Reza a crença popular que só existe um pecado que Deus não
perdoa: a soberba. Falta-me competência teológica,digamos, para negá-la.
Particularmente, considero a inveja e a soberba dois dos sentimentos mais torpes que o ser
humano é capaz de agasalhar no coração. Mas vamos ao que importa: a seleção brasileira
perdeu a Copa por soberba e
incompetência. Pouco antes do início do
torneio, Felipão, com a teimosia dos que quebram,mas não vergam, afirmou: “Ao
Brasil só interessa ganhar a Copa”. Seus pupilos fizeram coro. A máxima
era “vencer ou vencer”. Ora, participar
de um jogo – seja de lançamento de cuspe a distância ou porrinha – é admitir a possibilidade de perder, por
mais desagradável que isso possa ser. Em qualquer disputa, não se pode
desprezar o poder do imponderável.
A pior coisa que aconteceu à seleção brasileira foi vencer
a Copa das confederações (2013). Ao derrotar México, Uruguai e Espanha, os
“meninos de ouro” perderam a noção de chão, lugar onde, normalmente, se joga
futebol. A seleção mais cara do mundo
entrou em campo para um passeio. Só
se esqueceu de combinar com os adversários, como teria dito Mané Garrincha,
antes de uma preleção, no Botafogo. Não bastasse a confiança excessiva,
jogaríamos em casa, contando com a participação de milhões de brasileiros. Sob
a inspiração de Neymar, a seleção escorraçaria, de uma vez por todas, o espetro
do “maracanaço”(1950) que ainda ronda o Maracanã. O mais dispensa comentário.
É lugar comum, entre os fazedores de palestrar
motivacionais, a máxima: “aprende-se mais com as derrotas do que com as
vitórias”. Pura balela. Só se aprende alguma coisa quando há efetiva disposição
para fazê-lo. O que aquele grupo de meninos riquinhos, jogando nos clubes mais
famosos do mundo, tinha a aprender sobre as artes e artimanhas de um esporte
que já lhes deu grana, fama e louras? Havia mais preocupação em exibir penteados
exóticos do que em jogar futebol. Parafraseando Cazuza, Casagrande bradava
pateticamente: “A gente não quer só ganhar...”
É
escusado lembrar que a zaga mais cara do mundo tomou gol até da prosaica seleção de Camarões. Convenhamos que
é humilhante para quem contava como certa
a sexta estrela.
Depois do vexame dia
8, capaz de envergonhar até as menininhas que não sabem distinguir a bola dos jogadores,
pode-se afirmar que só sobreviveram ao tsunami,
Fuleco, que nem entrou em campo, e Neymar que, no papel de mártir, poderá
reacender o mito de Dom Sebastião, o glorioso.
Já circula na internet a informação de que a famosa camisa
7, que já foi honrada por craques do tope de Garrincha, Jairzinho e Bebeto,
para citar apenas os mais famosos, será definitivamente banida da seleção
canarinho. O governo, sempre sensível às questões importantes, estuda a
possibilidade de retirar dos dicionários o verbo amarelar para não comprometer a virilidade das futuras gerações. O
mais permanece. Brava gente!
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