sábado, 19 de julho de 2014

Dezoito anos perseverando



Nem sempre a navegação cibernética foi feita através dos sites sociais ou dos zap-zaps e seu barulhinho chato. Houve um tempo em que navegar era preciso e morrer de raiva com a lentidão do ciberespaço era o ponto perigoso da navegação chamada on-line. 

Vieram os e-mails. Os chats, sala de bate-papo digitado. Surgiram as webcams e o MSN, que se tornou popular tanto quanto o Facebook de hoje, mas que foi degolado pelo Orkut. No meio disso tudo havia os chamados e-groups, grupos de literatura onde se reuniam os intelectuais pobres de Jó, remediados e até famosos como Mario Prata. Esses grupos, às vezes, se cotizavam e criavam sites, onde seus textos podiam ser expostos ao público externo.

Havia muitos grupos bons, com gente de inegável competência intelectual, mas havia também muito culto ao próprio umbigo. Eu desfilei por vários, encrenquei com uma multidão, os sensatos me pediam tolerância, mas o meu pai não me ensinou como ser clemente com a mediocridade. Assim, arranjei bons desafetos, mas, em compensação, ganhei grandes amigos os quais conservo até hoje.

Como no universo cibernético o que é agora daqui a instantes não é mais, os e-groups foram se dissolvendo na popularização dos blogs e apenas poucos ainda resistem aos encantos da blogosfera. 
Hoje, dois desses sites resistem ao massacre dos blogs: um, o mais famoso na atualidade, chamado Recanto das Letras, um site facilitador da criação literária, onde pousam milhares de ciber-escritores, dos bons aos remediados e também os copiadores compulsivos. 

O outro, o Blocos On Line, um site que ainda abriga uma multidão de intelectuais de internautas do mundo todo. Esse site, até tempos atrás era a maior referência em literatura cibernética. Publicar nele era o sonho de todos aqueles que procuravam um estande para mostrar seus escritos. 
Capitaneado pela escritora carioca Leila Míccolis, exatamente hoje, dezenove de julho de dois mil e quatorze, o site completa dezoito anos de existência e resistência. Oxalá, possamos comemorar com pompas e circunstâncias essas quase duas décadas divulgando a boa literatura dos anônimos sem pátria e sem rei.

Parabéns, Blocos on Line, pela perseverança e desafio às modernidades cibernéticas! Vida longa ao site e aos seus moderadores!

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