Pode parecer estranho, mas não é força de expressão: realizar
a 10ª edição do SALIPI está sendo mais complicado do que foi fazer a primeira.
Explica-se: em 2003, tínhamos apenas a vontade e a coragem de ousar. Sem
qualquer experiência, sem dinheiro, sem o apoio de grandes grupos empresariais,
decidimos dar um passo maior que as
pernas. O salão poderia ter morrido no nascedouro sem maiores
consequências. Teria sido apenas mais uma das muitas tentativas que não vingaram.
Hoje, ninguém mais se lembraria do natimorto.
O problema é que o SALIPI, para surpresa até dos organizadores, deu
certo. O povo do Piauí adonou-se dele, não nos deixando outra opção a não ser
continuar. Se o projeto deu certo, qual é o problema? Bem, pra começo de
conversa, não podemos continuar oferecendo ao público uma réplica do que se fez
na experiência inicial. O público, certamente, quer e merece sempre muito mais.
Aí reside o problema: oferecer mais tem custo, e as fontes mantenedoras do
Salão continuam as mesmas. Implica dizer: aumentaram as despesas sem o correspondente
crescimento das receitas. O SALIPI, sucesso de público e crítica, sempre
trabalhou no vermelho. Ao final de cada edição, o velho pesadelo: como pagar as
contas? Enquanto estive à frente da Fundação Quixote, muitas vezes tive de
tirar os magros caraminguás do próprio bolso para pagar despesas inadiáveis. O
prof. Luiz Romero, em mais de uma oportunidade, fez a mesma coisa.
Nessa altura
da conversa, os que torcem contra o SALIPI (e não são poucos) dirão, com um
sorrisinho cínico: “Se fosse tão ruim, os donos já teriam desistido”. Esse é o
problema: os donos, ou seja, os
piauienses que querem o salão vivo. O SALIPI não é propriedade da Fundação
Quixote, não é emprego nem “um negócio rentável” para quem o dirige. É um
serviço realizado por quem não encara a vida como um simples exercício
contábil.
É escusado
afirmar que, sem a ajuda do governo do Estado, da Prefeitura de Teresina e de
um punhado de parceiros, o Salão não se realizaria. Mas os que planejam e
executam o SALIPI o fazem por amor. Como explicar, por exemplo, o gesto do Dr.
Gisleno Feitosa que, durante a realização do evento, abandona sua clínica para dar
plantão no SALIPI? Como explicar o desprendimento da professora Jasmine Malta
que interrompe o seu doutorado para vir cuidar da molecada? Como explicar a
atitude do prof. Kássio Gomes que deixa o seu município de origem – Valença –
para assumir a direção da Fundação Quixote? Amor à causa, irmãos. Nada além.
Por tudo
isso e muito mais, só nos resta uma saída: continuar fazendo o Salão do Livro
do Piauí, evento que, ao longo de dez anos, já mudou o perfil do leitor
piauiense. Decididamente, não podemos desistir. Longa vida ao SALIPI!
Nenhum comentário:
Postar um comentário