domingo, 20 de março de 2011

Cineas Santos - Da necessidade do fazer - FENAVIPI

Se existe algo que efetivamente me incomoda é ver talento desperdiçado, principalmente numa aldeia como a nossa, tão carente de quase tudo. Não seria força de expressão afirmar que o Festival Nacional de Violão do Piauí nasceu dessa sensação incômoda que, com certa frequência, instiga-me a fazer. Explico: venho acompanhando a trajetória artística do violonista Erisvaldo Borges desde sempre. Não me parecia aceitável ver o esforço empreendido, solitariamente, por ele para plantar as sementes do violão erudito em chão piauiense. Tocando, compondo, ministrando aulas para um punhado de alunos, nosso bravo violonista, sozinho, não conseguiria superar os empecilhos que lhe retardavam a caminhada. Por entender que valia a pena apostar no talento, na competência e, principalmente, na dedicação do Erisvaldo, em outubro de 2004,convidei-o para uma reunião num final de tarde. Meia hora depois, estava formatada a proposta de realização do 1º FENVIPI. Em dezembro do mesmo ano, o festival estava literalmente no ar, uma vez que foi transmitido, ao vivo, pela TV Meio Norte. Sucesso absoluto.

É preciso que se diga que sem a inestimável colaboração do mestre Turíbio Santos, nosso patrono, as coisas teriam sido bem mais difíceis. Turíbio nos abriu muitas portas e, principalmente, avalizou um projeto que poderia não ter vingado. Não nos faltou também o apoio da Prefeitura de Teresina e do Governo do Estado. Por sorte, o público piauiense adonou-se do FENAVIPI e fez dele um evento de expressão internacional. Não se trata – é preciso que se diga – de exagero ou bairrismo. Já marcaram presença em nosso festival artistas do porte de Eduardo Fernandez, Ana Vidovic, Tommy Emmanuel e Xuefei Yang, entre outros. Todos os grandes violonistas brasileiros, de Sebastião Tapajós a Nonato Luiz, já estiveram conosco. Este ano não será diferente. Contando com o patrocínio da Petrobras, a 7ª edição do FENAVIPI trará a Teresina: Yamandu Costa, Victor Valadangos, Ulisses Rocha, Fábio Zanon, Marco Pereira, Mário Ulloa, Fábio Lima, Rogério Caetano e, naturalmente, Erisvaldo Borges.

O que distingue o FENAVIPI dos outros festivais é que, além promover belos concertos para os aficionados do violão, o nosso festival tem caráter eminentemente didático: queremos fomentar o gosto pela música erudita nos jovens, melhorar o nível dos músicos profissionais e amadores do Piauí e, naturalmente, formar plateias. Os resultados já se fazem sentir: nas escolas do município de Teresina, nada menos de 800 crianças têm aulas regulares de violão erudito e teoria musical. Se não houver solução de continuidade, em pouco tempo, estaremos exportando grandes músicos. Assim seja.




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