sábado, 3 de dezembro de 2011

Cunha de Leiradella é gente nossa

Programa VEREDA LITERÁRIA (entrevista) gravado com o escritor e dramaturgo CUNHA DE LEIRADELLA, em 21 de junho de 1996.
Pesquisa e apresentação: Helton Gonçalves de Souza.
Direção: Melquíades Lima.
Produção: Abel Amâncio Silva.


Navegar é preciso, viver não é preciso. Por trás desta frase está mais do que uma interpretação filosófica do poema de Fernando Pessoa; está a sobrevivência do Império Romano setenta anos antes de Pedro negar Cristo por três vezes. 

Para início de conversa, Pessoa não traz a si a autoria da frase. Nem podia.  Ela foi dita pelo general romano Pompeu, em 70, antes de Cristo. Roma vivia uma greve de escravos e passava fome. Pompeu foi enviado à Sicília para escoltar uma frota com provisões para Roma. Naquele tempo navegar era uma aventura desconhecida, temerária, e Pompeu encontrou a marujada temendo entrar no mar. Então, entre Roma sucumbir à fome e os marujos perecerem no mar, a última opção foi a escolhida pelo general quando disse a frase de efeito, uma versão maneira do refrão usado pelos gladiadores: “Ave César, os que vão morrer te saúdam!”. A intertextualidade do vate português dois milênios depois, deu pano pra mangas de muitas discussões acaloradas, muitas equivocadas, e até mesmo tese de mestrados e doutorados de Filosofia a Física Avançada, o que não me cabe discutir aqui sobre o pai da criança.

“Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
"Navegar é preciso; viver não é preciso".
Quero para mim o espírito desta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.”
(Navegar é preciso - Fernando Pessoa)

Navegar é preciso. Não por mares revoltos de perigos abissais, mas pelo inofensivo telecoteco do mouse nesse oceano cibernético. Uma viagem tranquila, sem tempestades ou ondas gigantes, muito menos com o traiçoeiro canto das sereias. É coisinha besta e fácil, e que só depende da sua boa vontade: ajudar um amigo a vencer um concurso de contos lá na terra de Fernando Pessoa.

Cunha de Leiradella é um escritor d'além-mar, com um pé fincado no Pelô quando este era apenas um reduto de marinheiros. Estivemos juntos num lançamento de livro no Circo Voador e, na ocasião, ele lançava um romance prefaciado pelo meu irmão Antonio Torres. O livro parece obra de roteirista roliudiano: há cenas de sexo, drogas e o rock and roll desvairado da polícia política da gloriosa Ditadura. Quem errasse o passo dançava no pau-de-arara. O pano de fundo era a velha Bahia, a Salvador dos anos 80, seus misticismos e encantos em cada canto, além dos saudosos bares do Sandoval, Quintela e do Raso da Catarina. Apesar do pouco tempo na Bahia, pois à época morava em Belo Horizonte, parece que no livro “Sargaços” ele incorporou uma entidade profundamente conhecedora dos hábitos e costumes baianos do início dos anos 80.

Assim como eu, Leiradella se cansou do lengalenga da axé music e picou esporas. Só que ele atravessou o Atlântico e voltou para os braços do fado e do bailarico. Mas como a crise econômica europeia afetou barbaramente a vida do trabalhador português, ele hoje precisa da colaboração dos amigos do lado de cá do Atlântico. Precisa que cliquem no link abaixo, leiam o conto, e votem no mesmo. Se preferir, pode votar sem ler mesmo. 



Livros do Leiradella
    Réquiem op. 1 (Peça de teatro, 1964)
    Inúteis como os Mortos (Peça de teatro, 1965)
    O Homem Calado (Peça de teatro, 1965)
    As Pulgas (Peça de teatro, 1983)
    Laio ou o Poder (Peça de teatro, 1984)
    Sargaços (Romance, 1984)
    O Longo Tempo de Eduardo da Cunha Júnior (Romance, 1987)
    O Homem Sentado (Peça de teatro, 1987)
    Cor Local (Peça de teatro, 1988)
    Guerrilha Urbana (Romance, 1989)
    Judas (Peça de teatro, 1992)
    Cinco Dias de Sagração (Romance, 1993)
    Vestida de Sol e de Vento (Roteiro para vídeo, 1994)
    Belo Horizonte: Caminhos (Roteiro para televisão, 1994)
    A Solidão da Verdade (Romance, 1996)
    Fractal em Duas Línguas (Antologia de contos, 1997)
    Síndromes & Síndromes (e conclusões inevitáveis) (Antologia de contos, 1997)
    O Circo das Qualidades Humanas (Roteiro para cinema, 1998)
    Apenas Questão de Método (Romance, 2000)
    Os Espelhos de Lacan (Romance, 2004)
    Apenas Questão de Gosto (Romance, 2005)
    Inéditos (1989/2006)

Inéditos
    Apontamentos para um Teatro de Questionamento (Ensaio, 1986/1990)
    Balancê Balançado (Peça de teatro, 1989)
    Três Chopes (Roteiro de curta-metragem para cinema, 1999)
    O Que Faria Casanova? (Antologia de contos, 2001)
    Brazilian Way Of Life (Peça de teatro, 2002)
    Classe A - Roteiro de curta metragem para cinema, 2005
    A Pata do Javali (Romance, em fase de criação, 2006)
    Quem Falava de Marcello Pizzantini (Roteiro de longa-metragem para cinema, em fase de criação, 2006)

Prêmios Literários (Vencedor)
Prêmio Fernando Chináglia 1981, Brasil
ROMANCE: O Longo Tempo de Eduardo da Cunha Júnior
I Concurso de Textos Teatrais Rede Globo/APATEDEMG 1982, Brasil
TEATRO: As Pulgas
 Concurso Nacional de Literatura Cidade de Belo Horizonte 1984, Brasil
TEATRO: Manera, Doutor, Manera (Reescrita em 2002 com o título Brazi-lian Way of Life)
 Concurso Nacional de Literatura Cidade de Belo Horizonte 1986, Brasil
TEATRO: O Homem Sentado
Prêmio Plural 1987, Cidade do México, México

CONTO: O Homem que já Sabia
Prêmio Nacional Clube do Livro de Literatura 1988, Brasil
ROMANCE: Guerrilha Urbana
Prêmio Instituto Nacional do Livro 1988, Região Sudeste, Brasil
ROMANCE: O Longo Tempo de Eduardo da Cunha Júnior
 XX Concurso de Contos de Paranavaí 1988, Brasil
CONTO: Inúteis como os Mortos
Concurso Nacional de Contos Prêmio Paraná 1990, Brasil

CONTOS: Turistas são os Outros
Prêmio Plural 1990, Cidade do México, México
CONTO: Inúteis como os Mortos
Prêmio BDMG-Cultural de Literatura 1991, Brasil
TEATRO: Judas
Prêmio Cruz e Souza 1995, Brasil
CONTOS: Fractal em Duas Línguas
Prêmio Literário Terras de Lanhoso 1997, Portugal
CONTO: Os Homens e os Outros
Prêmio Caminho de Literatura Policial 1999, Portugal
ROMANCE: Apenas Questão de Método

Fonte das obras do Leiradella: site Wikipédia  

2 comentários:

Anônimo disse...

ô tom, mereço isso não, sô!
abraços do
leiradella

Tom Torres disse...

Merece mais do que isso, bróder.
Abraços,