domingo, 8 de maio de 2011

Mãe, só tem uma


Era mês de maio. Dia das Marias. Dia das Noivas. Dia das mães. O tema da redação para a segunda-feira fazia jus às homenageadas da vez: as mães. Não uma redação qualquer. Obrigatoriamente teria que terminar em “mãe, só tem uma”.

– Claricinha, levante-se e leia sua redação – ordenou a professora, que ainda não era mãe, mas seria quando casasse, assim dizia aos alunos.

Claricinha pegou o caderno, pigarreou, olhou os colegas e começou a leitura:

– Ontem à tarde a minha mãe, meu irmão e eu fomos ao shopping fazer compras e na hora de atravessar a rua o meu irmão se soltou do braço da minha mãe e seguiu na frente, sem perceber que vinha um carro em alta velocidade. A minha mãe não pensou duas vezes: deu um pulo e puxou o meu irmão e por pouco ele não foi atropelado. Ela só fez isso porque mãe, só tem uma.

– Muito bem, Dona Clarice. Agora é a sua vez, Carlos Augusto.

Carlos Augusto se levantou, pegou o caderno e começou a leitura, sem olhar os colegas:

– Ontem de manhã fomos pro sítio do meu avô e o meu primo Artur me chamou pra ir pescar no açude. O sol esquentou e eu resolvi dar um mergulho, mas o açude era fundo e eu comecei a me afogar. O meu primo correu até a casa pra buscar socorro e a minha mãe veio esbaforida, se jogou dentro d’água e me arrastou até a margem. Depois que a gente saiu da água, ela se lembrou de que não sabia nadar e que poderia ter morrido também. Mas ela só fez isso porque mãe, só tem uma.

– Muito bem, Doutor Carlos Augusto. Espero que tenha aprendido a lição. Joãozinho, agora é a sua vez.

Expectativa geral. Joãozinho se levantou devagar, apanhou o caderno, olhou para os colegas valorizando a importância do momento, tomou fôlego e começou: 

– Domingo passado o meu primo Juquinha foi almoçar lá em casa. A minha mãe não gosta muito quando ele vai pra lá não, porque ele é muito buliçoso. E quando a gente terminou de almoçar, a minha mãe me pediu pra pegar duas latas de Coca-Cola que estavam na geladeira. Fui contrariado porque queria tomar a outra Coca-Cola de noite, sozinho. Quando abri a geladeira tomei um susto com o que vi. Então gritei pra minha mãe: “Mããããee! Só tem uma!”


Nenhum comentário: