quarta-feira, 9 de março de 2011

Luís Pimentel - Duas histórias de carnaval

1.
Foi num Carnaval que passou

O folião chegou no bar Bip-Bip, em Copacabana, e puxou uma cadeira. Arrasado, depois de “três dias de folia e brincadeira” e de se esbaldar no desfile do rancho Flor do Sereno, despejou os cotovelos sobre a mesa e grunhiu:
 – Uma cerveja, estupidamente gelada.
Alfredo, dono do estabelecimento, conhecido e aplaudido pelo mau humor, grunhiu mais alto:
– Só tem quente.
– Serve – gemeu o folião, caindo imediatamente num pranto de derrubar encostas. Tão sincero que até o Alfredo se comoveu:
– Que foi, querido?
Acarinhado, o sujeito abriu o verbo:
– Você sabe o que é ter um amor, meu senhor, ter loucura por uma mulher, e depois encontrar esse amor, meu senhor, nos braços de um motorista de ônibus?
Corno em fim de festa é comum, mas plagiando Lupicínio Rodrigues, não é a toda hora que se encontra.
Alfredo tentou ajudar:
– Qual é a linha?
– Nenhuma. Piranha da pior espécie.
– Estou falando do Ricardão. Qual é a linha que ele pilota?
– 571, Glória-Leblon, via Jóquei.
O comerciante enxugou uma lágrima discreta:
– É duro mesmo. Sei o que você está passando.
Começando a se acostumar com o chifre, o amigo recente se animou:
– Você também já levou bola nas costas?
E o Alfredo, olhar distante, pôs mais uma dose de maldade no alfinete de pontinha fina:
– Só levei bola nas costas nos meus tempos de médio-volante do Bangu. Agora, se pelo menos a vadia tivesse escolhido um motorista do 572, que é via Copacabana...


2.
Paixão na avenida

Saio do Sambódromo na madrugada de terça-feira, depois de ver o desfile da última escola de samba da segunda, e me dirijo à estação do Metrô na Praça Onze. Na fila dos bilhetes, o folião me aborda, lata de cerveja na mão e cigarrinho apagado no canto da boca:
– Tu conheces a Doralice?
– Só a do samba: “Doralice, eu bem que te disse, que amar é tolice, é bobagem, é ilusão”.
– Falo sério, meu chapa. Doralice parece mulata do Lan, tu manja? Sorriso lindo, todos os dentes na boca, peitinhos de amora, coxas de italiana, balaio grande...
Estava musicalmente inspirado, atropelei novamente:
“Mexia um balaio grande, muito mais macio que o boto cor-de-rosa do Custeau”.
– E como é que tu sabes?
– Isso é de outro samba. Fala mais de Doralice.
– Conheci domingo, no desfile da Mangueira.
– Como diria o grande Wilson das Neves, “ô, sorte!”.
– E perdi ontem, no embalo da Mocidade.
Adoro essas histórias, desde menino. Vivia pedindo para minha mãe recontar o drama de um corno amigo, que se ajoelhou diante da infiel, aos prantos: “Volta, amor. E traz quem tu quiser contigo”. Quis saber como é que foi:
– Como ganhei ou como perdi?
– As duas. O importante é competir.
O folião não regateou:
– Ganhei de um sambista desatento, que marcou bobeira. E perdi para uma loura de cinema, que encostou no meu patrimônio, como quem não quer nada, e prometeu vaga de rainha de bateria pro ano que vem.
– E Doralice?
– Foi. A essa altura, já deve estar ensaiando com a louraça.


quinta-feira, 3 de março de 2011

Cineas Santos - Entrudos e Bandeiras

Não lembro com exatidão quando a palavra carnaval incorporou-se ao meu magro universo vocabular. Lembro apenas que, por muito tempo, para mim, carnaval não passava de sinônimo de pecado, “pecado mortal”, para ser mais exato. É que os padres espanhóis (alguns franquistas) que me catequizaram eram extremamente severos: “Uma festa que celebra os prazeres da carne só pode ser a porta de entrada para o reino das trevas”, bradavam eles em intermináveis sermões antes do chamado “tríduo momesco”. Um deles – baixinho, gordinho – descrevia o tal reino com uma riqueza de detalhes de matar de inveja o velho Dante. Sempre suspeitei que o tal padreco conhecesse o lugar. Mas isso já é outra história. O certo é que, um pouco por temor e um bocado por timidez, procurei manter prudente distância do portal do inferno.

Eis que, no inicio da década de sessenta, apareceram na terrinha (S. R. Nonato) três rapazes que estudavam na capital. Alegres, extrovertidos, em pouco tempo, conquistaram a cidade inteira. Foram eles que me convenceram a participar de uma matinê numa terça-feira de carnaval. Por falta de algo melhor, lancei mão de um lenço vermelho, lambuzei a cara com carvão de fundo de panela e, adequadamente fantasiado de otário, caí na gandaia. À época, (não sei se devo confessar) eu já andava perdidamente apaixonado por uma fulaninha que borboleteava pelos céus de minha vida. Com um pouco de sorte, eu poderia vê-la de perto, o que de fato aconteceria.
Embalado pelos sons das marchinhas, esqueci a advertência dos padres e comecei a acreditar que valia a pena entrar no reino das trevas por uma porta tão agradável. Lá pelas tantas, um dos novos amigos me passou um lenço embebido de lança-perfume, que eu não conhecia, e me mandou aspirar. Peguei pesado e, literalmente, apaguei. Quando voltei à tona, todos riam de mim, e a fulaninha tinha-se escafedido (é este o verso) com um garoto sarará, que brincava fantasiado de Zorro. Um mês depois, o tal sararazinho foi encontrado morto, mas juro que não tive nada a ver com o fato.

Pierrô desconsolado, declarei guerra ao carnaval, aos entorpecentes e, principalmente, aos mascarados em geral. A partir daquele dia, sempre que alguém fala de folia, saco da memória os versos: “Tire o seu sorriso do caminho, / que eu quero passar com a minha dor” e desapareço na penumbra. Assim tem sido.

Na semana passada, estava eu banzando em local sossegado, quando me aparece o Zé Elias Arêa Leão, com aquela cara alegre de menino velho que teima em não crescer. De supetão, me pergunta: “Como era mesmo a roupa do Pero Vaz de Caminha?” Não me contive: “Qual é, Zé Elias?! Eu joguei futebol foi com Tomé de Sousa; do Caminha só conheço a Carta, ou melhor aquela parte da Carta que fala das “vergonhas saradinhas” das índias brasileiras”. Gargalhada geral.

Na véspera do carnaval, o Elias me procura para exibir a indumentária do Caminha, devidamente recriada por Joselito, com direito a mangas bufantes e tudo mais. Alegre como um escafandrista que acabara de encontrar a taça do rei Tule, Zé Elias aquecia as turbinas para desfilar na avenida, travestido, digo, fantasiado de escrivão-mor da Esquadra de Cabral. Ao vê-lo partir, assobiando o hit “Erguei as mãos”, do Pe. Marcelo Rossi, não pude deixar de sentir uma pontinha de inveja. Para disfarçar, estilei veneno: esse aí, com certeza, nunca perdeu a namorada no carnaval.


domingo, 27 de fevereiro de 2011

Por que não paras, relógio?



            E se o Tempo não tivesse existido e as horas fossem uma montanha gigantesca de relógios quebrados e de ponteiros empilhados pela Eternidade? Com as horas paradas, ainda seríamos trogloditas e estaríamos poupados de certos vexames televisivos, tipo BBB, Fama, Gugu e Ratinho.

            A Idade Moderna surgiu do lampejo visionário dos alquimistas que procuravam a luz no fim do túnel para iluminar a escuridão cavernosa da Era Medieval. Descobriram o querosene de avião e ficaram sem saber o que fazer com aquele líquido volátil e mais viscoso que a água, até que um alquimista mais inteligente inventou a pólvora, e outro - mais inteligente ainda - colocou um pouco da pólvora na ponta de um graveto e um outro, superinteligente para os padrões intelectuais da época, que havia inventado uma espécie de sapato, resolveu pegar o graveto com a pólvora e friccionar na sola do sapato para tirar um cocô de tiranossauro rex encravado entre a sola e o salto. A pólvora acendeu no atrito com a sola do sapato e o superalquimista, assustado com o fogaréu, jogou o graveto longe, como se se livrasse de uma cobra. O graveto flamejante caiu no barril de querosene de avião e explodiu o barril, espalhando fogo pela floresta de Neanderthal, ocasionando a primeira queimada da História provocada pelo homem.

Em outra caverna longe desses acontecimentos, outro alquimista inventou o cigarro, porém esbarrou em um obstáculo tamanho família: não havia fogo disponível e ele só podia acender o cigarro quando a tempestade incendiasse a mata. Sabendo do ocorrido, viajou para Neanderthal à procura do fogo para acender o seu cigarro.  Assim, de um acaso, foi acesa a chama que iluminaria a Idade Moderna e acenderia o cigarro de muitos viciados. O único inconveniente naquela época era que, além do incômodo de se levar o graveto com pólvora numa ponta, também era preciso carregar um tambor com querosene de avião em u’a mão e o alquimista inventor do sapato na outra.

Somente depois da invenção do bolso foi que se inventou a caixa de fósforos.

            Ah! Se as horas parassem no tempo e no espaço como um monte de ponteiros emperrados em suas engrenagens, estaríamos ainda    tomando banho de cuia, comendo frutas e animais silvestres, fazendo nossas necessidades fisiológicas na mata, transando sexo numa boa num moitel, e Tiririca não seria o candidato a deputado federal mais votado, levando de lambuja uma vaga na Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados.

            Por que não paras, relógio? Não vês essa gente perplexa? 



sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Cineas Santos - Da inutilidade do fazer

Na semana passada, fui procurado por uma bela jornalista que me pediu uma entrevista, tendo como foco a questão editorial no Piauí. Proseamos um pouco e, para encerrar a conversa, a jovem me perguntou: Que diferença o senhor apontaria entre o panorama editorial hoje e a época em que se iniciaram suas atividades como editor? Respirei fundo, oxigenei os dois neurônios que me restam e, desencantado, respondi: Mudou muito, minha jovem, para que tudo continuasse igual. Ante o espanto da cidadã, expliquei: quando comecei a publicar os autores piauienses, em meados da década de 70, não havia livros nem leitores. Hoje, temos centenas de livros editados, e o número de leitores continua o mesmo. Como não existe literatura sem leitores, estamos exatamente na estaca zero.

Seria ótimo se fosse apenas força de expressão. Não é. Quando iniciei minha carreira (melhor seria chouto) de professor, praticamente não existiam textos de autores piauienses disponíveis na praça. Havia uma pequena antologia poética – Caminheiros da Sensibilidade – organizada por J. Miguel de Matos, e dois romances do O. G. Rego de Carvalho: Ulisses entre o amor e a morte e Somos todos inocentes, ambos editados pela Civilização Brasileira, no Rio de Janeiro. Dependendo do humor do livreiro Antônio Nobre, proprietário da DILERTEC, era possível encontrar Beira rio beira vida, de Assis Brasil. Nada além. Ásperos tempos.

Eu poderia simplesmente ter imitado meus colegas de geração, que não ensinavam literatura piauiense por “falta de material didático”. Por minha conta e risco, criei uma editora de fundo de quintal, com um nome pomposo: Editora Nossa. Com a cumplicidade do jovem poeta Paulo Machado, editei em 1976 a coletânea Ciranda, contendo textos de seis poetas piauienses: Chico Miguel de Moura, Hardi Filho, Dodó Macedo, Domingos Bezerra, João de Lima e Paulo Machado. Edição mimeografada com a capa colada com grude. 

Professor em todos os cursinhos de Teresina, não tive dificuldade para vender os livrinhos. Ao longo desses anos, editei todos os escritores piauienses de expressão, de Da Costa e Silva a Elias Paz e Silva. Ao todo, publiquei mais de 100 títulos. Raimundo Nonato Monteiro de Santana não fez menos: com a minha modesta colaboração, editou 92 livros, de Odilon Nunes a Padre Chaves. Kenard Kruel vem publicando livros há bastante tempo. Sabe o que aconteceu? Nada.
O ensino da literatura piauiense tornou-se “obrigatório” nas escolas públicas e privadas do Estado (Art. 226 – Constituição do Piauí). Letra morta. O que os estudantes leem, ou melhor, devoram no período dos vestibulares são os nefastos “resumos” das obras literárias que figuram nos programas. Há uma verdadeira indústria capitaneada por vendedores de bizus, melhor seria: mercadores de alienação.
Terminei a entrevista com uma aula de desencanto: Minha jovem, sem a minha contribuição, a literatura piauiense teria o tamanho que sempre teve. E mais não me foi perguntado.


quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Edna Lopes - Amar se aprende amando*

No retorno ao trabalho reencontrei uma colega que me pediu para conversarmos um pouco sobre o trabalho que a mesma realiza com adolescentes sobre orientação afetivo-sexual. Os problemas se repetem ano a ano: meninos e meninas com os hormônios em ebulição e a comunidade escolar despreparada para lidar com isso.

Comentamos principalmente como tem sido difícil lidar com a questão. Aparentemente a modernidade parece que já deu conta disso, pois bem ou mal a mídia tem ocupado o lugar dos pais e da escola em relação à educação das relações de convívio. 

Em minha opinião de mãe, educadora e mulher, ocupado mal, pois apenas despeja sem reflexão nenhuma algumas questões ligadas ao exercício da sexualidade. A informação é fundamental, mas não determinante para que meninos e meninas compreendam e, no tempo certo, possam viver sua sexualidade de forma saudável e responsável.

Da minha experiência como Coordenadora Pedagógica lembro o quanto os professores alegavam dificuldades para trabalhar determinadas questões em sala de aula, principalmente os conflitos que ali surgiam. Lembro que, salvo exceções, lidei com professores (as) constrangidos (as), sem habilidade para abordar os assuntos e na maioria das vezes, desinformados (as), preconceituosos (as).

Além das informações básicas é preciso, principalmente, superar o preconceito para abordar questões que podem ser embaraçosas, num primeiro momento, mas absolutamente necessárias para que pais e educadores exerçam, responsavelmente, seu papel.

Um problema que tem se agravado é o da Gravidez na Adolescência embora as campanhas para orientar o uso de preservativos (e até a distribuição gratuita) sejam constantes, mas para um trabalho realmente educativo, não basta apenas orientar o uso nem fornecer o preservativo. Orientar para o exercício da sexualidade com responsabilidade exige uma consciência das consequências de todos os atos que a envolvem.

Vejamos esses dados:

* No Brasil, 28% dos Partos do SUS ocorrem em garotas entre 10 - 19 anos. Isto significa que a cada 100 bebês que nascem em nosso país, 28 são filhos de mães adolescentes.
* Evasão Escolar - 25% das meninas entre 15 e 17 anos que deixa a escola fazem isso por causa da gravidez.
* Aumento da Pobreza- A Escolaridade da mulher é um fator relevante na avaliação do índice de desenvolvimento humano de uma população. Fonte: http://www.kaplan.org.br

Talvez esses argumentos não sejam suficientes para que todas as escolas se empenhem nessa tarefa, colocando nos seus projetos pedagógicos e nos currículos, estratégias para abordar uma questão tão séria e preocupante, entretanto é dever de pais e mães e todos os (as) educadores (as) fazerem sua parte, exigindo das mesmas que esse trabalho se inicie o quanto antes, lembrando que as dimensões do Cuidar e do Educar não são restritas a Educação Infantil, mas diz respeito a toda Educação Básica.

Amar se aprende amando, diz o poeta. Viver uma sexualidade saudável e responsável também se aprende na escola e na vida, mas é preciso mais que hormônios em ebulição para exercê-la. É preciso informação, disposição, saúde, sensibilidade para se entender/conhecer e entender/conhecer o outro. É preciso sobretudo seriedade e um olhar verdadeiramente humano e sensível para o que realmente importa.

*Amar se Aprende Amando é o penúltimo livro do poeta Carlos Drummond de Andrade publicado em vida, e que traz cerca de 70 poemas.

Resumo do livro:
Há de tudo neste desconcertante e caliente "mafuá" que agora se lê sob o título de Amar se Aprende Amando, no qual se colhem de imediato duas raras lições: uma primeira, de ousada simplicidade e que se dá logo à tona de seu enunciado, onde o autor permite a audácia de reunir três verbos, cada um deles em voz distinta; e uma outra, mais funda e talvez difícil, que nos ensina essa prática (tão trivial não fosse hoje absurdamente anacrônica) cuja eficácia reside apenas na elementar e irretorquível verdade de que só se aprende mesmo fazendo. http://www.coladaweb.com


segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Cineas Santos - Da arte de aborrecer estagiárias

Às vezes, tenho a impressão de que os editores de jornais adoram humilhar estagiários ou focas, como se dizia antigamente. Incumbem os infelizes das tarefas mais esdrúxulas. Deve fazer parte da pedagogia do sofrimento. Um exemplo: no último final de semana, fui procurado por uma jovem (com idade para ser minha neta) repórter que me pediu uma entrevista. Depois de todas as obviedades e sandices que venho repetindo há séculos, não sei que “novidade” poderiam arrancar de mim. Preparei-me para o de sempre. A moça, armada com um minúsculo gravador, perguntou timidamente: O que o senhor faria se acertasse ,sozinho, os números da Mega-Sena? Respondi de bate-pronto: faria todas as besteiras que venho fazendo ao longo da vida e mais algumas, bem sinistras. Desapontada, a cidadã me olhou como se dissesse: “tenha piedade”. Apelei para a filosofice: senhorita, a verdadeira vocação do ser humano é bobagem. Por sorte, somos obrigados a trabalhar, o que nos impede de passar o dia inteiro pensando e fazendo besteiras. 

Contrafeita, a repórter arriscou: Como assim? Tentei ser o mais didático possível: filha, basta ler as revistas de fofocas para perceber quantas besteiras os ricos fazem num dia. A razão é simples: como não precisam ralar para ganhar a vida, sobra-lhes tempo para o exercício da bobagem em tempo integral. Percebi que a jovem não estava satisfeita com o rumo da prosa. Parti para os exemplos: não faz muito tempo, morreu uma milionária inglesa. Sabe para quem ela deixou toda a fabulosa fortuna que acumulou? Não sabe? Para uma cadelinha poodle. Até hoje, ninguém sabe se a cachorrinha milionário gastou a grana toda com salmão ou se a distribuiu com os vira-latas de Londres. Visivelmente decepcionada, a estagiária esboçou um sorriso incrédulo. Voltei à carga: moça, você já ouviu falar de um artista plástico chamado Demien Hirst? Naturalmente, não. Eu explico: trata-se de um inglês espertalhão que faz fortuna produzindo e vendendo “esculturas” bizarras para milionários excêntricos. São caveiras cravejadas de diamantes; tubarões conservados em formol e coisas menos nobres. Veja o último golpe dele: vendeu pela bagatela de 18,6 milhões de dólares um bezerro empalhado, com cascos e chifres de ouro. Uma peça kitsch, brega mesmo, para ser mais claro. Um milionário a comprou e saiu feliz da vida. 

Pelo ar que fez, percebi que a paciência da candidata a jornalista esgotara-se. Talvez ela esperasse algo mais consequente, edificante. Uma resposta do tipo: fundaria uma instituição para cuidar de crianças carentes, ou construiria um belo museu, etc. Resolvi assoberbar de vez: anote aí, moça: se eu acertasse sozinho os números da Mega-Sena, fundaria uma igreja – Igreja Universal dos Anjos Decaídos da Primeira Hora - com sede em Miami. Abriria sucursais na Ásia, África e América Latina e, a exemplo dos espertalhões que obram milagres em cultos televisionados, triplicaria a minha fortuna enganando os desenganados, como diria o poeta Dobal. Sem se despedir, a jovem foi procurar alguém menos frívolo. Aprender dói!




sábado, 19 de fevereiro de 2011

Do Presidente da Repúblia ao Pernas-Tortas

Era uma manhã de sábado e a garotada jogava bola de gude no meio da rua. Cada um dos garotos segurava uma lata de leite em pó, onde guardava seu estoque de bolas. No final da brincadeira algumas latas sairiam mais pesadas e outras mais leves. Como sempre, os patos pagariam o pato. De repente um barulho ensurdecedor rompeu o bate-boca da molecada e um monstro de ferro sobrevoou em voo rasante, espalhando as bolas de gude no chão, deixando todos parados extáticos com o tamanho do pássaro de ferro voador. 

– É o pavão misterioso – gritou Cacique, o mais novo da turma. O apelido se devia à sua mania de se vestir feito índio. Andava apenas de cueca.
– É um teco-teco! – arremeteu Dito.
– É um “helicope” – corrigiu Carlinhos, o mais velho e o mais sabido da turma – E parece que vai descer no campo de bola... Ei, devolva minhas gudes, Dito! – Dito havia se aproveitado da distração da turma para recolher as bolas de gude espalhadas pelo vento e colocar todas em sua lata.  
– Ladrão de gude! – gritou Iridilton, irmão de Dito.

Os dois se engalfinharam em briga de moleque de rua, conforme diziam as mamães zelosas do comportamento dos filhos. Hélio, o irmão mais velho, apareceu e arrastou os dois pelas orelhas para dentro de casa. 

Todos correram para o campo de bola. Uma multidão também corria para ver a novidade. Quando finalmente as hélices do helicóptero pararam, a polícia formou um círculo ao redor. O prefeito e o delegado se aproximaram. Parecia que eles já sabiam da chegada do visitante ruidoso. A porta do helicóptero se abriu e desceu um senhor bem vestido, simpático, sorridente, rodeado de homens sisudos e de terno preto. Primeiro o homem simpático abraçou o prefeito. Depois acenou para o delegado. Chegou mais polícia e fez um cordão de isolamento. Ninguém mais poderia se aproximar do ilustre visitante. A multidão se indagava curiosa:

– Quem é ele? Ele é quem? Que avião esquisito é esse?

Um funcionário graduado da Prefeitura se aproximou do povo se dando a devida importância que o momento requeria. Falou com todos os efes e erres conforme manda o manual de funcionário graduado:

– Ele é o Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco que veio a Alagoinhas pra trazer o progresso.
– E quem é esse tal de Marechal Castelo Branco? – perguntou alguém no meio da multidão.
– Tá doido de fazer uma pergunta dessa, cara?! Tá querendo ser preso como subversivo e apanhar mais que mala velha?! Este é o glorioso general presidente da república – respondeu o funcionário graduado da Prefeitura. E mais não disse, virando as costas para a massa ignara, certamente se achando o próprio sábio chinês.


Segunda-feira, na escola, os alunos que disseram ter visto o Presidente e que puderam comprovar, receberam cinco pontos em todas as matérias. 

Isso sim, é que era um presidente porreta! 

A minha prova cabal foi uma bandeirinha do Brasil que estava sendo distribuída para o povo agitar na passagem do Marechal. Dito e Iridirton ficaram em casa de castigo no sábado e não ganharam os pontos extras. 

Meses depois tivemos que decorar outro nome de presidente. Sem pontos extras nas matérias. 

Em 1971 tivemos o resultado concreto da visita do Marechal Castelo Branco naquela manhã tranquila como eram tranquilas todas as manhãs de Alagoinhas: um estádio de futebol que não devia nenhum favor aos estádios de interior do Brasil. Fora construído no mesmo campo que serviu de heliporto para o marechal-presidente e recebeu o nome de Estádio Municipal Antônio Carneiro, prefeito idealizador e executor da obra.

O Estádio Antônio Carneiro, mais conhecido como Carneirão, foi inaugurado no dia 24 de janeiro de 1971 com um jogo amistoso entre Bahia e Corinthians Paulista. Nesse mesmo ano o Atlético de Alagoinhas, clube criado em 1970, entrou para o campeonato baiano graças à intervenção do Governador Luiz Viana Filho na Federação Baiana de Futebol. 

Até então o Fluminense de Feira de Santana reinava absoluto no futebol do interior baiano e era um dos mais destacados pela imprensa esportiva. E foi justamente o Fluminense o primeiro time do interior a pisar no gramado do Carneirão em jogo amistoso contra o Atlético de Alagoinhas, que também estreava o gramado do estádio. O Atlético ganhou de 1 a 0.  Esse placar repercutiu no noticiário esportivo e despertou a fúria dos feirenses, acostumados a reinar absolutos. Com o bom desempenho do Atlético no ano de sua estreia, os ânimos entre as torcidas se acirraram e culminou numa batalha campal noutro jogo, desta vez pelo campeonato baiano de 1972, em Feira de Santana. Os jogadores e os torcedores do Atlético que foram ao Estádio Joia da Princesa, além das costelas e pernas quebradas pela torcida do Fluminense, tiveram seus carros depredados. No jogo de volta, em Alagoinhas, a torcida e o time do Fluminense foram recebidos com flores.

Mas por que escrevo sobre um fato que pouco diz respeito aos meus três leitores? É porque, na crônica abaixo, Luís Pimentel relembra o dia que Garrincha foi a Feira de Santana mendigar sobrevivência e isso aflorou as minhas lembranças da infância e adolescência. Mané Garrincha também jogou em Alagoinhas, em jogo caça-esmola, mas não na excursão do Flamengo. Foi um jogo amistoso do Atlético contra o Santos, e Garrincha vestiu a camisa do Atlético. O Santos ganhou de 2 a 0, mesmo assim os atleticanos não se sentiram derrotados, pelo contrário, ficaram maravilhados com a partida. O time paulista levou o time titular e, mesmo cambaleante, o pernas-tortas deu um show de bola. 

Depois desse jogo a camisa 7 do Atlético foi merecidamente aposentada em homenagem e respeito àquele homem que cobriu o Brasil de orgulho. 




quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Luís Pimentel - Um homem chamado Mané

Eu era menino e vendia laranja na porta do Estádio Municipal Jóia da Princesa, em Feira de Santana, quando vi um Deus bem de pertinho. Em um domingo, o Clube de Regatas Flamengo chegou por lá, em meio a uma excursão que fazia pelo Nordeste, exibindo, além da mística do manto sagrado, um mito do futebol brasileiro: Mané Garrincha encerrava a carreira em melancólicos jogos de exibição.

Ao vê-lo descer do ônibus na porta do estádio, abandonei o cesto de laranjas e me dependurei na mão do anjo das pernas tortas, que caminhou devagarinho ao meu lado até o portão de entrada dos atletas. Despediu-se de mim e de outros meninos que o cercavam com um sorriso que jamais esqueci.

Tive ali meus cinco ou seis minutos de glória.

Chamava-se Manuel Francisco dos Santos, nascido na cidade de Pau Grande, estado do Rio de Janeiro, no dia 28 de outubro de 1933. Ganhou o apelido ainda bem pequeno, da irmã mais nova, porque era miudinho e arisco como o pássaro Garrincha. Sabe-se também que, quando menino, adorava caçar passarinho. Não escapavam os coleiros, nem as rolinhas, sabiás, cardeais, canários, bem-te-vis, zabelês, juritis e, por que não?, garrinchas. Dizem que mais tarde veio a justificar o apelido dentro de campo, pela maneira engraçada com que passava “voando” pelos marcadores, que por mais que o caçassem jamais conseguiam colocá-lo na gaiola.

Começou a correr atrás de bola ainda menino, beirando os quatorze anos, no Esporte Clube Pau Grande – pertencente ao dono da fábrica de tecidos onde tentava aprender a ser tecelão. Não conseguiu, ainda bem. E atrás da bola, com suas pernas tortas, tronchas e arqueadas, uma para dentro e outra para fora, correu por muitos anos.

Atrás da bola e às vezes na frente, diante de zagueiros – e às vezes atrás – de todos os tamanhos e todas as nacionalidades, passou boa parte de sua vida. Jogou três copas do mundo, ganhando duas. Conquistou inúmeros títulos estaduais com a camisa alvinegra do Botafogo, vestiu a camisa rubro-negra do Flamengo no final da carreira, em jogos de exibição, e se perdeu no campo da vida quando a bola deixou de correr à sua frente.

Carregou até o fim dos dias a fama de reprodutor indomável. E teve 13 filhos, com três mulheres diferentes (uma delas, a famosa cantora Elza Soares). Triste, solitário, infeliz e quase sempre embriagado, viveu seus últimos anos entre consultórios médicos, clínicas de desintoxicação e até hospitais psiquiátricos. O fígado e o coração resistiram até o dia 20 de janeiro de 1983. Tinha 49 anos de idade.




terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Edna Lopes - Pétalas, Uma antologia de bolso de Cineas Santos

De Pétalas - Cineas Santos


Nos primeiros dias das férias, em Salvador, o presente chegou pelas mãos da bela piauiense Lívia, namorada do nosso sobrinho e dono da casa que nos hospedava. O dono do mimo não sabia onde “andava” os óculos e lá fui eu ajudar a procurar. Bem depois entrei no quarto e perguntei “é bom” e a resposta foi “É”. Guardei a resposta. Ela me seria útil para a escolha de companheiros de viagem em mais alguns dias.
Mala pronta, coloquei o livro na bolsa e durante os cinco dias da viagem li-o umas quatro vezes. Li, sofregamente, no vôo, ouvindo bossa nova com o fone nas alturas e as lágrimas escorrendo, para espanto e consternação dos passageiros do lado. Certamente chorar e rir, sozinha, sem um motivo aparente deve ser uma cena que causa curiosidade a qualquer pessoa. Mas li também aleatoriamente, nas filas intermináveis para o almoço ou jantar durante o congresso da CNTE e, religiosamente, a cada vez que me enfiava nas cobertas no quarto do hotel, nesse meu começo de ano, em Brasília.

Leio Cineas Santos desde a primeira postagem neste blog, onde, semanalmente, nos presenteia com um texto. Presente para quem se fez seu leitor, pois é um excelente cronista, nos emociona às lágrimas na mesma proporção que nos faz rir, com seus textos impecáveis, com seu olhar poético, bem humorado e lindamente humano, fotografando o cotidiano.
Ler Pétalas do poeta Cineas foi como tomar um gole de água pura e fresca num meio dia de calor escaldante. Pequenos grandes poemas se espraiaram aos meus olhos ávidos, sedentos por lamber o mel do amor que escorria em cada um deles, mesmo os mais tristonhos, os mais saudosos.

Perdão, amor:
Na pressa de fruir-te inteira,
Fruto mil vezes proibido
Eu não te disse:
O melhor de mim não se mostra. (Bilhete II)
(...)

Deixa que eu te habite
Antes que o galo cante
E por três vezes me negues
E, para sempre, eu te renegue. (Habitar-te)
(...) 

Faz frio na terra do nunca
E a menina pede pouco
Colo, sopa, pão...
Presa na tela
ela sempre será a mesma:
Triste, solitária, eterna
Com sua fome de infância. (Sempre)

Pétalas é um livro excepcional, daqueles que parecem ser produzidos para presentear, encantar, pois exala um raro perfume: a beleza da alma de um homem comprometido desde sempre com a palavra, seus mistérios e encantos.
Cada escrito que li de Cineas, prima pela qualidade, pela coerência e sabedoria de alguém que olha a vida com a ternura e a leveza que só a poesia produz. Vale destacar, ainda, que as Pétalas de Cineas publicadas nessa despretensiosa “antologia de bolso” vêm de outros canteiros. Estão espalhadas por aí em outros livros de sua lavra e como ele bem disse em uma de suas crônicas “... em Teresina, até as pedras sabem que não respiro bem sem a minha cotidiana ração de poesia” eu cá fico torcendo para mais e mais e sempre dessa “ração” de beleza e sensibilidade.

Cineas por ele mesmo
Um pouco sobre mim

Cineas das Chagas Santos nasceu em Campo Formoso, município de Caracol (PI), em setembro de 48. Vive em Teresina desde 65. Professor, editor e livreiro, fundou, com alguns companheiros de geração, o jornal alternativo “Chapada do Corisco” (76/77). É proprietário da Oficina da Palavra e coordena o grupo A Cara Alegre do Piauí. Publicou: Miudezas em Geral (poesia); Tinha que Acontecer (contos); ABC da Ecologia (cordel); Aldeia Grande (humor) e o Menino que Descobriu as Palavras (infantil).
http://www.portalsrn.com.br/cineas_santos28.htm

O livro:
Pétalas / Cineas Santos.Teresina: Oficina da Palavra, 2010.

Nota do blog: do Cineas Santos recebi a informação de onde onde as cobras dormem...
 
Meu irmão:
O livrinho é encontrável na TOCCATA DISCOS - Rua Angélica -1467  (cep:  64049-280) Teresina (PI). Endereço eletrõnico: toccatadiscos@yahoo.com.br. Fone (86)323-2151. O livrinho é barato que nem bolo frito em fim de feira : 12 reais. Grande abraço do Ancião






domingo, 13 de fevereiro de 2011

Atenda o chamado, irmão!


“Jesus vai voltar”
Pichadores de Cristo nos muros das cidades.

Dizem que abrir uma igreja, seja lá a que deus vá servir, é mais fácil do que abrir um botequim. Deve ser. Durante a minha viagem de férias, em janeiro, visitei mais de três dezenas de cidades, de Maceió a Santa Cruz de Cabrália, e nessas andanças vi mais igrejas do que botecos, algumas humildes, outras, verdadeiros monumentos baseados na arquitetura do Império Romano, como é o caso de certo templo a um passo de um shopping de Salvador. 

Os nomes, a maioria, incompreensíveis, talvez para facilitar na engabelação da fé dos crentes e tementes a Deus, seriam cômicos se não se tratasse de se enganar a gente humilde. Como sou um descrente em religião, fico a matutar o que vem a ser uma “Igreja a Serpente de Moisés, a que Engoliu as Outras” [RJ] ou “Igreja Evangélica Pentecostal Cuspe de Cristo” [SP]. Em Belém do Pará os pastores apelaram para a ignorância geográfica dos fiéis e tascaram o nome da igreja como “Jesus Nasceu em Belém”. Em Londrina, Paraná, o grupo GLBT não pode reclamar da perseguição urdida pelas religiões tradicionais. Foi fundada a igreja alternativa “Igreja Evangélica Florzinha de Jesus”. No mesmo caminho seguem os cariocas, com a “Igreja do Ministério Favos de Mel”. Em João Pessoa, capital da Paraíba, os pastores se superaram ao fundar a “Igreja Evangélica Assembleia dos Primogênitos”.

Conheço um cidadão, em Salvador, que ralou a vida inteira consertando fogão e geladeira e nunca conseguiu se aprumar na vida. Morava num bairro classe média baixa, andava de utilitário de segunda mão e os filhos estudavam em escola pública. Um dia resolveu fazer curso de pastor por correspondência, fundou uma igreja e um ano depois comprou apartamento de cobertura num bairro chique e passou a andar em carro importado. A última vez que o encontrei, era dono de três igrejas, vários carros do ano na garagem e ele, a mulher e os filhos andavam, cada um, com seu próprio motorista devidamente engravatado.

A igreja católica, que converteu seus fiéis a ferro e fogo, hoje também virou um balcão de negócios e por lá se vê padres negociando a fé tão descaradamente que chegou ao ponto de cobrar para colocar o nome do cristão em suas orações. Se você não sabe rezar ou tem preguiça de fazê-lo, não precisa se preocupar: mediante uma determinada quantia os padres rezam por você. Se você é cético e descrê do que digo, sintonize algumas emissoras de TV e verá os mercadores da fé em ação. Há programas que são verdadeiras máquinas de fazer dinheiro com as promessas de se realizar milagres. Só falta agora vender indulgências, porque já está faltando madeira pra se vender como “pedaço da Cruz de Caravaca”, que, por sinal, era feita de ouro, mas os incautos não sabem disso, e começa a faltar água em alguns rios onde se engarrafa a “água santa do Rio Jordão onde Cristo foi batizado”. Na Igreja do Bonfim, além das fitinhas com a medida do pé do Senhor do Bonfim, a igreja descobriu um filão de ouro: vender água benta engarrafada. 

Contudo nem tudo é pilantragem ou negociata da fé nas igrejas. Ao menos na ficção. Em Girassol, cidade em projeto, cujas operadoras de celular funcionam às mil maravilhas, tem um padre bonzinho, que cuida de muitas crianças e nunca foi acusado de pedofilia, apesar de ter um poderoso fazendeiro e o delegado como seus ferrenhos inimigos. O padre de Saramandaia era bonzinho. O de Sucupira e Asa Branca também. Porém, se depois de ler esta crônica você, leitor, se sentir angustiado, com gosto de sabão na boca e sem saber que rumo tomar, não se desespere porque certamente foram forças esotéricas que o guiaram até este blog para saber das boas novas: chegou a Igreja Desenvangélica Ingericana, a que libertará o homem dos grilhões dogmáticos e devolverá aquilo que lhe foi tirado pelas religiões: o livre arbítrio. 

Portanto, se a sua falta de fé lhe angustia ou se a fé excessiva lhe causa prejuízo, entre agora mesmo para a Igreja Desenvangélica Ingericana e sinta a plenitude cósmica em viagem transcendental ao encontro da Verdade sem a histeria coletiva dos trezentos e vinte e cinco pastores. Sua contribuição financeira será apenas um pequeno financiamento para a vinda de Cristo, pois, como é sabido de todos, Ele está voltando de ônibus intergaláctico e precisa de dinheiro para o bilhete de passagem.

Aleluia, irmão!