O título acima era um axioma
muito empregado nos meus tempos de criança-adolescente e que, de certo modo,
revelava o direito de se falar o que se queria, principalmente pelas bocas
desaforadas, e que depois foi traduzido para “liberdade de expressão”. Em
verdade, a expressão completa é “cala a boca já morreu, quem manda na minha boca
sou eu” e muitos dos meus dez leitores já devem ter ouvido ou feito uso dela.
Mas esse “cala a boca já
morreu” acima, é o título de uma carta da Editora Abril, endereçada a este
escriba, relembrando meus áureos tempos de assinante da Revista Veja quando ela
se incluía como uma revista de resistência nos angustiantes anos de chumbo, sob
a batuta do destemido Mino Carta. Agora, abraçada a causas menos nobres, ou melhor,
espúrias, que já teve até um Carlos Cachoeira opinando sobre a linha editorial
da revista, ela quer que eu volte a ser assinante e acompanhe as mudanças que
se seguem nesse país pós-traumático. Para isso, me ofereceram até desconto de
setenta por cento. Mesmo assim liguei para a Editora para pechinchar mais ainda:
- Vocês me mandam a revisa
de graça e me pagam quinhentos pilas para ler!
Até que era uma proposta
razoável. Meus advogados disseram que eu devia pedir dez mil, mas, depois de
pagar os honorários devidos, iria ficar com menos de quinhentos paus. Por isso
a negociação direta, sem intermediário.
Claro, a Editora não aceitou,
mas na semana passada me ofereceram a revista Veja pelo preço de dez por cento do valor da
assinatura. Mais dia, menos dia, vão terminar aceitando e aí quem não vai
querer sou eu. Só se me pagarem os dez mil reais que os advogados sugeriram.
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