Por Cineas Santos
De Projeto A Cara Alegre do Piauí |
Há trinta e três anos, por minha conta e risco, arrebanhei um pequeno grupo de jovens (Paulo Machado, Rogério Newton, Fernando Costa, Alcide Filho e Margô Coelho), formei uma trupe mambembe e embrenhamo-nos pelos sertões do Piauí. Objetivo: ver, ouvir, ensinar, aprender, conviver. Amontoados num velho fusca verde-sonho, fomos a Oeiras, Floriano, São Raimundo Nonato e José de Freitas. Por falta de dinheiro para a gasolina do fusca, arquivamos o sonho. À época, nenhum de nós sabia que estava lançando ali as sementes do projeto A Cara Alegre do Piauí. Pouco tempo depois, eu e o Paulo Machado passamos a ministrar cursos de literatura piauiense para professores no interior do Estado. Quando Elias Arêa Leão assumiu a Secretaria de Cultura do Piauí, montamos uma trupe bem mais encorpada e voltamos a mambembar pelos sertões. Finalmente, em 97, na cidade de Parnaíba, o poeta e professor Fernando Ferraz batizou a cabroeira com o nome de A Cara Alegre do Piauí, usando um argumento irrefutável: “Há séculos, mostramos sempre a cara triste do Piauí. O máximo que conseguimos foi a piedade de alguns e o escárnio da maioria. Chegou a hora de mostrarmos a face luminosa de nossa gente: a rica e multifacetada cultura do Piauí”. Com o novo rótulo, o projeto ganhou asas e percorreu praticamente todo o estado do Piauí, de Parnaíba a Guaribas.
O grupo enriqueceu-se, com a participação de músicos, coreógrafos, escritores, professores, ecologistas, etc. Hoje, somos 30 voluntários a serviço da educação e da cultura do Piauí. Tantas fizemos, que fomos tema de um programa especial da Globo News, realizado pelo poeta Claufe Rodrigues. Curiosamente, nunca nos sentamos para traçar um plano de trabalho. Como time que joga junto há muito tempo, ao entrar em campo, cada um sabe o que vai fazer e faz com engenho e arte.
No final do ano passado, o Cara Alegre foi contemplado com um ponto de cultura (FUNDAC – MINC). A partir de agora, mais que eventos esporádicos, poderemos dar continuidade às ações iniciadas quando da visita do grupo a determinado município. Inicialmente, vamos oferecer cursos de história do Piauí e literatura piauiense para professores da rede pública de ensino. Para os alunos, oficinas de xilogravura, violão e flauta doce. No campo da música, estamos iniciando a gravação de um DVD – Pássaros da Terra - com os músicos mirins do Piauí.
Atendendo a exigência do MINC, vamos adquirir o kit multimídia: máquina fotográfica, filmadora, notebook, data show, etc. Na sede do Projeto – Rua 7 de Setembro – 671, estamos montando um pequeno estúdio para gravação de CDs e DVDs.
É gratificante coordenar um projeto que conta com a participação de pessoas do nível de prof. Santana, Erisvaldo Borges, Paulo Machado, Fonseca Neto, Catarina Santos, Luíza Miranda, Rosinha Amorim, Halan Silva, Luiz Romero, Tânia Martins, Gabriel Archanjo, Geni Costa, Graça Vilhena, Carlos Martins, Vanda Queiroz, Wilker Marques, para citar apenas alguns. A filosofia do projeto continua a mesma: o saber só faz sentido quando compartilhado. Assim seja.
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