Letrista/poeta?
Poeta/letrista? Aqui, a ordem das letras não altera os versos. E o grande compositor
da MPB que ficou conhecido como Poetinha não rivaliza com o grande poeta que,
juntamente com parceiros musicais do gabarito de Tom Jobim, Baden Powell,
Carlos Lyra ou Toquinho criou momentos preciosos do nosso cancioneiro.
Também advogado, diplomata, cronista,
crítico de cinema, dramaturgo, cidadão do mundo e amigo de seus amigos em todas
as horas, Vinicius de Moraes, o grande brasileiro de quem este ano se festeja o
centenário, botou a poesia no centro dos acontecimentos, mesmo tendo sido
perseguido pela burocracia do Itamarati – por ser poeta – e depois pelos poetas
mais conservadores – por escrever letras de música popular. Independente da
data redonda, Vinicius será sempre lembrado por suas canções, que não param de
merecer regravações, e também pelo relançamento de sua obra literária ou a remontagem
de seu musical clássico, Orfeu do
Carnaval.
Vinicius de Moraes ressuscitou a parceria,
que andava fora de moda, a necessidade do músico sem muita intimidade com a
palavra se juntar a um poeta em busca da complementação da obra de arte. Dos
primeiros sucessos ao lado de Tom Jobim na década de 50, onde surgiram pérolas
como Garota de Ipanema, Se todos fossem iguais a você, Chega de saudade e Eu sei que vou te amar, os “afro-sambas” com Baden, até o casamento
com Toquinho, consolidado com Tarde em
Itapuã, o poeta se firmou como uma das maiores vocações de letrista que já
vimos.
Vinicius
nasceu no dia 19 de outubro de 1913, no Rio de Janeiro, mesma cidade onde
morreu, em 1980. Consta que era um menino bonito. Tinha olhos verdes, “talvez
ausentes, mas determinados como se vissem logo adiante um grande dever a
cumprir e o tempo fosse pouco”, como declarou certa feita sua irmã mais velha,
Laetitia. Deixou muitas viúvas e inúmeros discos gravados. Também se destacou
na criação de trilhas sonoras, tendo deixado pelo menos cinco LPs com esses
registros.
Trabalhador, criativo e profícuo, foi um
gênio da raça.
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