Tom Torres e Cristiana Alves
Nunca
pergunte ao seu pai aonde ele vai, principalmente se você não pode ir junto. Lá
no Junco, para perguntas sem respostas, se diz que a curiosidade matou o gato.
- Que
gato, pai? Nós nem temos gatos!
- Você
está querendo saber demais!
- Mas só
perguntei aonde o senhor vai desse jeito.
- Desse
jeito, como?
- Mais
enfatiotado do que prateleira de mulher suspeita!
-
Acertou! Vou justamente para um lugar de mulher suspeita: o brega de Tininha.
Esse era
um diálogo entre pai e filho: José e Matheus. Este, passava horas imaginando
como seria o brega da Tininha. Menor de idade, não o deixavam entrar. E a sua
imaginação corria solta, pensando em cada detalhe do ambiente: as mulheres, as
luzes, os homens que frequentavam, as músicas, os quartos... Imaginava Tininha
do jeito que veio ao mundo, peladona, uma linda mulher e fazendo sexo com ele.
Um dia Matheus
sofreu um baque que o tirou bruscamente dos devaneios eróticos com Tininha: ficou sabendo que ela não era ela, mas ele! Tininha
era um homem! Fez cara de nojo e lavou a boca com sabão.
Um dia,
uma prima minha, muito amiga da falecida esposa de José, resolveu fazer uma visita
a ele. Conversa vai, conversa vem, deu a hora de José ir para sua partida de
futebol e ela permaneceu na casa dele, a pedido do mesmo. Matheus estava na
casa da namorada. Aproveitou para tomar banho, fez café e sentou-se à mesa para
tomar um cafezinho fresco. Ouviu o barulho de alguém abrindo o portão, pensou
que era Matheus retornando da casa da namorada e continuou tomando seu café na
mais cândida moral.
-
Matheus?!
Não era
Matheus. Era uma garota, aparentando ter dezenove anos, morena, cabelos pretos
e longos, olhos castanhos e faiscando fúria.
- Quem é
você? – gritou a visitante, se dirigindo ameaçadoramente para a minha prima – O
que você é de José? O que você faz aqui?
-
Pergunta para José!
- Já
perguntei! Já perguntei! – disse à beira do histerismo.
- E o que
ele disse?
- Nada!
Aquele safado não disse nada! Nada! Nada! Sua quenga, o que você faz aqui? Sua
puta rampeira, o que você quer aqui? Sua cachorra, você some e depois de quinze
dias aparece, sua... sua... sua... despinguelada!
- Se
desafaste de mim!
Ela partiu
para agressão física. A minha prima se esquivou e ligou para José.
- Me
acuda, José, que tem uma doida aqui tentando me agredir!
- Saia de casa e chame Matheus.
Matheus não atendeu. A garota vomitava palavrões e a
minha prima, desesperada, correu porta afora e procurou refúgio na casa
vizinha, de um primo de Matheus. A garota foi atrás e parou na frente da casa,
continuando os insultos:
- Essa quenga despinguelada é a nova puta do José! Essa
tabaca ensebada é a cueira daquele safado, que de dia é José e de noite é
Tininha! E todo mundo aqui pensando que ele é um santo! Só se for santo do cu
oco!