Tempos de solidão
Tom Torres Nos meus tempos de solidão As noites eram banhadas por solitárias estrelas, Fogo fátuo, mula sem cabeça e zumbis. Mal se enxergava a ponta do nariz Roçando a pele áspera do lobisomem. Lobo ou homem? Meu primo Assis não temia (nem tremia) Do lobo ou do homem, mas corria do aglutinado Até passou a noite de cócoras, no mato, Esperando o fogo fátuo passar. Suas lendas e seus temores! Quando a aurora se fez, o fogo fátuo Transformou-se no sinalizador da torre de tevê. Mas quem te viu e quem te vê! As noites já não são mais feitas De tremores e medos. O prefeito, que nunca vira couro de lobisomem, Subiu a Ladeira Grande em noite de breu E ordenou aos comandados seus:
- Faça-se a luz!
Uma grande luz brilhou na escuridão E o que era invisível dia e noite, transformou-se em uma nova constelação.