sexta-feira, 22 de agosto de 2025

TEMPOS DE SOLIDÃO

 

Tempos de solidão

Tom Torres Nos meus tempos de solidão As noites eram banhadas por solitárias estrelas, Fogo fátuo, mula sem cabeça e zumbis. Mal se enxergava a ponta do nariz Roçando a pele áspera do lobisomem. Lobo ou homem? Meu primo Assis não temia (nem tremia) Do lobo ou do homem, mas corria do aglutinado Até passou a noite de cócoras, no mato, Esperando o fogo fátuo passar. Suas lendas e seus temores! Quando a aurora se fez, o fogo fátuo Transformou-se no sinalizador da torre de tevê. Mas quem te viu e quem te vê! As noites já não são mais feitas De tremores e medos. O prefeito, que nunca vira couro de lobisomem, Subiu a Ladeira Grande em noite de breu E ordenou aos comandados seus:

  • Faça-se a luz!

Uma grande luz brilhou na escuridão E o que era invisível dia e noite, transformou-se em uma nova constelação.

POEMA EM FORMA DE ORAÇÃO



Poema em forma de oração

Tom Torres Aos que se foram sem direito a despedida Aos que ficaram sem poder chorar seus mortos Aos que resistem porque não podem desistir. Procuro a fagulha cósmica em ecos desfeita para acender a galáxia nos trilhos ardentes e fazer brilhar a minha estrela cadente nas noites solitárias dos poetas mortos. Da memória ecoam vozes e gritos absortos dos que vieram e se foram em trens peregrinos, deixando marcas indiscretas de não sabido destino, marcas que escorrem como água entre os dedos. São lembranças provocando os nossos medos de não mais sabê-los nem podê-los encontrar na confluência entre céu, Terra, ressaca do mar, Ou na tapeçaria do Tempo tramando nosso degredo em viagem etérea em um rasante estelar.

HOMENAGEM A JUDÉLIO CARMO

 

Faz oitenta anos que nasceu o político que colocou Alagoinhas nos trilhos: Judélio Carmo.

Lançou-se na política ainda jovem, 1955, sob influência de amigos, pincipalmente de Edgard Torres, que o convenceu a se candidatar a vereador na eleição de 1956. No ano passado, nessa mesma data, tive o prazer de lançar o livro "Judélio Carmo, o semeador de utopia", também assinado por Luiz Eudes. O livro foi idealizado por Genival Dantas e teve a colaboração voluntária de Juracy Silva, na assessoria jurídica, e de Marco Antunes, na revisão da história política de Alagoinhas. Colaboraram, também, Belmiro Deusdete e Pedro Marcelino. TRIBUTO A JUDÉLIO CARMO Tom Torres Não vim ao mundo para lustrar egos de vaidosos, Nem cultivar o nós que nos cega e divide; Vim para construir os "eus" que transformam E despertam os íntimos sonhos adormecidos, Pois nem a Quimera com seu corpo incongruente Intimida a Utopia que nos cativa e que nos une. Não serei importante diante da legião de humildes, Nem humilde ante a arrogância tóxica dos importantes. Serei o farol dos que juntos constroem sonhos, Na certeza de que só a utopia nos cativa e nos une.