Por Leila Barros
Enquanto alguns paulistanos desvairados decoravam seus locais de trabalho e – pasmem – seus lares também, com toda aquela parafernália bruxolística, longe de tudo isso, em um sítio perto da represa de Guarapiranga algumas fadas se reuniam para iniciar a 1ª Convenção das Fadas Brasileiras, um movimento puramente anti-Halloween.
– Ângelus, cânticos celestiais, perfume de lavanda, cores de arco-íris, fadas, querubins e seres afins, unamo-nos contra essa festa sacana e tipicamente americana! Viva as fadas da floresta amazônica, os vaga-lumes, as selvas tropicais, as vitórias-régias encantadas, o folclore nacional!
E nesse ínterim, as fadinhas se preparavam para o evento:
– Esse negócio de Halloween já encheu os... ops! Desculpe-me essa linguagem imprópria, mas é que não aguento mais ver bruxas estilizadas, vampiros, fantasmas, esqueletos e morcegos pendurados aqui no escritório!
– Calma Vica! Estamos em pleno mês de Outubro! Isso é normal em todos os escritórios da cidade!
– Você acha normal furar uma abóbora que fica com uma cara de Dona Doida para enfeitar uma festa? E depois, Arlene, nós precisamos agir depressa, ou no ano que vem teremos novamente esse conglomerado de esquisitices que nada tem a ver com nossos costumes e tradições. Acho que vou roubar uma abóbora dessas e cozinhar com jabá!
– Não faça isso, Vica! Vamos logo para o local do encontro que no caminho eu faço uma recarga no celular e ligo para todas as outras fadas!
– Caramba Arlene! Vamos ter de ir de trem até bem próximo da represa, pois está um trânsito terrível!
– Em todos os outros países as fadas podem voar! Aqui no Brasil a gente tem de andar de trem! Que fiasco!
– Não dá para pegarmos uma vassoura emprestada, Arlene?
“Às vezes eu acho que essa fada pagodeira está se passando para o lado dos aficionados pelo Halloween!” Arlene pensou e quase deixou escapar!
– Vamos Vica! Hoje é trinta de outubro e temos que iniciar o projeto exatamente às 18:00 horas!
Sem vassouras, sem truques e sem morcegos, as fadas brasileiras iniciaram sua convenção.
Saudações iniciais foram feitas por todas as fadas: celtas, belgas, inglesas, suecas, etc.
Obviamente elas discursaram em inglês. Mas havia legenda.
Saudações das fadas brasileiras:
“Saúdo-vos Fauna e Flora do Brasil, golfinhos, vitórias-régias, ninfeáceas, araras e jabuticabeiras em flor. Acolham nossas saudações e aclamem como o Dia das Fadas todo dia 30 de outubro... Transformem-nos nesse dia em borboletas brancas para que possamos neutralizar os efeitos do Halloween em cada um dos desatinados brasileiros que não sabem nem pronunciar Réloin...”
E assim foi feito... A partir de então, todo dia 30 de outubro um panapaná de borboletas brancas segue voando por todo o Brasil, encantando pessoas e neutralizando nelas aquele olhar vidrado, meio abóbora, meio perdido.
Bailam corujas e pirilampos, entre os sacis e as fadas...
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