Nem sempre a navegação
cibernética foi feita através dos sites sociais ou dos zap-zaps e seu
barulhinho chato. Houve um tempo em que navegar era preciso e morrer de raiva
com a lentidão do ciberespaço era o ponto perigoso da navegação chamada on-line.
Vieram os e-mails. Os chats,
sala de bate-papo digitado. Surgiram as webcams e o MSN, que se tornou popular
tanto quanto o Facebook de hoje, mas que foi degolado pelo Orkut. No meio disso
tudo havia os chamados e-groups, grupos de literatura onde se reuniam os
intelectuais pobres de Jó, remediados e até famosos como Mario Prata. Esses
grupos, às vezes, se cotizavam e criavam sites, onde seus textos podiam ser
expostos ao público externo.
Havia muitos grupos bons,
com gente de inegável competência intelectual, mas havia também muito culto ao
próprio umbigo. Eu desfilei por vários, encrenquei com uma multidão, os
sensatos me pediam tolerância, mas o meu pai não me ensinou como ser clemente
com a mediocridade. Assim, arranjei bons desafetos, mas, em compensação, ganhei
grandes amigos os quais conservo até hoje.
Como no universo cibernético
o que é agora daqui a instantes não é mais, os e-groups foram se dissolvendo na
popularização dos blogs e apenas poucos ainda resistem aos encantos da blogosfera.
Hoje, dois desses sites
resistem ao massacre dos blogs: um, o mais famoso na atualidade, chamado
Recanto das Letras, um site facilitador da criação literária, onde pousam
milhares de ciber-escritores, dos bons aos remediados e também os copiadores compulsivos.
O outro, o Blocos On Line,
um site que ainda abriga uma multidão de intelectuais de internautas do mundo
todo. Esse site, até tempos atrás era a maior referência em literatura
cibernética. Publicar nele era o sonho de todos aqueles que procuravam um estande
para mostrar seus escritos.
Capitaneado pela escritora
carioca Leila Míccolis, exatamente hoje, dezenove de julho de dois mil e
quatorze, o site completa dezoito anos de existência e resistência. Oxalá,
possamos comemorar com pompas e circunstâncias essas quase duas décadas divulgando
a boa literatura dos anônimos sem pátria e sem rei.
Parabéns, Blocos on Line,
pela perseverança e desafio às modernidades cibernéticas! Vida longa ao site e
aos seus moderadores!
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