Eu
estava lá, nas brenhas das brenhas de uma serra de um lugar chamado Serra do
Aporá, pulando a fogueira, bebendo licor de jenipapo e dançando forró ao som da
sanfona, triângulo e zabumba.
Salão
de chão batido, candeeiro pendurado no reboco da parede, sanfoneiro cochilando,
poeira levantando e eu no meio da multidão dos dançarinos trocando passos entre
o xote e o pau de porteira. De vez em quando alguém gritava “Viva São João!” e
todo mundo respondia “Viva!”
No
curto intervalo que o sanfoneiro fez para molhar a garganta, ousei satisfazer
uma curiosidade com a parceira da contradança, uma mocinha da região:
-
Diz-me uma coisa, meu bem, porque em todo homem que encosto sinto um negócio
duro dentro da camisa?
-
Ah! Isso é o cabo da peixeira!
Amarelei.
O fole voltou a roncar, o zabumbeiro a zabumbar, pedi licença à moça e saí de
fininho para o terreiro e fiquei olhando o crepitar da lenha na fogueira até a
hora que um grito ecoou casa afora:
-
Olha a faca!
A
carreira foi tanta que ninguém retornou para ver se havia algum corpo estendido
no chão.
2 comentários:
Que beleza de texto, Ronaldo. Este é o nosso sertão, incrível e belo.
Obrigado, meu grande poeta Celso Japiassu.
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