se alija do seu direito reivindicatório para se encostar à sombra daquele que luta por dias melhores.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom o texto, apenas acrescentaria a data - 11 de setembro de 1973, quando os Chilenos foram alvos da ditadura de Pinochet apoiado pelos Estados Unidos. Nesse momento morreram mais de 50.000 pessoas. Entretanto, é uma parte da História que a maioria dos brasileiros não conhece. Triste dia para os chilenos.
Fernando Alves - Mimoso