O carnaval do Rio de Janeiro continua sendo o melhor do mundo. Quem diz são os turistas do mundo inteiro que superlotam os blocos de rua, desde o dia em que as escolas de samba (não me perguntem por quê) deixaram de ser o programa preferido deles. 2011 foi o ano em que se festejou, na música brasileira, centenários de nomes ligados ao que há de mais belo na folia (as belas canções), como Assis Valente, Mário Lago, Synval Silva, Pedro Caetano e Nelson Cavaquinho. Também foi, mais uma vez, o ano dos caçadores de mijões.
Também me vejo obrigado a me repetir, uma vez que no ano passado também publiquei crônica e artigo em jornal chiando contra a perseguição neurótica ao xixi, desencadeada pelos fiscais (!) da ordem, que não podiam ver um homem coçar a braguilha ou uma mulher ameaçar ficar de cócoras e já chegavam junto. É claro que, a exemplo de muitos que aqui passam o carnaval, não quero desfilar em mar de urina. Mas não aceito o discurso demagógico de que “era só usar o banheiro químico”. Não tinha banheiro químico para todos, disto sou testemunha. Na apresentação do Rancho Flor do Sereno, aqui mesmo em Copacabana – a mais bela tradução do “foi num carnaval que passou” –, filas de mais de cinqüenta foliões tentavam enganar a bexiga diante de seis (seis! Apenas seis) banheiros unissex.
Mas, como o humor sobrevive a qualquer intempérie, o sufoco inspirou muita gente, como o autor da cantada que ouvi na fila do xixi:
– Você vem sempre aqui, colombina?
– Claro que não, pierrô. Só quando quero mijar.
Ou a solução encontrada pelo genial Alfredinho, comandante do Flor do Sereno, colocando uma caixa cheia de areia sob o palco, para os homens se aliviarem em pé. A uma odalisca que perguntou por que as mulheres não podiam usar “a caixa”, ele respondeu, com essa pérola:
– Porque fere o decoro.
O carnaval sobrevive. Quanto aos caçadores de mijões, só o Alá (lá-ô!) dirá.
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